Organização das Unidades de Hospitalização Domiciliária: «Considerámos 4 áreas essenciais»

É já esta sexta-feira e sábado que se realiza em Coimbra o 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, onde será apresentado "um conjunto de propostas para um consenso sobre a organização das Unidades de Hospitalização Domiciliária", adianta o médico internista Pedro Correia Azevedo.

Em declarações à Just News, o especialista, que é membro do secretariado do Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária (NEHospDom) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), faz questão de sublinhar, "antes de mais", a importância que assume a Hospitalização Domiciliária em Portugal:

"É já um modelo de assistência hospitalar cimentado no Sistema de Saúde português. Os desafios sociais, a inovação científica e o desejo de melhoria no ato de cuidar têm sido motores para a projeção do conceito e para a proliferação de Unidades de Hospitalização Domiciliária (UHD) no nosso país."

Também os serviços prestados neste contexto são já diversificados. "Temos hoje UHD no sistema público e no sistema privado, UHD médicas e cirúrgicas, UHD para doentes adultos e para doentes pediátricos", afirma Pedro Correia Azevedo, acrescentando:

"O conhecimento de cada uma das unidades revela muitas semelhanças mas também diferenças que têm motivado a adaptação e a melhoria contínua global. Em todo o caso, as especificidades de cada unidade hospitalar, a limitação de recursos humanos e materiais e a tipologia de doentes internados são diferenças transformadas em autênticos desafios na gestão das UHD."


Pedro Correia Azevedo

Consenso sobre a organização das UHD

E foi precisamente por essa grande diversidade de realidades que o NEHospDom decidiu realizar um inquérito nacional, "para melhor conhecer as semelhanças e as diferenças de cada uma das unidades". Os resultados serão apresentados durante o 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, sendo que, dos dados obtidos através deste inquérito, resultou "um conjunto de propostas para um consenso sobre a organização das UHD".

Pedro Correia Azevedo revela que o Núcleo considerou "importante dar foco a 4 áreas essenciais: (1) organização geral da unidade, (2) processo de admissão de doentes, (3) internamento propriamente dito, (4) alta e pós-alta. Em cada uma destas áreas foram identificados pontos-chave de reflexão que servirão de ponto de partida para a criação de um consenso sobre o funcionamento básico de uma UHD."

E o que se verificou? "Detectamos diferenças, por exemplo, na tipologia de profissionais disponíveis (p.e. nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos). Constatamos que a forma de resposta da prevenção médica e de enfermagem não é uniforme em todas as UHD. Aprendemos e melhoramos."



Particularidades que "podem servir de modelo"

Segundo o médico, que é diretor clínico dos Serviços Domiciliários CUF, "é com base nestes consensos e nesta uniformização básica que as particularidades de cada unidade podem ser mais evidenciadas e servirem de modelo para as restantes. É também esta uma forma de promover a melhoria contínua dos nossos serviços."

Assim, considera que o caminho a seguir é muito claro: "Há que inovar nos modelos de gestão, manter o foco na atualização científica, fidelizar os profissionais de saúde, promover auditorias regulares e trabalhar para a acreditação externa."

E acrescenta: "A nossa missão deve ser a de promover a prestação de cuidados de HD com os mais elevados níveis de conhecimento, respeitando o primado da vida e do ambiente, através do desenvolvimento do capital intelectual das organizações, numa busca permanente pela excelência. Tudo isto porque a nossa visão deve ser a de nos posicionarmos como a primeira alternativa na prestação de cuidados a doentes agudos, com critério clínico, de qualidade distintiva, suportada numa rede integrada de serviços de elevada performance."

Este e outros temas serão abordados no 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária. "Estaremos, como sempre, focados em afirmar e melhorar a qualidade da HD em Portugal", afirma.

 

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