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«Serviços de Medicina Interna estão subdimensionados para as crescentes necessidades»

“Os serviços de MI estão subdimensionados para as crescentes necessidades da população”, alertou Pedro Guimarães Cunha, presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos. O médico falou, este sábado à tarde, na sessão de abertura do primeiro Congresso de Medicina Interna, organizado por uma instituição privada.



O responsável relembrou os problemas que os colegas têm de enfrentar todos os dias. “As condições de trabalho deterioram-se com as dificuldades existentes entre fixar internistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com as consequências que isso implica para a formação e ensino da Medicina em Portugal”.

Inerente a estes constrangimentos está o sistema de concursos para colocação de internistas nos hospitais que estão a gerar dificuldades, que, segundo o especialista, têm “reflexo na capacidade de resposta, desmoralizando e contribuindo para a ausência de renovação de quadros”.

E como defendeu: “A estrutura global da gestão das situações médicas agudas no SNS, apenas se resolverá com um conjunto integrado de estratégias que utilizem os diferentes níveis de cuidados do sistema de saúde.”


Pedro Guimarães Cunha

Ao fim de ano e meio de pandemia, Pedro Guimarães Cunha realçou ainda o empenho de todos os internistas na luta contra a covid-19, recordando, nomeadamente, os 6 mil infetados internados em fevereiro deste ano, na terceira vaga, e “as milhões de horas de trabalho passadas nos serviços de Urgência ou chefiando unidades covid e consultas hospitalares, entretanto reestruturadas, que asseguram a continuidade de cuidados a estes doentes.”

Dedicação que se expandiu, inevitavelmente, aos pacientes não covid, tendo sido observados e tratados, segundo disse, “centenas de milhar de doentes, sobretudo os mais complexos”.

3 anos à frente da SPMI

João Araújo Correia, presidente da SPMI, em fim de mandato, relembrou os momentos mais marcantes à frente da Sociedade nos últimos 3 anos e reiterou a ideia de que “a MI é a especialidade médica basilar do sistema de saúde no hospital”, assumindo “um papel essencial” em vários serviços, como Urgência, Cuidados Intensivos, Cuidados Intermédios, Cuidados Paliativos, Medicina Peri-Operatória, Medicina Obstétrica e Hospitalização Domiciliária.


João Araújo Correia

Apontando para as mais de 6 mil camas nos serviços de MI do país, quer em hospitais públicos como privados, enalteceu “o extraordinário exercício de superação” destes médicos nesta pandemia na resposta a doentes covid e não covid.

Enquanto passavam várias fotos de acontecimentos dos últimos 3 anos da SPMI, o médico relembrou, essencialmente, a ligação à Medicina Geral e Familiar, no apoio ao doente agudo e crónico, assim como à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e à Sociedade Espanhola de Medicina Interna

A participação de outras especialidades

Outra presença na sessão de abertura foi a de Alexandra Bayão Horta, diretora do Serviço de MI do Hospital da luz Lisboa, ou não fosse a presidente do Congresso. Começou por enfatizar a confiança da SPMI na instituição. “É a primeira vez que a Sociedade confia a uma instituição privada a organização deste encontro e o corolário é evidente: a saúde precisa de todos nós.”

Falando sobre a relevância da MI na prestação de cuidados, defendeu que se deve valorizar e reconhecer a MI, que é “uma especialidade plástica, que se adapta a muitos cenários”. E a pandemia da covid-19 é o exemplo, segundo a internista.


Alexandra Bayão Horta

A presidente do CNMI congratulou-se com os mais de 2 mil inscritos e com os mais de 3 mil trabalhos submetidos este ano, salientando que o Programa conta com a participação de outras especialidades, como a Cardiologia, Nefrologia, Infeciologia, Imunologia Clínica e a Medicina Geral e Familiar – esta última com “uma participação muito ativa”.

Em jeito de conclusão: “Pretendemos viver e aprender com a diversidade a e multidisciplinar; não nos esgotamos dentro de nós mesmos.”

Os elogios do Ministério da Saúde e do Presidente da República

Pelo segundo ano consecutivo, os internistas receberam António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Como ortopedista, recordou as vezes que pediu ajuda à MI para resolver doentes mais complexos e destacou “o papel essencial da MI como pilar da pandemia, como especialidade base, praticamente em todas as estruturas e instituições do sistema nacional de saúde”.


António Lacerda Sales

Em representação da ministra da Saúde, Marta Temido, o governante afirmou que “a MI merece, de facto, ser valorizada, merecendo o reconhecimento dos pares, bem como da sociedade em geral”. E exemplo disso é o serem, “por excelência, uma das especialidades fundamentais nos diagnósticos mais difíceis”, sendo “mestres na arte de juntar as peças de um puzzle”.

Além das boas-vindas de Marilyn Zacarias, vereadora da Câmara Municipal de Loulé, os participantes no 27.º CNMI ouviram ainda, em vídeo, palavras de reconhecimento do seu trabalho, antes e durante a pandemia, de Rui Maio, diretor clínico do Hospital da Luz Lisboa e do Presidente da República que enalteceu “o papel cimeiro dos internistas” e como impediram que “as unidades hospitalares colapsassem” nestes últimos tempos pandémicos.

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