Eficiência do SNS requer «a valorização do conhecimento científico dos profissionais»
A convicção de que a eficiência organizacional exige uma boa comunicação e motivação justificou que se tenha escolhido este tema para ser a base do debate no âmbito do IV Encontro de Enfermagem do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, evento presidido pela enfermeira diretora do CHUC, Áurea Andrade, e que se realizou no último dia de janeiro.
Aquela responsável foi muito clara quando referiu, na intervenção que proferiu na sessão de abertura do evento, que o desempenho das organizações de saúde, em particular de um centro hospitalar como o CHUC, “requer, sem qualquer dúvida, um forte e intencional investimento na valorização do conhecimento científico dos seus profissionais e na sua fidelização”.
No seu entender, esse será um aspeto essencial a salvaguardar numa estrutura como a do CHUC, que “é referência no SNS e que se distingue, sobretudo, pelos elevados padrões de humanização, pela excelência e qualidade dos cuidados e pela competência e diferenciação técnico-científica dos seus profissionais”.
“Pensar a eficiência organizacional exige reflexão sobre os processos comunicacionais e motivacionais”, afirmou Áurea Andrade. E ela também só se concretizará “se houver uma forte consciência do valor da multiprofissionalidade e interdisciplinaridade na abordagem dos processos de trabalho e na sua gestão aos diferentes níveis”.
Áurea Andrade
Quanto à motivação das pessoas, “o capital mais precioso nas organizações”, a enfermeira diretora do CHUC referiu alguns fatores conhecidos, como o sentido, a ética, a autonomia, o reconhecimento, o relacionamento e o prazer. Citou mesmo Confúcio: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”
Mudar paradigma para "gerar maior eficiência”
Para “manter vivo e saudável o Serviço Nacional de Saúde” será necessário, no entender de Áurea Andrade, que se verifique “uma mudança de paradigma na gestão das organizações e na prestação de cuidados, de forma a gerar maior eficiência”.
Por outro lado, “é preciso que as instituições se abram para além dos seus muros”. E ainda “investir na integração e continuidade de cuidados e encontrar formas inovadoras, através das novas tecnologias, para reinventar e desburocratizar os atuais modelos de organização e de prestação de cuidados”.
O contributo para a transformação do SNS passará pela “inovação e implementação de processos de prestação de cuidados em rede, com particular enfoque na proximidade ao cidadão e à rede de apoio familiar”.
Rosa Reis Marques, Fernando Regateiro, António Sales, Regina Bento e Áurea Andrade
Para além de António Sales, secretário de Estado da Saúde, Rosa Reis Marques, presidente da ARS Centro, e da vereadora Regina Bento, da CM de Coimbra, a sessão de abertura também contou a presença de Fernando Regateiro, presidente do Conselho de Administração do CHUC, que afirmou:
“Nós temos um universo limitado de recursos, sejam materiais ou humanos. Podemos fazer mais se soubermos comunicar, se soubermos motivar e se soubermos correr em conjunto.”
Fernando Regateiro
O Encontro, que decorreu no auditório do CHUC, reuniu um painel de duas dezenas de oradores. Nadim Habib, professor na Nova School of Business e Economics, da Universidade Nova de Lisboa, proferiu uma conferência sobre motivação profissional.
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