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Qualidade da limpeza e da descontaminação nos hospitais: São necessárias «medidas essenciais»

“Existe um problema potencialmente grave ao nível do ambiente das unidades de saúde, potencialmente comprometendo a segurança do doente",  afirma o internista e intensivista do Hospital Beatriz Ângelo, Carlos Palos, que alerta para "lacunas decorrentes da higienização ambiental, e da sua organização estrutural e funcional".

Nesse sentido, e em declarações à Just News, o médico e coordenador do PPCIRA da Luz Saúde, destaca a importância da "qualidade da limpeza e da descontaminação nos hospitais aliar profissionais competentes e produtos eficazes, complementados por tecnologias adicionais sempre que necessário."

O tema estará esta sexta-feira em debate, em Oeiras, durante o Simpósio “Ambiente e segurança do doente: para além da covid-19”, cuja coordenação científica integra precisamente Carlos Palos. O evento realiza-se no âmbito do Dia Mundial da Segurança do Doente, uma iniciativa desenvolvida pela OMS.

É necessário "um investimento grande na prevenção das IACS"

A nível local, a criação de enfermarias mais pequenas com casas de banho dedicadas é uma das medidas que o nosso interlocutor, internista de formação, identifica como sendo "essenciais para o controlo das infeções, um pouco como têm feito os recém-criados hospitais”. A par, também o aumento do rácio de profissionais/doente para níveis europeus contribuiria, na sua ótica, para o bom ambiente hospitalar.

A nível central, o reforço da direção nacional de controlo da infeção permitiria que se “assegurassem revisões mais atempadas das normas e se auditasse a sua implementação”.

Carlos Palos admite mesmo que “o país tem que fazer um investimento grande na prevenção das infeções associadas aos cuidados de saúde” e partilha com a Just News mais alguns fatores a considerar. Em primeiro, “é preciso que na construção dos hospitais sejam previstos circuitos diferenciados para zonas sujas e limpas e as centrais de esterilização sejam bem enquadradas”.


Carlos Palos

Ao mesmo tempo, mostra preocupação pela ventilação, notando que “a covid-19 veio mostrar que a ventilação dos nossos hospitais poderia não proteger suficientemente doentes nem profissionais, já que é necessário haver segregação do ar para não se contaminarem outras áreas”.

Limpeza e descontaminação dos espaços

Tão ou mais importante que o ar será “a alteração da configuração das superfícies que são tidas como reservatórios de bactérias multirresistentes, como os sifões”. A par, também a qualidade da limpeza e da descontaminação dos espaços, que “deverá aliar profissionais competentes e produtos eficazes, complementados por tecnologias adicionais sempre que necessário”, são ações que, para o coordenador do PPCIRA da Luz Saúde, têm extrema relevância.

Assemelhando o processo de limpeza dos hospitais aos aviões, em que “há uma pressão para que o tempo seja o menor possível”, Carlos Palos fala na adoção de novas estratégias de limpeza, com produtos “2 em 1", que combinam detergente e desinfetante e, por vezes, tecnologias complementares, como a luz ultravioleta, o peróxido de hidrogénio vaporizado ou o ozono.

O médico destaca que dentro das infeções associadas aos cuidados de saúde, é preciso “olhar com especial atenção para aquelas que são causadas por bactérias multirresistentes, uma verdadeira pandemia silenciosa, alvo da atenção da OMS e de outras organizações internacionais e de vários governos”.

Estas serão algumas das ideias em debate no Simpósio “Ambiente e segurança do doente: para além da covid-19”, que se realiza esta sexta-feira, com transmissão streaming. Este dia também ficará marcado pela apresentação do novo Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2021-2026, que resulta de uma parceria entre a Direção-Geral da Saúde e a Escola Nacional de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa.



Delfim Rodrigues, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, António Marques, da Associação Portuguesa de Infeção Hospitalar, David Peres, da Associação Nacional de Controlo de Infeção, e Abraão Ribeiro, da Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses, formarão o painel de moderadores deste simpósio, que conta com o apoio da Biodecon e da Câmara Municipal de Oeiras.

A inscrição pode ser efetuada aqui.

O programa pode ser consultado aqui.

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