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Morreu o «padrinho da Imunoalergologia» em Portugal: Antero Palma-Carlos

Foi uma longa carreira dedicada à Imunoalergologia, desde os tempos em que a especialidade ainda não era uma realidade em Portugal. O funeral de Antero Palma-Carlos realizou-se este sábado, no Cemitério dos Olivais.

O professor catedrático jubilado de Medicina Interna, Imunologia e Imunoalergologia da Faculdade de Medicina de Lisboa era o diretor clínico do Centro de Alergologia e Imunologia Clínica, em Lisboa. Foi fundador e diretor da Unidade de Imunoalergologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, coordenador das áreas de Imunologia Clínica, Imunoalergologia e Medicina Interna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).

Face à sua dedicação e trabalho, recebeu várias distinções ao longo da vida, como a Medalha de Ouro da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a Medalha de Dedicação, a Jubilar e a dos 100 anos da FMUL.



A coordenação da Luso-Transplante - Centro de Histocompatibilidade do Sul (1992-1998) foi outro dos cargos em que se destacou, tendo sido também presidente da UEMS - European Union of Medical Specialists e da EAACI - European Academy of Allergy and Clinical Immunology, entre outros. Assumiu também o cargo de presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) de 1982 a 1985.

“Fui eu que batizei esta especialidade"

A propósito do 65.º aniversário da SPAIC, celebrado em 2015, o médico recordava na altura à Just News um dos principais marcos do seu mandato à frente desta sociedade científica: "Conseguir que a Imunoalergologia fosse reconhecida como especialidade".

Antero Palma-Carlos apresentou à Ordem dos Médicos "a proposta desta área da saúde se tornar uma competência ou uma especialidade. Felizmente, vingou a última.” O próprio nome é da sua autoria. “Fui eu que batizei esta especialidade, sou o seu padrinho. A escolha deveu-se ao facto de ser uma área clínica que congrega a imunologia e a alergia.”

E este foi um passo decisivo para fazer vingar uma área clínica desprezada até então. “A partir daí, reuni-me com a então ministra da Saúde, Leonor Beleza, que muito contribuiu para a existência de quadros hospitalares na Imunoalergologia, assim como para o início do internato.”

E acrescenta: “De outra maneira, continuaríamos apenas a ter algumas consultas privadas, não acessíveis a toda a população.”

"Viam-nos como feiticeiros"

Quanto à evolução das doenças alérgicas, considerava ser "algo inevitável" face às alterações ambientais. “Vivemos em cidades onde impera a poluição, há cada vez menos espaços verdes – apesar de algumas iniciativas já começarem a fazer a diferença –, a alimentação é à base de produtos pré-feitos, que incluem muitos conservantes.”

E, nesse sentido, não tinha dúvidas sobre o "papel decisivo" da Imunoalergologia nesta realidade e era com "enorme satisfação" que testemunhava a sua evolução, principalmente a nível do conhecimento e da terapêutica:

“Ainda me lembro de ter criado, em 1961, um serviço onde se tratava as doenças alérgicas. Quando recorríamos aos testes, os alergologistas eram considerados bruxos por andarem a picar o braço dos doentes. Os colegas de profissão viam-nos, assim, como feiticeiros e médicos pouco qualificados."

Antero Palma-Carlos morreu na quinta-feira, em Lisboa, aos 86 anos.
 

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