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«Combater o estigma da doença mental tem repercussões positivas na prática psiquiátrica»

“O diagnóstico de uma doença mental não é uma sentença.” Esta é a mensagem principal que a psiquiatra Mariana Duarte Mangas quer transmitir no seu livro “Não há mal que sempre dure, Saúde Mental para todos”.

Com esta obra, quer combater o estigma e aumentar a literacia em saúde mental, contribuindo, assim, "também para facilitar a atividade dos psiquiatras".

Um problema "dos outros"

Psiquiatra no Centro Hospitalar Médio Ave, Mariana Duarte Mangas começou, logo no Internato, que terminou no ano passado, a apostar na promoção da literacia em saúde mental. Além da página “Saúde Mental para Todos” no Facebook e no Instagram, que criou durante a pandemia, quis escrever um livro, para todas as idades, e com “uma linguagem simples, acessível e ancorada em ilustrações”.

“Ter uma doença mental não é o mesmo que ter um braço partido ou hipertensão; é uma patologia que continua a ser pouco compreendida, estigmatizada e alvo de preconceito e discriminação”, realça. Uma realidade que ainda gera na sociedade a ideia “dos outros”, apesar de, segundo diz, “quase todos nós (diria que sem exceção) já termos sentido dificuldades”.

Apesar de qualquer pessoa poder beneficiar com o conteúdo da obra, a autora pensou num formato que atraísse os mais jovens, por ser na adolescência que surgem, com maior frequência, determinados problemas.

“Quero, de uma forma lúdica e descontraída, partilhar informação, para que cresçam mais informados e consigam reconhecer, gerir e prevenir determinadas patologias, como perturbações da ansiedade, entre outras", explica Mariana Duarte Mangas.


Mariana Duarte Mangas 

"É possível ter qualidade de vida, apesar da doença”

Em suma, a ideia é transmitir uma mensagem de otimismo, porque, segundo diz, existe “tratamento e é possível ter qualidade de vida, apesar da doença”. Desta forma, a psiquiatra espera poder “cravar um prego no estigma”, que acaba por ser “uma barreira” para se pedir ajuda e, por conseguinte, para um diagnóstico precoce.

Na prática, indiretamente, o livro poderá ser também um benefício para os profissionais de saúde, ao facilitar a forma como cada um vê a doença mental. “Apenas um quarto das pessoas recebe tratamento; muitas não vão ao médico por terem vergonha ou medo. Combater o estigma tem repercussões muito positivas na pessoa doente e na prática psiquiátrica.”

Mariana Duarte Mangas, 41 anos, é natural de Vieira do Minho e, antes da Psiquiatria, licenciou-se em Biologia. A mudança para Medicina aconteceu por ser “fascinada pela mente humana”. O Internato de Formação Específica decorreu na Unidade de Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e no Hospital de Braga.

O prefácio do livro, da Edições Afrontamentos, é de Ana Matos Pires, diretora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da ULSBA, o posfácio é do conhecido psiquiatra Júlio Machado Vaz e a ilustração é de Mariana Mangas, arquiteta e prima da autora.


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