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Simulação cirúrgica da coluna vertebral: Cirurgiões e enfermeiros em cenário realista

“Este terá sido o único curso realizado em Portugal a permitir o treino em simultâneo de cirurgiões e enfermeiros instrumentistas num cenário realista de Bloco Operatório”, avança Bruno Santiago, o neurocirurgião que coordenou o Lisbon Spine Simulation Course. Organizado pelo Hospital da Luz Lisboa, o evento decorreu no início do mês de maio.



“Este curso, que se dedica ao treino da cirurgia minimamente invasiva da coluna vertebral lombar, é o primeiro nesta área cirúrgica a ser feito em Portugal”, começa por destacar Bruno Santiago, neurocirurgião do HLL desde 2019.

Segundo o médico, “tipicamente, numa fase mais precoce, o treino é feito em modelos anatómicos que tentam reproduzir o osso; já numa fase mais avançada, recorremos a espécimens anatómicos". No entanto, sublinha, "existem muitas limitações ao nível das estruturas neurológicas (medula e nervos) e não reproduzem a patologia a ser tratada”.

Nesse sentido, no caso das cirurgias minimamente invasivas, “estão disponíveis simuladores extremamente realistas que colmatam estas limitações, replicando não só o osso, mas os nervos, os discos, a doença a tratar e até algumas complicações, como a hemorragia ou a fístula de líquor, que exige a reparação durante a cirurgia e só é possível treinar nestes simuladores”.



Treino em simulador “encurta curva de aprendizagem para dominar técnica cirúrgica”

Bruno Santiago, que é também o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral, adianta que já existe evidência científica recente a demonstrar que “o treino dos cirurgiões nestes simuladores, antes de avançarem para um cenário real, encurta a curva de aprendizagem para dominar a técnica cirúrgica”.

Efetivamente, tratam-se de “simuladores muito realistas, dotados de tecnologia de ponta, capazes de reproduzir muito bem aquela que é a realidade do bloco operatório e os diferentes passos cirúrgicos que têm de ser executados para completar a cirurgia de forma eficaz”.


Bruno Santiago

No curso realizado, procurou “encenar-se por inteiro o Bloco Operatório, beneficiando das condições únicas do Centro de Simulação do HLL − os simuladores estavam com os campos operatórios aplicados e os formandos dispunham de todos os instrumentos cirúrgicos e utensílios tecnológicos disponíveis, incluindo o microscópio e a navegação intraoperatória”.

Uma das diferenciações deste curso consistiu na possibilidade de treino não só de cirurgiões, como de enfermeiros instrumentistas, “que não estiveram apenas a treinar a utilização do material cirúrgico, mas verdadeiramente a instrumentar a cirurgia”. Este tipo de formação para Enfermagem “terá sido pioneiro em Portugal”.



Estas sessões práticas, que consistiram no treino de três técnicas cirúrgicas diferentes, decorreram no segundo dia do evento e, à semelhança do ano passado, quando se realizou a 1.ª edição do evento, contaram com a participação de nove cirurgiões e seis enfermeiros.

“Para oferecermos um treino eficaz e recompensador para os formandos, o número de participantes por simulador, em cada estação, tem de ser muito reduzido”, explica.

Já o primeiro dia ficou marcado por sessões teóricas apresentadas por “cirurgiões de enorme reputação nacional e internacional”, num formato híbrido com participação presencial e remota, para os alunos e outros profissionais de saúde que não participaram nas sessões práticas. Marcaram presença no primeiro dia 40 participantes.


Os neurocirurgiões do Hospital da Luz que fizeram a formação nas sessões de simulação com o coordenador do evento: Álvaro Lima, Maia Gonçalves, Miguel Casimiro e Bruno Santiago


A vontade de “ter mais estações e diferentes simuladores”

Bruno Santiago, que assume ainda os cargos de coordenador da Comissão de Treino da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia e de chairperson da AO Spine Portugal, dá como certa a continuidade da realização deste curso no próximo ano. “Vamos começar a preparar a 3.ª edição e pretendemos trazer várias novidades”, conta.

O seu desejo passa pela “oferta de mais estações, permitindo a participação de mais cirurgiões e enfermeiros, e pela inclusão de técnicas cirúrgicas adicionais com simuladores inovadores que permitam, por exemplo, a prática da abordagem lateral à coluna lombar e de cirurgias da coluna cervical.

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