Unidade de Doenças Autoimunes do CHULC assinala Dia Mundial da Esclerose Sistémica
A Unidade de Doenças Autoimunes do Hospital dos Capuchos vai reunir médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, técnicos de fisioterapia e doentes com o propósito de assinalar, no final do mês, o Dia Mundial da Esclerose Sistémica.
“A ideia surgiu durante a consulta ao verificar a satisfação de alguns doentes quando partilhavam as suas experiências e esclareciam dúvidas”, afirma João Oliveira, especialista de Medicina Interna e principal dinamizador pela iniciativa.
João Oliveira
Em declarações à Just News, o médico explica o que motiva a equipa a realizar mais uma ação "fora de portas", desta vez dirigida aos utentes: "O objetivo é assinalar este dia de forma positiva, para que os doentes fiquem com menos dúvidas e sintam menos insegurança quanto ao seu futuro".
Algumas das intervenções estarão relacionadas com os "cuidados a ter" com a pele, a boca e a alimentação, como lidar com esta patologia, sendo também abordada, por exemplo, a importância do exercício e dos tratamentos.
Além dos esclarecimentos prestados pelos profissionais, João Oliveira sublinha que "será também muito importante a partilha de experiências entre quem vive com esta doença".
A iniciativa, agendada para 29 de junho, realiza-se no Anfiteatro de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital Curry Cabral, que integra igualmente o Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central (CHULC).
Elementos da Unidade de Doenças Autoimunes do Hospital dos Capuchos
A esclerose sistémica é uma doença rara multissistémica, imunomediada do tecido conjuntivo que apresenta grandes comorbilidades e mortalidade. A doença difusa é tipicamente mais ativa nos primeiros anos e a grande maioria dos doentes apresenta complicações de órgão. Os mais afetados são as mulheres na 4.ª e 5.ª décadas de vida, tendo uma prevalência estimada em 1/25.000 adultos.
Iniciativa benéfica também para profissionais
De acordo com João Oliveira, os benefícios desta iniciativa estendem-se aos próprios profissionais. O médico está convicto que será um contributo para “melhor ultrapassar algumas dificuldades que sentimos em avaliar o impacto que esta doença, tão complexa e heterogénea, tem na vida das pessoas". Um impacto, sublinha, "tanto em termos funcionais como psicossociais".
Desta forma, e sempre com o propósito de "fazermos um acompanhamento mais holístico, aprenderemos a ´chegar` com maior facilidade e mais naturalmente aos nossos doentes”, afirma João Oliveira.
Doenças autoimunes: esclarecer doentes e formar profissionais
Sofia Pinheiro, coordenadora da Unidade de Doenças Autoimunes do Hospital dos Capuchos, está obviamente satisfeita com a iniciativa e garante que irão decorrer outras ações no futuro: “Queremos repetir para o ano, abordando outros temas, com diferentes atividades."
Sofia Pinheiro
A médica adianta que, além da esclerose sistémica, "estamos já a preparar, em conjunto com a Terapia Ocupacional do ACES Lisboa Central, um conjunto de formações e atividades para pessoas com doença osteoarticular, a decorrer durante um período de 12 semanas".
Simultaneamente, a equipa liderada por Sofia Pinheiro decidiu desenvolver um projeto formativo especificamente dirigido a profissionais dos cuidados de saúde primários. Especialistas da Unidade de Doenças Autoimunes deslocaram-se já este ano às unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP) da Lapa e da Alameda.
"Além da óbvia atualização de conhecimentos, cumpre um dos mais importantes objetivos iniciais: estreitar relações com profissionais dos cuidados primários e estabelecer contactos", refere Sofia Pinheiro.