Hospital de Santarém: Consulta de Cardio-Oncologia distinguida como «Centro de Excelência»
“É mais uma vertente de eleição do Serviço de Cardiologia", afirma Vítor Martins, diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Distrital de Santarém (HDS), a propósito da distinção da Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia, que reconheceu esta valência como "Centro de Excelência”, atribuindo o nível prata.
A coordenação da Consulta de Cardio-Oncologia está a cargo da cardiologista Mariana Saraiva, que “estabeleceu as conexões com a especialidade de Oncologia e realizou formação idónea em centros nacionais e internacionais", salienta Vítor Martins.
A distinção resultou da avaliação de diversos critérios. De acordo com Mariana Saraiva, tal inclui o volume de doentes avaliados por ano, a possibilidade de avaliação a curto prazo de novos doentes ou a participação em reuniões científicas e elaboração de trabalhos científicos nesta área.
Entre outros parâmetros, avaliou-se ainda "a existência de um programa estruturado de Cardio-Oncologia, com rede de referenciação bem estabelecida dentro e fora da instituição, projetos de desenvolvimento e crescimento do programa de Cardio-Oncologia e divulgação da disciplina a nível nacional, nomeadamente através das sociedades científicas vocacionadas para esta área".
Uma consulta que cresce à medida do hospital
A Consulta de Cardio-Oncologia do HDS tem vários objetivos, destacando-se a prevenção e diagnóstico da doença cardiovascular no doente oncológico, decorrente do próprio cancro ou dos tratamentos; acompanhamento de doentes com doença cardíaca prévia, de modo a permitir-lhe completar os tratamentos oncológicos mais adequados sem descompensação da sua doença de base.
“O foco da consulta começou por ser a cardiotoxicidade sob a forma de insuficiência cardíaca, decorrente de alguns tratamentos do cancro da mama", refere Mariana Saraiva.
Contudo, atualmente, "fruto também do crescimento e diversificação dos tratamentos disponibilizados pelo HDS", a Consulta acompanha também doentes "com vários tipos diferentes de neoplasia, regimes terapêuticos e toxicidades vasculares".
Fátima Esteves (enfermeira); Mariana Saraiva (médica cardiologista responsável pela Consulta de Cardio-Oncologia); Vítor Martins (diretor do Serviço de Cardiologia); Sandra Bento (diretora do Serviço de Oncologia)
A Consulta veio possibilitar "uma abordagem individualizada"
Também Sandra Bento, diretora do Serviço de Oncologia do HDS, acompanhou o processo de acreditação. Segundo a médica oncologista, “muitos dos fármacos utilizados em Oncologia têm potenciais toxicidades cardíacas e a sua gestão proactiva é fundamental para assegurar que o tratamento da doença oncológica se mantém”.
Por outro lado, destaca, “também com uma população crescente de doentes mais idosos, com múltiplas comorbilidades, muitas vezes do foro da Cardiologia, polimedicados, é necessária uma abordagem individualizada, que a Consulta de Cardio-Oncologia veio possibilitar”.>
A referenciação dos doentes para a consulta parte maioritariamente das especialidades responsáveis pelo tratamento do doente oncológico no HDS (Oncologia, Pneumologia, Hematologia, entre outras), mas também é possível a referenciação a partir de um episódio de internamento, dos cuidados de saúde primários ou de outros hospitais, como acontece quando o seguimento oncológico é feito fora do HDS (por exemplo, no IPO de Lisboa).
Esta consulta realiza-se todas as quartas-feiras de manhã, sendo constituída por uma consulta de enfermagem, realizada pela enfermeira Fátima Esteves, realização de um eletrocardiograma, por um técnico de cardiopneumologia do Serviço de Cardiologia e, posteriormente, consulta médica, realizada por Mariana Saraiva.
Cinco anos: balanço "bastante positivo"
A enfermeira Fátima Esteves faculta sempre o seu contacto direto aos doentes, de modo que possam contactar sempre que necessitem.
“O enfermeiro de Cardio-Oncologia tem o papel de ensinar, melhorar e avaliar as aptidões para o autocuidado e assim melhorar a qualidade de vida do utente/cuidador com doença oncológica”, lembra, sublinhando a importância da “cumplicidade” da equipa para o balanço “bastante positivo” que faz dos cinco anos da consulta.
Relativamente ao futuro, a coordenadora da consulta adianta que existem vários projetos, destacando-se o estabelecimento de um programa de vigilância de doença cardiovascular dos sobreviventes de cancro.