Jornal Médico 112 - abril 2023
“Aqui, os utentes apresentam doenças graves, importantes e limitativas, e o seu contexto sociocultural torna ainda mais desafiante o seu cuidado”, começa por referir Ana Nunes Barata, coordenadora da USF Águas Livres, alertando tratar-se da “maior ‘cidade’ cabo-verdiana em Portugal”.
A médica realça que, “fruto dos acordos de cooperação no âmbito da saúde entre os PALOP e Portugal, anualmente, são enviados muitos doentes com patologia grave para tratamento, o que leva a equipa a confrontar-se com doenças raras”. Sublinha mesmo que, “neste contexto, não podemos assumir a premissa de que um jovem de 20 anos é saudável.
Pelo contrário, precisamos de ter uma atitude mais proativa e atentar a todas as situações clínicas, pois, derivado de fatores genéticos e dos contextos socioculturais, é preciso avaliar a existência de patologias que, à partida, não seriam equacionadas, como a dislipidemia e doenças raras”.
Foram precisamente as diferenças associadas a esta população que levaram Ana Nunes Barata a querer trabalhar como especialista na Amadora. No entanto, é preciso que se diga que a esta USF recorre também um outro grupo populacional, de Alfragide, o que permite que a equipa se confronte com “utentes de diferentes estratos sociais – alguns com muitas dificuldades económicas e outros que se podem enquadrar na classe média-alta”.