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Serviços Farmacêuticos do CHTS com mais ensaios clínicos: «Temos feito todo o esforço»

Um ano depois de Pedro Soares ter assumido a direção dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa (CHTS), foram dados passos importantes em várias áreas, sobretudo na Farmacotecnia, nos Ensaios Clínicos e na Farmácia Clínica. Foram igualmente introduzidas melhorias não só no que respeita à rastreabilidade do circuito do medicamento, mas também no sistema de gestão e distribuição do medicamento.

Depois de pouco mais de uma década como farmacêutico no CH Universitário de São João (CHUSJ), Pedro Soares aceitou o desafio que lhe foi por proposto pelo presidente do Conselho de Administração do CHTS, Carlos Alberto, de se tornar diretor dos Serviços Farmacêuticos, o que acabaria por acontecer a 1 de fevereiro de 2018.

O CHTS, que inclui o Hospital Padre Américo, em Penafiel, e o Hospital de Amarante, abrange uma população muito grande, de 520 mil habitantes, distribuídos por 12 concelhos e quatro distritos, o que representa 5% da população portuguesa. Em termos de Urgência, por exemplo, é a segunda maior da zona Norte, apenas ultrapassada pela do CHUSJ.



A equipa “jovem e dinâmica” que Pedro Soares encontrou no CHTS é neste momento constituída por um grupo de nove farmacêuticos (incluindo o próprio), 12 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica (TSDT), oito assistentes operacionais e dois assistentes técnicos, que se dividem pelo polo de Penafiel (onde está a maioria dos elementos) e o de Amarante (onde se encontram um farmacêutico, um TSDT e dois assistentes operacionais).

Um ano de mudanças

Pedro Soares, atualmente com 37 anos, encontrou no CHTS um Serviço um pouco “dormente”, em termos estruturais. Segundo o responsável, "havia muitas áreas que se encontravam subaproveitadas, como a da Farmacotecnia, que era praticamente inexistente".

“A farmacotecnia é uma componente de particular importância para dar resposta aos doentes pediátricos, porque muitas vezes não existem no mercado formulações adequadas às idades mais jovens”, menciona.

Esta área dependia muito do exterior. “Quase tudo o que era manipulado era adquirido já preparado”, diz, referindo que, atualmente, os SF dispõem de um laboratório “minimamente equipado e preparado” para dar resposta a estas situações.


Pedro Soares

Hoje em dia, mais de 95% dos manipulados são preparados internamente. Só vêm do exterior algumas substâncias tóxicas voláteis, alguns ácidos e diluições de ácidos concentrados, pelo facto de os SF não terem equipamento e instalações adequadas para a manipulação destas preparações e não se justificar o investimento na sua aquisição.

“Algumas operações só trazem benefício quando se pode ter uma equipa rotinada e que trabalhe quase em exclusividade naquele processo, o que faz com que saibam instintivamente o que estão a fazer e que o façam bem”, justifica.

E refere que é o que acontece no CHTS, por exemplo, com as bolsas de nutrição parentérica para a Neonatologia, que são cedidas pelo CHUP, por não compensar produzi-las internamente, tendo em conta que o gasto anual é de apenas 500 bolsas, o que equivale a uma média de duas por dia.



Ensaios Clínicos: "Abertura e disponibilidade total"

Quando Pedro Soares assumiu a Direção dos SF, a área dos Ensaios Clínicos estava igualmente a necessitar de intervenção. Não havia um único ensaio em curso. No dia em que a equipa da Just News visitou os SF, havia quatro em fase de recrutamento e dois doentes efetivamente em ensaio.

“Temos feito todo o esforço para mostrar abertura e disponibilidade total em dar apoio quer aos serviços clínicos, quer aos promotores (Indústria), em qualquer ensaio que seja útil para os nossos doentes e que tenhamos a capacidade de desenvolver”, aponta.


Ana Isabel Melo

Na ausência do diretor dos SF, cabe a Ana Isabel Melo assumir a dianteira. Além dessa função, a farmacêutica, de 41 anos, que ali trabalha há 15, executa funções na área da Farmácia Clínica (tarefa que reparte com os outros colegas), mas também na área dos Ensaios Clínicos (responsabilidade que divide com a colega Rita Araújo) e, neste momento, integra ainda a equipa de Hospitalização Domiciliária.

Melhorias na rastreabilidade do circuito do medicamento

Pedro Soares recorda que quando chegou a Penafiel, parte significativa dos fármacos que saíam da Farmácia não eram imputados aos doentes. Ou seja, em muitas áreas não se sabia quantas pessoas estavam a ser tratadas e com que fármacos.

Um dos motivos era a falta de integração dos sistemas informáticos. “Temos sete equipamentos com tecnologia Pyxis para a distribuição de medicamentos, mas o que acontecia era que a medicação retirada através dos armazéns avançados não era imputada aos doentes, tal como a que era distribuída em determinados circuitos, como, por exemplo, na consulta externa de Psiquiatria, pelo elevado número de doentes seguidos”, conta.



No último ano, foram dados passos importantes na rastreabilidade do circuito do medicamento. "Em novembro de 2018, conseguiu-se, finalmente, que todas as prescrições dos doentes estivessem disponíveis no sistema Pyxis". Por sua vez, na Consulta Externa, foi possível reformular alguns procedimentos internos e, hoje em dia, "a medicação está a ser imputada ao doente a que se destina".

Atualmente, uma das maiores dificuldades na integração dos sistemas informáticos acontece na Urgência, nos blocos operatórios e nas unidades de Medicina Intensiva, situação que, no entanto, de acordo com Pedro Soares, não sucede apenas no CHTS.

Circuito do medicamento

Na Unidade de Farmácia Clínica também se verificaram algumas alterações e, hoje em dia, o setor tem sido mais interventivo no apoio que dá aos prescritores.

“Os farmacêuticos são os especialistas do medicamento e os maiores responsáveis pela implementação e observação das normas de orientação clínica respeitantes ao circuito do medicamento, seja em termos de segurança, de cumprimento das Boas Práticas ou na implementação de critérios de sequenciação terapêutica que existem em determinadas patologias e entre equivalentes terapêuticos, aplicando aqui também os princípios da farmacoeconomia”, realça.



Eficiência na logística de receção e dispensa de medicamentos


Um dos problemas que Pedro Soares encontrou quando chegou aos SF do CHTS foi o facto de "haver ineficiências no sistema de gestão de armazém e distribuição".

Neste contexto, decidiu desenvolver um projeto que teve início no passado mês de fevereiro, utilizando a filosofia Kaizen. O objetivo era “aumentar e melhorar a eficiência de trabalho na logística de receção e de dispensa de medicamentos e aproveitar os ganhos de tempo obtidos, de modo a retirar dos serviços clínicos todo o tempo que os enfermeiros despendem a gerir os stocks que têm”.

Neste momento, há um armário automatizado (Pyxis) alocado a cada piso, mas é necessário ter sempre algum stock de medicação nas enfermarias.

“Os pisos do hospital têm especialidades variadas, sendo, por isso, impossível dimensionar cada Pyxis à realidade de cada especialidade. Além disso, como estão centralizados, não é conveniente aos enfermeiros que, cada vez que precisam de um medicamento, tenham de sair da ala de internamento”, explica, desenvolvendo que o sistema Kaizen pretende precisamente eliminar movimentos desnecessários.



A reportagem completa, com entrevistas a outros profissionais da equipa, pode ser lida no jornal Hospital Público de março/abril 2019.

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