«A inclusão no contexto da Medicina é fundamental para um sistema de saúde justo e eficaz»
Abriram hoje as inscrições para o XXXI Encontro do Internato de Medicina Geral e Familiar (MGF) da Zona Norte, um dos principais eventos para médicos de família, que se realiza nos dias 16, 17 e 18 de outubro de 2024, na Exponor, e cuja organização está a cargo de médicos internos e especialistas de MGF da Direção de Internato Emílio Peres, da ULS São João.
"É de vital importância garantir o acesso igualitário à saúde"
"A inclusão começa em ti" foi o lema escolhido para esta edição, onde são aguardados mais de mil participantes. De acordo com Nuno Pereira, do Núcleo de Gestão da Comissão Organizadora, "a organização decidiu optar pelo tema da inclusão, pois consideramos que Portugal está a passar por mudanças populacionais significativas que nos trazem novos desafios na área da Medicina". E dá o exemplo do envelhecimento populacional e do aumento da imigração.
Assim, e "considerando estes factos", indica que se "geram obrigatoriamente novos desafios na área da saúde, que gostaríamos também que fossem discutidos no Encontro".
E sublinha que, "independentemente da raça, género, crenças religiosas, condição socioeconómica ou eventual deficiência presente em utentes, sendo a saúde um bem-essencial, é de vital importância garantir o acesso igualitário à saúde, assegurando que todos recebem o mesmo nível de cuidados".
Inês Pereira, que integra igualmente o Núcleo de Gestão, lembra que "grupos marginalizados frequentemente enfrentam piores resultados de saúde precisamente devido a barreiras de acesso", sublinhando que "a inclusão no contexto da medicina trabalha de modo a identificar e eliminar a essas barreiras".
Na sua opinião, "é um componente fundamental para um sistema de saúde justo e eficaz, que responde às necessidades de uma sociedade diversificada, tal como a nossa se tem vindo a tornar."
Mariana Almeida, o terceiro elemento do Núcleo de Gestão, adianta que este foco na inclusão levou a equipa a decidir dar destaque a médicos envolvidos em projetos de voluntariado: "Neste momento estamos a incluir no nosso programa uma palestra dedicada à Medicina Humanitária, contando já com com algumas confirmações de palestrantes, que serão divulgadas a seu tempo nos nossos meios oficiais."
E acrescenta: "Naturalmente, consideramos que o voluntariado enriquece significativamente a carreira de um médico, no sentido em que contribui para formar médicos mais completos, e igualmente importante, mais empáticos."
Proporcionar aos orientadores em MGF um momento de partilha entre pares
Um dos aspetos que caracteriza o EIMGFZN é o de envolver ativamente os orientadores de formação e, este ano, não é exceção. "Reservámos, aliás, a primeira manhã do 1.º dia do encontro – 16 de outubro – especificamente para o 2.º encontro dos orientadores", refere Inês Pereira, afirmando que "é especialmente importante termos no evento um momento dedicado à partilha de experiências entre os mesmos". E o motivo é fácil de explicar:
"Julgamos que a relação médico interno-orientador no internato de Medicina Geral e Familiar é de certa forma diferente em comparação com as restantes especialidades. Estão muito mais presentes em toda a nossa formação, e consultamos a sua lista de utentes, a qual aprendemos a gerir em conjunto."
Mariana Almeida reforça esta ideia, salientando que "um orientador em Medicina Geral e Familiar oferece uma atenção individualizada que, muitas vezes, não é possível num ambiente hospitalar. Isto permite uma melhor adaptação às necessidades de aprendizagem específicas do seu médico interno."
Nesse sentido, adianta que a Comissão Organizadora considerou "indispensável um momento para os mesmos, precisamente para fomentar o brain-storming, a troca de impressões e de feedback e, de certa forma, para ajudar a desenvolver as suas próprias capacidades interpessoais". Sempre com o propósito final de "melhorar e aproveitar a sua relação de 4 anos de internato (no mínimo!) com os seus médicos internos".
