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Homenagem a Carlos Freire de Oliveira: «reconhecimento pela obra do ginecologista»

Carlos Freire de Oliveira foi agraciado, aos 74 anos, com o Prémio de Mérito Científico de Obstetrícia e Ginecologia 2017. O galardão foi entregue no âmbito da sessão de abertura do 21.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, que teve lugar em Coimbra. 

Homenagear o papel do ginecologista, do académico e do homem

Esta distinção é “o reconhecimento pela obra do ginecologista, do académico e do homem”, afirmou Daniel Pereira da Silva, presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG).

Por um lado, é o reconhecimento da obra do ginecologista que, conforme disse o presidente da FSPOG, “praticou e pratica esta disciplina médica com a profundidade e o humanismo de quem ama, mas igualmente com a inquietude de quem procura compreender, procura servir, procura o melhor”.

Daniel Pereira da Silva destacou o papel de Carlos Freire de Oliveira na fundação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, na reforma de todo o internato da especialidade, quando era presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, e na criação e afirmação da FSPOG enquanto estrutura científica representativa das sociedades científicas da área da saúde da mulher.

Este prémio homenageia e enaltece igualmente “o académico e brilhante professor que engrandeceu e projetou a Escola de Ginecologia de Coimbra” e que, de acordo com o presidente da FSPOG, se caracteriza pelo “espírito aberto, a opinião franca, a capacidade de ouvir, a singeleza da observação oportuna, a argúcia científica, a inquietação da pergunta, a necessidade da resposta e a capacidade de procurar e estimular o desvendar de novos mundos”.

O galardão distingue também o homem com “atitude vertical que faz opções fundamentadas, que concilia uma capacidade singular de criar, de ver o essencial, de conceber consensos, a inteligência, a elegância no trato e o reconhecimento genuíno do contributo de com quem ele colabora”.

Na opinião de Daniel Pereira da Silva, Carlos Freire Oliveira “está entre aqueles que transformam informação em conhecimento e conhecimento em saúde”.


Carlos Freire de Oliveira com a família.

“Ninguém pode desejar mais do que um reconhecimento dos seus pares”

Ao usar da palavra, Carlos Freire de Oliveira, que foi o presidente de honra do 21.º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, começou por agradecer ao júri do prémio a atribuição desta distinção e saudou os anteriores vencedores: Luís Mendes Graça (2010) e António Pereira Coelho (2014).

“Com uma carreira profissional de cerca de 50 anos, ninguém pode desejar mais do que um reconhecimento dos seus pares. A atribuição deste prémio tem para mim um significado muito especial, por emanar das sociedades científicas que integram a Federação”, afirmou.

Dedicando o prémio à sua família, presente na assistência, Carlos Freire de Oliveira afirmou acreditar na sorte, sublinhado, porém, a importância do trabalho e de se ser persistente e teimoso.

Em 12 items, Carlos Freire de Oliveira expôs a sorte que, como referiu, o tem “bafejado”:

1.º Por ser filho de um pai e de uma mãe que o educaram com carinho num ambiente familiar saudável e que, como todos os pais, se sacrificaram para o educarem e permitiram que seguisse a sua vocação desde criança: ser médico;

2.º Por ser açoriano e ter podido ir mais além atravessando o mar do Atlântico;

3.º Por, apesar de não ter tido média de 20, 19 ou sequer 18, ter ingressado na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e ter terminado a licenciatura que sempre desejou alcançar;

4.º Por ter podido encontrar a sua esposa, Maria Helena Saldanha, logo no primeiro ano da Faculdade e com quem está junto há mais de 56 anos, e por a mesma ter a capacidade intelectual que lhe é reconhecida;


5.º Por ter dois filhos que têm carreiras profissionais que correm conforme as suas vocações e por ter cinco maravilhosos netos;


6.º Por ter sido aceite no Serviço de Ginecologia dos HUC, onde pôde treinar para ser ginecologista, especialidade que era a sua primeira e única prioridade;


7.º Por ter sido convidado para seguir uma carreira académica, sendo, na altura, consequência da legislação, um dos poucos médicos que não fez serviço militar e não foi obrigado a ir à Guerra em África;


8.º Por ter tido uma carreira profissional no Serviço de Ginecologia dos HUC, reconhecido como um dos melhores do país e por contar com uma peleia de colaboradores competentes e dedicados;

9.º Por ter tido uma vivência pouco frequente nas faculdades de Medicina, onde havia três professores catedráticos da mesma disciplina que sempre se respeitaram e conviveram por longos anos (Henrique Miguel e Agostinho Almeida Santos, além do próprio);


10.º Por, em conjunto com “magníficos” colaboradores, ter alcançado “algum êxito” no Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia da OM e nas sociedades cientificas em que esteve envolvido. Nos últimos anos, a sua atividade estendeu-se à Liga Portuguesa Contra o Cancro, onde tem contado com a colaboração de voluntários e colaboradores;


11.º Por lhe ter sido proporcionada a experiência de viver alguns anos em Paris, permitindo-lhe participar em organizações científicas europeias.

 
12. º Por lhe ter sido atribuído este prémio e poder agradecer a todos os que contribuíram para que tal pudesse suceder.

 


A entrega do galardão foi feita por Luís Mendes Graça, um dos vice-presidentes da FSPOG e vencedor deste prémio em 2010, e por Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos.

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