Sexualidade no idoso: «Não há verdadeiramente saúde sem saúde sexual»

"A sexualidade no idoso é, de facto, um tema delicado de abordar em consulta, mas é também bastante pertinente", afirma Daniela Gonçalves, médica interna na USF Entre Homem e Cávado.

Em declarações à Just News, lembra que "a sexualidade é uma parte importante da saúde e bem-estar em todas as idades, e os idosos muitas vezes enfrentam desafios únicos nessa área". E, nesse sentido, considera que se é certo que "não há verdadeiramente saúde sem saúde sexual", adverte que muitas vezes essa abordagem é ainda muito desvalorizada quando se trata de idosos.


Por esse motivo, o tema foi escolhido para ser abordado nas VI Jornadas do Núcleo do Internato do ACES Gerês/Cabreira (NIAG), que se realizam dia 17 de junho, na Escola de Medicina da Universidade do Minho, conforme explica Daniela Gonçalves, que integra a Comissão Organizadora:

"Nas nossas jornadas o tema será abordado pelo Dr. Luís Braga, Assistente de Ginecologia e Obstetrícia, a exercer funções no Hospital de Braga e responsável pela Consulta de Medicina Sexual. Assim, consideramos ser o palestrante ideal para fornecer informações e orientações sobre como lidar com essas questões de forma sensível e eficaz na prática clínica."

"A MGF valoriza a colaboração interprofissional"

As Jornadas, que vão já para a sua 6.ª edição, têm a particularidade de serem dirigidas não apenas a internos e especialistas de MGF, mas também a outros profissionais de Saúde. A explicação é óbvia, refere Daniela Gonçalves:

"A Medicina Geral e Familiar é uma especialidade holística, que valoriza a colaboração interprofissional, assim optamos por uma abordagem transversal. Acreditamos que o trabalho conjunto com outros Profissionais de Saúde pode trazer muitas mais valias e melhorias aos cuidados de saúde que prestamos."

Na sua opinião, partilhada por toda a equipa da Comissão Organizadora, "a inclusão de diferentes perspectivas e áreas de especialização promove uma abordagem mais completa e integrada ao cuidado do paciente, refletindo a complexidade e diversidade de situações encontradas na prática clínica".


Elementos da Comissão Organizadora:

Em cima - Álvaro Vieira (USF AmareSaúde), Pedro Cardoso (USF Vida+), Marina Rodrigues (USF Vida+), Joana Machado (USF Prado), Daniela Gonçalves (USF Entre Homem e Cávado)
Em baixo - Raquel Fernandes (USF Pró-Saúde), Beatriz Maciel (USF D`As Terras de Lanhoso), Filipa Macedo (USF AmareSaúde)


Uma plataforma essencial para o "desenvolvimento profissional"

O Núcleo do Internato do ACES Gerês/Cabreira, criado no final de 2020, tem sido "fundamental para a realização contínua das jornadas", afirma Daniela Gonçalves, que preside atualmente a esta estrutura.

E de que forma tem sido importante? "Este núcleo proporciona uma estrutura organizacional que facilita a planificação, promoção e execução desses eventos. Além disso, serve como uma plataforma para a colaboração entre os internos e os orientadores de formação de MGF, promovendo a troca de experiências e conhecimentos, essencial para o enriquecimento e desenvolvimento profissional na área da Medicina Geral e Familiar."


Daniela Gonçalves

Iniciativas que "ajudam os colegas a moldar suas trajetórias profissionais"

Além das jornadas, o NIAG desenvolve anualmente uma sessão de esclarecimento de dúvidas para os Internos de Formação Geral (IFG) e candidatos a Internos de Formação Específica (IFE), "as quais visam ajudar os internos a tomar decisões mais informadas sobre a escolha de especialidade e o local de internato".

Durante essas sessões, "os participantes têm a oportunidade de esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, organização e modelos de cuidados das Unidades de Saúde Familiar (USF), bem como sobre outros aspectos relevantes para a sua futura prática profissional em MGF".

Daniela Gonçalves não tem dúvidas em considerar essa iniciativa como "valiosa, pois proporciona informações importantes que os ajudam os colegas a moldar suas trajetórias profissionais de forma mais consciente e informada".

Abordagem da psicose: ir além da referenciação hospitalar

Além da sexualidade no idoso, e fazendo jus ao lema do evento - "Desafios em MGF" - o programa VI Jornadas do NIAG inclui o debate de outros temas complexos. É o caso da abordagem à psicose em contexto de MGF.
 
"O papel do Médico de Família (MF), neste campo, é amplo e abrangente, não se limitando apenas à referenciação hospitalar", refere Daniela Gonçalves, acrescentando: "O MF frequentemente tem um papel fundamental na identificação da psicose, tendo um papel primordial no diagnóstico, sendo crucial a sua avaliação holística e não se limitando ao acompanhamento do problema de saúde mental."

Desta forma, salienta que "é essencial que os MF estejam bem preparados para reconhecer a psicose, realizar uma avaliação inicial e oferecer suporte adequado aos doentes e suas famílias".



O programa provisório pode ser consultado AQUI.  

Contacto: jornadasacescavadoii@gmail.com 
A inscrição pode ser efetuada aqui.

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