E qual o objetivo mais específico deste momento de partilha? Mariana Almeida esclarece que foi sugerido "existir um workshop/palestra concretamente dirigida à discussão dos objetivos da nossa grelha curricular, de modo a que todos os orientadores estejam cientes das tarefas que temos de realizar ao longo do internato, de modo a nos auxiliar no cumprimento dos mesmos".
Os três elementos do Núcleo de Gestão com a diretora de Internato Emílio Peres: Nuno Pereira, Inês Pereira, Maria José Corral (diretora de Internato) e Mariana Almeida
Uma orientadora muito especial, "presente em todas as nossas reuniões"
De acordo com Nuno Pereira, a Comissão Organizadora conta com "uma ajuda preciosa na preparação do nosso encontro e do encontro dos orientadores".
O médico interno refere-se a Maria José, Diretora de Internato Emílio Peres, ela própria uma orientadora de formação: "Tem estado presente em todas as nossas reuniões, é uma pessoa muito empática e acessível, que valida muitas das nossas ideias e expectativas, ao mesmo tempo que traz mais ideias para cima da mesa."
Por outro lado, e "sendo uma médica com uma carreira mais longa, obviamente, que a dos internos, tem imensos contactos e conhecimentos (na Medicina e não só) que nos têm sido deveras úteis no que a toca à captação de possíveis palestrantes e de alguns apoios para o 31.º EIMGFZN".
"O trabalho tem sido imenso"
Não falta trabalho na organização de um dos principais eventos de Medicina Geral e Familiar do país. Inês Pereira assegura que "todos estão empenhados a trabalhar neste projeto, mas ao mesmo tempo todos estão relativamente confortáveis nesse sentido. Os membros da comissão organizadora já tinham colaborado noutros congressos de internos (em menor escala, mais regionais), pelo que todos se conhecem, e todos se sentem à vontade entre si."
Assegura que "o trabalho tem sido imenso, temos tido reuniões regulares, tanto entre departamentos como em conselho geral, de modo a estabelecer e distribuir tarefas, atualizando todos os membros em relação ao estado em que cada departamento se encontra".
Ao mesmo tempo, afirma que "cada membro da equipa se sente valorizado e encorajado a contribuir, sabendo que as suas opiniões são sempre reconhecidas e apreciadas. Além disso, trabalhar num congresso em equipa permite-nos desenvolver habilidades interpessoais cruciais."
E que mais valias traz para quem está envolvido na organização? "A resolução de conflitos, a empatia, a capacidade de negociação e a construção de um consenso são competências que se aprimoram naturalmente através da colaboração. Estas capacidades não são apenas essenciais para o sucesso do atual projeto, mas também para o crescimento pessoal e profissional de cada membro da nossa equipa."
"A arte num congresso não é apenas um adorno"
Com o 31.º EIMGFZN surge um novo departamento no âmbito da estrutura habitual da Comissão Organizadora. "Decidímos criar um novo departamento – o Departamento Cultural, pois achámos que seria uma mais valia, tendo em conta o facto do congresso ser puramente presencial, este ano", afirma Mariana Almeida.
Como o próprio nome dá a entender, o objetivo é o de "promover e valorizar a cultura nas suas diversas formas". Nesse sentido, o programa do Encontro contempla "alguns espaços para exibição e performance", refere a médica do Núcleo de Gestão. E adianta: "Teremos inclusivé uma exposição de arte permanente, e encontramo-nos em negociações para trazer algumas performances musicais, no contexto da inclusão, e ainda outras atividades interativas, algumas fora do espaço da EXPONOR."
Inês Pereira faz questão de acrescentar: "Consideramos que a arte num congresso não é apenas um adorno, mas uma ferramenta que pode enriquecer a experiência dos participantes, e fortalecer o impacto do evento. Além disso, a inclusão de algumas diversões melhora a experiência dos participantes, promove a interação, e ajuda a criar um ambiente mais positivo e memorável."
Podem ser consultadas mais informações sobre o 31.º ENMGFZN aqui.