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Hipertensão: profissionais do HBA alertam para uma pandemia, «cujo contágio é cultural»

No passado dia 17 de maio, o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, assinalou o Dia Mundial da HTA com rastreios e uma ação informativa. Utentes e profissionais da unidade foram o público-alvo de uma iniciativa que visou alertar para “uma doença silenciosa e subdiagnosticada”, segundo Fernando Martos Gonçalves, coordenador do Departamento de Medicina Interna do HBA.

Com o apoio do Serviço de Dietética e Nutrição do HBA, internistas e médicos de formação específica em Medicina Interna colaboraram numa ação de sensibilização para a HTA e a suas complicações. Ao todo foram 80 pessoas que aceitaram participar no rastreio, que consistiu na medição da pressão arterial, peso e altura e perímetro abdominal.



Destes, houve duas situações de maior risco, que foram, de imediato, encaminhadas para consulta no hospital. “Todas estes momentos são fundamentais, para se transmitir informações sobre estilos de vida saudáveis, mas também para um diagnóstico mais precoce de uma doença que nem sempre dá sintomas”, afirmou Francisco Martos Gonçalves.

No âmbito do Dia Mundial da HTA, também se realizou uma sessão informativa, no dia 19 de maio, apenas para profissionais de saúde. “É preciso falar desta patologia a todos, mesmo a quem já esteja desperto para as consequências desta doença que aumenta o risco, nomeadamente, de acidente vascular cerebral (AVC) e enfarte agudo do miocárdio (EAM).

HTA: “uma pandemia, cujo contágio é cultural”

Estimando-se que afete cerca de 40% dos portugueses adultos, a HTA constitui, de facto, um dos principias fatores de risco para as principais doenças cardiovasculares. Para Luís Bronze, presidente da Sociedade Portuguesa de HTA (SPHTA), que também se deslocou ao HBA, é preciso continuar a trazer para a agenda do dia este problema de saúde. “Mesmo em tempo de pandemia, a SPHTA manteve ações de sensibilização, apesar de ser à distância.”


Carolina Rodrigues e Andreia Cravo (alunas da Faculdade de Medicina de Lisboa), Rita Palma Féria e Fernando Martos Gonçalves (Serviço de Medicina), Luís Bronze, presidente da SPH Pedro Moules, do Serviço de Medicina

Em declarações à Just News, o responsável realçou que “ainda há muito para fazer” numa entidade clínica que também tem “contornos pandémicos”. “Mesmo durante o período mais crítico da covid-19, a maioria das mortes deveram-se a eventos cardiovasculares”, lembrou.

Fazendo um paralelismo com o novo vírus, alertou para a necessidade de se envolver mais o poder político, já que algumas medidas preventivas vão depender, sobretudo, das condições de vida. E deu um exemplo: “Os horários laborais e o stresse associado estão relacionados também com ao aumento de casos de HTA; nesse caso, as medidas a serem tomadas têm de partir do Governo. Fazemos uma vida que não respeita as nossas necessidades fisiológicas.”


Quanto à diminuição do sal no pão, já legislada, Luís Bronze disse ter sido um ponto positivo na luta contra a HTA, contudo, não é suficiente. “A HTA é, podemos afirmar, uma pandemia, cujo contágio é cultural, por isso é essencial informar, para prevenir, mas também apostar em medidas que facilitem a adoção de estilos de vida saudáveis.”

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