Academia Médica: 10 edições a «valorizar os médicos de família da região de Aveiro»

Quase três dezenas de médicos internos de Medicina Geral e Familiar (MGF) da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULS RA) organizaram, em junho, a Academia Médica 2024. "A 10.ª edição tem um gosto especial", reconhece Sofia Carvalho, presidente da Comissão Organizadora.

Em declarações à Just News, a responsável afirma que "é muito enriquecedor e gratificante contribuir para o crescimento deste projeto, criado por médicos internos que hoje são orientadores de alguns de nós e que continuam a acompanhar e a participar, de uma ou de outra forma, na Academia Médica".

E acrescenta: "Cremos que o trabalho levado a cabo durante estes anos coloca a Academia Médica como o principal congresso de Medicina Geral e Familiar da Região de Aveiro, permitindo valorizar os Médicos de Família da região e melhorar a prestação de cuidados aos utentes".



CDC.MGF: "Além das fronteiras da região de Aveiro"


Organizado pelo Centro Dinamizador de Conteúdos em Medicina Geral e Familiar (CDC.MGF), este projeto acolhe médicos internos e especialistas, em particular de Medicina Geral e Familiar, mas não só. 

"Ao longo das suas edições, a Academia Médica tem sido visitada por colegas de outros pontos do país, permitindo expandir a sua influência além das fronteiras da região de Aveiro. Temos inscrições de outras cidades próximas, como Viseu, Coimbra ou Porto e a participação também de alunos de Medicina", adianta Tiago Santos, vice-presidente da Comissão Organizadora.


Sofia Carvalho e Tiago Santos 

Uma novidade que "permitiu demonstrar a importância da integração de cuidados"

Além dos diferentes temas abordados em cada edição, sempre com relevância para a prática clínica em Medicina Geral e Familiar, a Academia Médica 2024 trouxe uma novidade, conforme explica Tiago Santos:

"Este ano, para a maioria das sessões de auditório, convidámos um orador da especialidade do tema abordado e um orador da especialidade de MGF, com o intuito de trazer a perspectiva do médico de família acerca dos temas abordados e discutir casos do nosso dia-a-dia."

E, na sua opinião, os resultados foram bastante positivos, já que "a dinâmica criada foi muito interessante e teve um impacto positivo na qualidade das sessões, permitindo demonstrar a importância da integração de cuidados e da comunicação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares".



Cancro da próstata: "A intervenção não se limita à referenciação para os cuidados hospitalares"

Uma das sessões que foi abordada no auditório foi dedicada à Urologia, com o foco na hiperplasia benigna da próstata e o carcinoma da próstata. Especificamente quanto ao cancro da próstata, Sofia Carvalho lembra que "o papel do médico de família não se limita à referenciação para os cuidados hospitalares" e desenvolve a ideia:

"Para além da referenciação de doentes em que existe suspeita de carcinoma da próstata (por elevação do PSA e/ou toque retal suspeito) e da referenciação urgente de doentes com suspeita de doença metastizada, cabe ao médico de família fazer o acompanhamento dos doentes ao longo do processo de tratamento, nomeadamente participando na vigilância clínica pós-operatória."

E após a alta hospitalar? "É o médico de família que faz o acompanhamento destes doentes, nomeadamente o controlo oncológico e a avaliação de possíveis recidivas", salienta.

Tiago Santos reforça precisamente esta ideia do médico de família "ter um papel preponderante na prevenção e no diagnóstico precoce das doenças oncológicas, assim como na referenciação atempada. Deve também fazer o acompanhamento dos doentes oncológicos durante e após o tratamento".

Considera que a sua relevância explica-se facilmente, pois trata-se de "um médico próximo e em quem os utentes confiam, poderá ter um papel preponderante no acompanhamento deste processo, por vezes tão desafiante para estes doentes, nomeadamente na gestão dos efeitos secundários dos tratamentos, mas também fazendo articulação com outros recursos que podem ser benéficos para estes doentes, como o apoio psicológico ou domiciliário". 



Dicas para otimizar o tempo em tarefas burocráticas

A sessão “Burocracias em MGF” teve a particularidade de ser a única sessão de auditório que contou só com uma palestrante: Inês Rosendo, médica de família na USF Coimbra Centro e Professora Auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

O motivo explica-se "por ser um tema ´exclusivo` da nossa especialidade", refere Sofia Carvalho. Assim, o objetivo desta sessão foi "dar a conhecer as regras e estratégias para lidar com os procedimentos burocráticos mais comuns na especialidade de MGF, nomeadamente a emissão dos mais diversos tipos de atestados e certificados de incapacidade temporária".

Foi ainda uma oportunidade para "transmitir algumas dicas para conseguirmos otimizar o tempo que despendemos nestas tarefas burocráticas, que se podem tornar um desafio no dia-a-dia atribulado de um médico de família".



"Conseguimos ultrapassar as dificuldades"

"O balanço da Academia Médica 2024 é bastante positivo", afirma Sofia Carvalho, indicando que a Comissão Organizadora integrou 26 médicos internos de MGF da ULS RA, "de diferentes anos de formação e alocados em unidades de diversos locais da área de abrangência da ULS RA, incluindo unidades na cidade de Aveiro e periferia, mas também em Ovar, Estarreja, Ílhavo e Águeda".


Na sua opinião, "a integração da CO da Academia Médica, bem como ser membro da associação CDC.MGF, constituiu uma excelente oportunidade para ficarmos a conhecer colegas com os quais, de outra forma, dificilmente contactaríamos. É também uma mais valia contar com as perspetivas de colegas das mais diversas proveniências e, por outro lado, poder distribuir o trabalho por vários ´pares de mãos`."

Tiago Santos reconhece que, por vezes "foi, de facto, desafiante conciliar as sugestões de todos e manter a coesão". No entanto, "com um grande espírito de equipa, conseguimos ultrapassar as dificuldades, manter os pergaminhos de qualidade da Academia e oferecer aos participantes um congresso médico de excelência e capaz de elevar a Medicina Geral Familiar e a prestação de cuidados".

Para além da componente científica, destaca "os momentos de carácter cultural, como o Workshop de Ovos Moles que oferecemos aos participantes, ou o pequeno momento lúdico (com a participação dos autores do Jornal da USF Arco da Velha) que tivemos durante a sessão de encerramento foram muito bem acolhidos pelos participantes, mostrando-se ótimas oportunidades de descontração entre as restantes sessões".



"Seguiremos o nosso percurso"

Sofia Carvalho faz ainda questão de destacar o "esforço incansável da Comissão Organizadora e da Comissão Científica", assim como o contributo dos oradores e de "todos os patrocinadores do evento, sem esquecer os participantes, muitos dos quais nos visitam em várias edições consecutivas e sem os quais a Academia Médica não seria possível".

Quanto ao futuro? "Seguiremos o nosso percurso com a vontade de trazer uma nova Academia Médica, mantendo os elevados índices de qualidade e aperfeiçoando os erros que identificamos e auscultamos junto dos nossos participantes e parceiros."

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