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«A opção por diálise peritoneal é ainda bastante inferior ao que se esperava, face aos benefícios»

Estima-se que, em Portugal, aproximadamente 10% da população sofre de insuficiência renal crónica (IRC), doença cujo tratamento é essencial para ajudar a mitigar a sua progressão, controlar os sintomas e permitir ao doente uma melhor qualidade de vida.

Segundo os últimos dados disponíveis, a hemodiálise continua a representar a principal técnica de substituição da função renal, com mais de 90% dos doentes em tratamento em Portugal. Segundo dados da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, cerca de 12 500 doentes realizam hemodiálise, cerca de 800 em diálise peritoneal e os restantes são transplantados.


Edgar Almeida

Mudanças com "com impacto positivo na qualidade de vida do doente"

Para Edgar Almeida, nefrologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), não há qualquer dúvida de que "a opção por diálise peritoneal é ainda bastante inferior ao que se esperava face aos benefícios previstos".

E que benefício são esses? O médico lembra, antes de mais, que a gestão da IRC requer consultas regulares e deslocações frequentes do doente ao hospital, com encargos elevados a nível de tempo, comodidade, disponibilidade e custos. A maioria dos doentes faz tratamento de substituição da função renal, no domicílio (peritoneal) ou numa clínica/ hospital (hemodiálise).

E esclarece que com a redução da necessidade do número de visitas não planeadas ao hospital, proporcionada pela DP, torna-se assim possível diminuir os custos relacionados com essas deslocações e o tempo alocado, "com impacto positivo na qualidade de vida do doente".

Do ponto de vista clínico, o acesso rápido aos dados específicos do tratamento permite um "acompanhamento mais proativo" por parte dos profissionais de saúde, uma "deteção mais rápida de problemas associados ao tratamento", uma monitorização mais próxima e frequente, bem como uma "maior disponibilidade para o suporte adequado". 

Segundo Edgar Almeida, “é importante que, na fase de decisão, os doentes possam contactar com outros doentes em diálise peritoneal para que a sua decisão seja bem fundamentada". E lamenta que, "apesar de todos os esforços de informação, os profissionais de saúde não são capazes de transmitir por completo a vivência da diálise peritoneal".

Nefrologia e desenvolvimento sustentável

O presidente da SPN faz ainda referência a um conjunto de especificidades da Nefrologia, que são "geradoras de impactos ambientais significativos", indicando que, das diferentes técnicas de substituição da função renal, a hemodiálise é a que "consome mais recursos e gera mais resíduos", sendo necessários, em média, 380 litros de água por sessão de diálise".

De acordo com Edgar Almeida, "estas especificidades estão associadas às técnicas dialíticas, mas, também, à transplantação renal, embora se considere que esta é a modalidade com menor impacto".

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