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Jornadas de Cardiologia do CHEDV: Tratamento da hipertensão «inclui todos os especialistas, sobretudo a MGF»

Dirigidas sobretudo aos especialistas de MGF e aos médicos em formação no hospital (essencialmente internos do Ano Comum), as Jornadas de Cardiologia do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (CHEDV ) – antigas Jornadas de Cardiologia da Medicina Familiar de Aveiro Norte, realizam-se nos dias 14 e 15 de outubro.

Melhorar a articulação "entre a MGF e o hospital de referência"

Em entrevista à Just News, Luís Martins, diretor do Serviço de Cardiologia do CHEDV e presidente do evento, explica que as jornadas surgiram em 2001, dois anos depois da abertura do hospital, e foram criadas, sobretudo, com o objetivo de fazer uma reunião com toda a Medicina Geral e Familiar da área de influência do hospital, sendo um “momento essencialmente de permuta de conhecimentos, na tentativa de articular de forma eficaz as relações entre a MGF e o hospital de referência”.

“A estrutura de saúde foi mudando. Antigamente, tínhamos vários centros de saúde. Agora, temos de nos articular essencialmente com a gestão mais centralizada da MGF”, relata, desenvolvendo que, apesar de tudo, continua a existir uma relação muito direta com os centros de saúde e as USF. Segundo o médico, pretende-se, ainda, trocar impressões na tentativa de corrigir todos os anos eventuais desvios ou circuitos menos adequados na área da Cardiologia para que sejam eficazes. 



Doença cardiocerebrovascular: promover a abordagem correta dos fatores de risco

Os temas das Jornadas centram-se, habitualmente, nas situações mais prevalentes e importantes em termos da clínica da MGF no dia-a-dia, ou seja, a obesidade, a diabetes a dislipidemia, a fibrilhação auricular e a anticoagulação.

Luís Martins afirma que não se pretende discutir “super temas” de Cardiologia ou o futuro de um tema cardiológico mais específico, mas sim a visão da intervenção comunitária para tentar melhorar o tratamento da hipertensão, da dislipidemia, da diabetes, lutar contra o sedentarismo, tratar corretamente a fibrilhação auricular e procurar evitar os acidentes vasculares cerebrais.


“A intenção é melhorar ou manter atualizada a informação de como abordar corretamente, em termos populacionais, os fatores de risco que influenciam a doença cardiocerebrovascular. Tentamos também, e temos tido êxito, fazer alguma formação específica”, aponta, desenvolvendo que, nos últimos 10 anos, tem sido realizado um curso de eletrocardiografia em ambulatório, no qual os participantes aprendem a ler e a interpretar os eletrocardiogramas.

Reduzir "alguma referenciação inadequada"

Este ano, o programa do curso inclui, pela primeira vez, a interpretação dos relatórios quer da prova de esforço, quer da monitorização eletrocardiográfica contínua (Holter, MAPA e eco) que, como frisa Luís Martins, são as realidades com que o especialista em MGF se depara no dia-a-dia. “Por vezes, a linguagem é relativamente hermética nos relatórios e pode-se estar a criar doença e referenciação inadequada”, menciona.



“Vamos tentar saber quais são as dificuldades com que os médicos se confrontam no dia-a-dia para interpretar os relatórios e, se calhar, desta forma, vamos diminuindo alguma referenciação inadequada para o centro hospitalar.”

Terá lugar, também, um curso de métodos de imagem em Cardiologia que era abordado pontualmente, mas que, a partir de agora, irá ficar com um caráter definitivo, com as mesmas características do curso de eletrocardiografia.

Cardiologia do CHEDV mantém relação “exemplar” com a MGF

“Tentamos responder a todas as solicitações que nos façam e estamos disponíveis para tirar dúvidas via telefone aos médicos de MGF”, explica Luís Martins, acrescentando que, na sua opinião, a relação da Cardiologia do CHEDV com a MGF tem sido “exemplar”, permitindo, ao longo dos 16 anos de existência do Serviço, “limar uma série de arestas” que tradicionalmente deterioravam essa relação. 

De acordo com o especialista, já lá vai o tempo em que os doentes eram tardiamente referenciados para o hospital. Esclarece ainda que, atualmente, por vezes, há alguns atrasos na chegada dos doentes à urgência, mas deve-se ao facto do próprio doente, "que não está devidamente educado, assumir frequentemente uma situação de negação em relação à doença. Contudo, depois de ter tido um primeiro evento, dirige-se rapidamente ao hospital."

MGF tem papel crucial no tratamento da hipertensão

Além da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, as Jornadas contam com o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, da qual Luís Martins é sócio honorário e foi o seu segundo presidente.

Questionado sobre a importância de existir uma Sociedade de Hipertensão, o cardiologista recorda que a hipertensão, que tem uma prevalência de 42% em Portugal, é o principal fator de risco de doença cardiocerebrovascular, atravessando transversalmente uma grande parte das especialidades médicas (Obstetrícia, Pediatria, Neurologia, Nefrologia, Endocrinologia, Medicina Interna, Cirurgia e Cardiologia).



Luís Martins com Fernando Pinto, José Nazaré e José Carmona, durante as 28as Jornadas de Cardiologia do Hospital Egas Moniz.

Luta contra a hipertensão "inclui todos os especialistas, sobretudo a MGF"

Luís Martins salienta também que "a MGF é sócia de pleno direito na Sociedade Portuguesa de Hipertensão", entidade que quando foi criada pertencia à Sociedade Portuguesa de Cardiologia e que é agora autónoma. “Sendo a hipertensão uma doença relevante, pareceu-nos que, claramente, não podíamos ter uma associação em que os nefrologistas não podiam ser sócios, os neurologistas não podiam ser sócios, porque a associação era da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.”


“O exército que luta contra a hipertensão não é formado apenas por cardiologistas, inclui todos os especialistas, sobretudo a MGF, porque os médicos de família são os que estão mais perto do doente“, comenta.

Na sua opinião, "a mentalidade de um país não se muda no fim de linha e, habitualmente, quando um cardiologista ou um neurologista são chamados para esta questão já aconteceram as complicações e a pessoa já tem as consequências cardíacas da hipertensão, sendo importante atuar muito mais cedo".

Para mais informações sobre as Jornadas de Cardiologia do Centro Hospitalar Entre Douro e Vougahttp://www.jornadascardiologiachedv.com 






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