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«Reconhecer o papel insubstituível dos enfermeiros no funcionamento dos hospitais»

O atual momento que a Enfermagem atravessa é, de acordo com José Ribeiro, presidente da Associação de Diretores de Enfermagem (ADE), de “incerteza e reatividade”. Contexto que, na sua opinião, “impõe a construção de alianças positivas que permitam obter entendimentos e reconhecer a importância dos enfermeiros nos cuidados de saúde, eliminando preconceitos que ainda existem em Portugal sobre o valor do seu contributo para a reorganização do SNS".

"É necessário ter mais enfermagem nas políticas de saúde"


“Urge valorizar as competências dos enfermeiros e colocá-las ao dispor dos cidadãos”, afirma o responsável, que exerce a função de enfermeiro diretor no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, acrescentando que, para isso, é necessária uma carreira de enfermagem que valorize as diversas competências daqueles profissionais, reforce o rácio do número de enfermeiros por mil habitantes e, por sua vez, o reequilíbrio das equipas de saúde.

“Não é possível termos cada vez mais doentes para tratar e de maior complexidade e sem aumentar o número de enfermeiros. Mais do que nunca, perante o estado em que se encontra a profissão, é necessário dar um novo rumo e uma nova direção para o desenvolvimento da profissão e da disciplina de enfermagem”, diz, desenvolvendo que, para tal, "é necessário ter mais enfermagem nas políticas de saúde e diferenciação na ação, com mais ambição, liderança, dinâmica, proximidade e maior investimento nos enfermeiros".

“Com os enfermeiros em maior número, mais próximos das pessoas e otimizando as suas competências no seio das equipas onde trabalham, melhoraria o acesso e obteríamos mais ganhos em saúde”, considera.




Guia orientador de boas práticas de gestão

No caso concreto da gestão em enfermagem, José Ribeiro entende que “é necessário reconhecer o papel insubstituível desses profissionais nos hospitais que, como sabemos, são organizações de funcionamento contínuo e permanente, cujas disfunções têm imediato impacto na vida e qualidade de vida dos utentes”.

O responsável adianta algumas medidas que considera urgente: a criação de um guia orientador de boas práticas de gestão, a inclusão no contrato programa das intervenções de enfermagem ou indicadores associados a essas intervenções que demonstrem os ganhos em saúde daí decorrentes, a criação de um core mínimo de indicadores de gestão em enfermagem e a revisão/aprovação pela tutela da definição de horas de cuidados necessários para cada serviço.

“Parece-me evidente que, na política de recursos humanos do Ministério da Saúde, para além da valorização da carreira de enfermagem, tem de se reconhecer as competências dos enfermeiros e a importância do seu papel no trabalho de equipa", afirma José Ribeiro. 

Na sua opinião, "não se podem criar facilidades em contratar profissionais de determinado grupo profissional e estrangulamento relativamente a outros" e sublinha: "O desequilíbrio atual das equipas nas nossas organizações preocupa-me pela enfermagem, mas, essencialmente, pela disfuncionalidade que foi sendo criada nos locais de trabalho, gerando, em muitos casos, perda de eficiência, de eficácia, de qualidade e de produção." 

Para José Ribeiro, "os enfermeiros estão constantemente a identificar aspetos que necessitam de melhoria e a introduzir mudança e inovação". E reforça mesmo esta ideia: "Vários estudos indicam que são os que mais contribuem para a maior vantagem competitiva, a melhoria contínua da qualidade e a criação de valor para a pessoa e para as instituições de saúde".

Uma Associação para "resolver problemas comuns a todos"

José Ribeiro está ligado à Associação de Diretores de Enfermagem praticamente desde a sua fundação, em 1998, tendo assumido a presidência no passado mês de março.

Quando desempenhou funções de vogal do Conselho de Administração na ARS Norte, entre 2000 e 2002, começou a colaborar e a participar em várias reuniões com os mesmos objetivos que orientam hoje a ADE: melhorar a interpretação das leis e a gestão das unidades de saúde, garantir proatividade, disseminar projetos e, desta forma, "uniformizar procedimentos que se tornem uma mais-valia para os utentes, os profissionais, as organizações e o SNS".



“Somos uma Associação muito diferente de qualquer outra porque o que se pretende é promover um espaço de debate, onde se partilham conhecimentos e experiências e se tomam decisões para resolver problemas comuns a todos”, salienta o nosso interlocutor.

O responsável faz também questão de referir que a ADE integra 44 enfermeiros diretores que, apesar de distribuídos pelo país, "estão praticamente todos presentes nas reuniões organizadas pela Associação".

"Aumentar competências e fortalecer o SNS"

Para o mandato em curso, os objetivos passam por promover reuniões periódicas entre os enfermeiros diretores de enfermagem, bem como fóruns de debate que permitam a entreajuda e a uniformização de procedimentos; apresentar propostas e ajudar a tutela na definição e implementação de políticas de saúde; identificar e disseminar projetos inovadores. 

A ADE pretende ainda fomentar ações de formação e celebrar protocolos com outras associações "que permitam aos enfermeiros diretores partilhar experiências, aumentar as suas competências e contribuir, desta forma, para melhores condições de trabalho e de atendimento do cidadão e o fortalecimento do SNS".

Quanto às prioridades, são, "claramente, a uniformização de procedimentos, a identificação e disseminação de projetos inovadores e os protocolos com outras associações nacionais e internacionais”, adianta José Ribeiro.



A entrevista completa pode ser lida no Hospital Público de outubro.

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