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Saúde mental dos jovens: projeto integrado do Hospital VFX permite «apoio no imediato»

O início do próximo ano letivo ficará marcado pelo lançamento de um projeto na área da Saúde Mental vocacionado para os adolescentes da área de influência do Hospital Vila Franca de Xira. Maria João Carnot, diretora do Serviço de Psiquiatria do HVFX, garante que a iniciativa “está muito bem delineada”.

O projeto mobiliza, segundo Maria João Carnot, psicólogos e pedopsiquiatras do seu Serviço, psicólogos do ACES Estuário do Tejo e das próprias câmaras. Denominado “Espaço Aberto”, trata-se de “um projeto de saúde mental vocacionado para a adolescência”.


Maria João Carnot

A ideia foi lançada pela Equipa de Pedopsiquiatria do HVFX, sob coordenação de Maria Moura, com todo o apoio do hospital e imediatamente abraçada por um conjunto de instituições da comunidade. Assenta numa plataforma digital que pretende disponibilizar informação segmentada: “Eu sou um pai de um jovem com…”, “Eu sou um professor de um jovem com…” e “Eu sou um jovem com…”

O adolescente poderá, se assim o desejar, "aceder rapidamente a um técnico especializado de uma estrutura da sua comunidade que o apoie no imediato", atenuando questões relacionadas com o "receio de quebra de sigilo em relação aos pais/cuidadores".

Este projeto foi abordado nas Jornadas de Saúde organizadas em conjunto pelo HVFX e ACES Estuário do Tejo, juntando profissionais dos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira. Recentemente realizadas, já vão na sua 6.ª edição e este ano foram subordinadas ao tema da Saúde Mental.



Paula Rosa é diretora do Serviço de Pneumologia, mas foi na qualidade de responsável pela área da Formação Médica do HVFX que se envolveu na organização das Jornadas, desde as primeiras, realizadas em 2013, ano da inauguração do novo edifício do hospital.

Como faz questão em esclarecer, seis anos depois, o objetivo mantém-se: “O que nós pretendemos é melhorar continuamente a articulação entre o hospital e os cuidados de saúde primários, procurar que o doente seja bem orientado na sua transição da comunidade para o hospital e do hospital para a comunidade.”


Paula Rosa e Hugo Sousa

“Boa interligação” entre hospital e ACES Estuário do Tejo

O envolvimento do Agrupamento de Centros de Saúde Estuário do Tejo na realização das Jornadas é apenas mais uma prova da “boa interligação” que existe com o HVFX. Quem o garante é Hugo Sousa, vogal do Conselho Clínico e de Saúde daquele ACES.

“Embora trabalhemos de forma muito próxima, há sempre aspetos para conhecer e partilhar. Se soubermos o que o hospital tem para nos oferecer e se o hospital souber como pode chegar até nós, penso que o utente só vai beneficiar com isso”, considera.

O médico de família da USF Samora Correia aproveita para sublinhar a nova dinâmica que, neste âmbito, foi implementada a partir de 2013, desde que a atual gestão tomou posse.


Hugo Sousa

À afirmação de que as Jornadas “não são só para médicos e enfermeiros, pretendendo envolver toda a comunidade”, como sublinha Hugo Sousa, Paula Rosa acrescenta que “a ideia não é os especialistas hospitalares ensinarem alguma coisa aos médicos de Medicina Geral e Familiar, mas sim partilhar experiências”.

Entretanto, já se sabe que a Geriatria será o tema das Jornadas de 2020, devendo a primeira reunião de trabalho com vista à sua preparação acontecer ainda no decorrer deste mês de junho.

“Não podemos ‘psiquiatrizar’ todas as situações…”

Maria João Carnot também integrou a Comissão Organizadora das VI Jornadas de Saúde Hospital Vila Franca de Xira e ACES Estuário do Tejo e percebe-se facilmente porquê, tendo em conta que o tema de 2019 foi a Saúde Mental.

Entre os assuntos abordados não podia faltar a depressão, até porque “os casos que mais frequentemente aparecem referenciados pelos médicos de família são, claramente, as depressões”.

A diretora do Serviço de Psiquiatria do HVFX começa logo por deixar claro que “não devemos achar que tudo é depressão, não podemos ‘psiquiatrizar’ todas as situações em que as pessoas não estão bem com elas próprias, com a vida, com os acontecimentos com que têm de lidar no dia-a-dia”. Por outro lado, alerta, “há casos que, de facto, são depressões e acabam por não ser diagnosticados como tal”.


Hugo Sousa, Maria João Carnot e Paula Rosa

A psiquiatra reconhece que os médicos de MGF “já dão uma resposta muitíssimo grande a este tipo de problema e só nos enviam os casos mais graves de depressão, ou aqueles que não respondem bem à terapêutica”.

Tal como relativamente a esta patologia, também as alterações psiquiátricas no idoso justificaram a realização de um workshop durante as Jornadas. Desde logo porque, “numa pessoa idosa, determinadas situações clínicas originam alterações a variados níveis que aparentam ser de causa psiquiátrica, mas, na verdade, não o são”.

“A fragilidade do organismo do idoso faz com que certas alterações a nível físico provoquem alguns comportamentos que num indivíduo jovem não se verificam”, reforça a especialista.



Maria João Carnot coordena um grupo de trabalho que inclui outros seis psiquiatras e três médicos internos, que dão apoio à Urgência todos os dias úteis até às 20 horas e que asseguram igualmente a realização de consultas diárias. O Serviço tem internamento, hospital de dia e dispõe de uma equipa de Pedopsiquiatria.

Dirige a Psiquiatria do HVFX apenas desde julho de 2018, mas fez toda a sua carreira no Hospital Júlio de Matos e era o seu grupo que acompanhava a população de Vila Franca de Xira antes de existir o Serviço de Psiquiatria no novo hospital.

O facto de a população não ser homogénea, por ter as componentes urbana e rural, faz com que seja “algo mista em termos de psicopatologia, com quadros psiquiátricos diversos, o que oferece alguns desafios exatamente por isso”.

 

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