Cepheid Talks

«Tratar a diabetes num hospital distrital pode ser um fator facilitador»

"Para tratar a diabetes não precisamos de estar num hospital central e universitário", afirma Mónica Reis, responsável pela Unidade Integrada de Diabetes do Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX).

De acordo com a especialista de Medicina Interna, "basta estarmos despertos para a doença e ter uma equipa multidisciplinar e, num hospital distrital, isso é possível".

Na sua opinião, "tal pode, inclusive, ser um fator facilitador, mesmo não tendo à disposição todas as especialidades". E porquê? "Porque estamos próximos uns dos outros, dos diferentes grupos profissionais e a própria proximidade da instituição ao doente também é um ponto positivo."



A médica, que está no HVFX há 11 anos, assegura mesmo que "é mais fácil falar com os colegas dos cuidados de saúde primários" e faz questão de sublinhar a ideia de que é possível prestar cuidados de excelência na área da diabetes em hospitais que não são centrais e universitários, dando, com satisfação, o exemplo da sua equipa.

"Temos uma equipa multidisciplinar, com 4 internistas dedicados à Consulta de Diabetes, Consulta de Enfermagem, enfermeiros especialistas nesta área no internamento, que sinalizam os doentes e que apostam na educação para a saúde", indica Mónica Reis.

E acrescenta: "Com a Cirurgia Geral, temos uma Consulta de Pé Diabético, e uma outra – de índole mais preventiva – de Enfermagem. A ligação às outras especialidades também é boa, nomeadamente à Oftalmologia. O grupo da Nutrição também está muito predisposto para esta patologia logo temos capacidade de gerir, em primeira linha, as principais necessidades do doente diabético."


Alguns dos elementos da Unidade Integrada da Diabetes

A equipa liderada por Mónica Reis integra a Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes (UCFD) do ACES Estuário do Tejo/HVFX e, na opinião da médica, o trabalho desenvolvido nesta estrutura tem sido positivo:

"A UCFD está bem e recomenda-se! Mantemos uma interligação com os CSP, com reuniões periódicas, e também uma outra, mais específica, para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, juntamente com as autarquias. Outra vantagem desta ligação é o facto de os médicos de Medicina Geral e Familiar mais novos terem passado pelo hospital na sua formação, o que facilita a proximidade."

Laços Ibéricos para "otimizar os cuidados aos doentes com diabetes"
 
Decorre esta semana em Vila Franca de Xira a Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM), um dos grupos de trabalho da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, e é precisamente Mónica Reis que preside à reunião. 

O evento acolhe este ano, pela primeira vez, o Simposium Ibérico de Medicina Interna/Diabetes, sendo esta "a grande novidade e um enorme desafio".


 
Este encontro de especialistas nacionais e espanhóis decorrerá no último dia da reunião, no sábado, sob o lema "Laços Ibéricos", e surge no seguimento de uma ligação "que já existe há algum tempo" ao Núcleo de Estudos da Diabetes da Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI) e que teve novos desenvolvimentos este ano:

"Em janeiro, desafiámos o Dr. Javier Carrasco, coordenador do Núcleo, e o Dr. Ricardo Gómez Huelgas, presidente do SEMI, a organizar e a participar no simposium. Prontamente aceitaram, sendo nosso objetivo comum caminhar para uma reunião mais alargada, tendo como cerne esta doença, que é uma preocupação comum na Península Ibérica – e não só, no mundo inteiro."

Mónica Reis adianta que a expectativa é elevada e que uma intensa partilha de experiências será benéfico para os dois países. "Vai ser muito interessante conhecer a realidade espanhola, para sabermos qual a dimensão da diabetes em termos concretos – não apenas em números -, assim como a forma como os profissionais e as instituições de saúde lidam com esta patologia."

Ajuda do grupo de internos, "que é muito ativo e proactivo"

A organização de um evento anual que reúne profissionais na área da diabetes de vários pontos do país obriga, necessariamente, a um dispêndio de tempo e energia, a que se soma a sobrecarga de trabalho própria dos serviços de Medicina Interna, conforme reconhece Mónica Reis:

"Aceitámos este desafio há 2 anos e, como habitual, tem havido muita ‘carolice’. Inevitavelmente que acabámos por ter de dedicar horas extra ao evento, face à carga de trabalho assistencial. Ajudou-nos bastante o grupo de internos, que é muito ativo e proactivo, assim como o Dr. Estevão de Pape, o coordenador do NEDM. Mas foi uma experiência muito gratificante."

Antes da sessão de encerramento da 14.ª Reunião Anual do NEDM realiza-se a Conferência Final, intitulada "Ciência e pseudoCiência", presidida por Mónica Reis e precisamente por Estevão de Pape, coordenador do NEDM. O tema será desenvolvido por David Marçal, autor de “Pseudociência”, jornalista na área científica e fundador da COMCEPT - Comunidade Céptica Portuguesa.

 


"Sente-se que o nosso trabalho valeu a pena"

Natural de Portimão, Mónica Reis licenciou-se em Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Foi logo na sua formação académica que descobriu a sua grande paixão: a diabetes.

“O doente diabético é desafiante, exige o trabalho de uma equipa multidisciplinar, mas também o envolvimento do próprio doente, o que não é fácil. Aliás, os fármacos até podem ser ótimos, mas se a pessoa não aderir à terapêutica e não adotar estilos de vida saudáveis, não se consegue fazer nada”, diz.

Se, por um lado, esses casos são mais frustrantes, existem outros que a fazem sorrir. “Após aderirem ao plano terapêutico, dizem-nos que estão muito melhor. E isso é muito gratificante, previnem-se as complicações, nomeadamente as mais graves. Sente-se que o nosso trabalho valeu a pena.”

A opção pela Medicina Interna deveu-se precisamente ao seu "carácter holístico, que vê o doente como um todo”.

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