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«A arquitetura hospitalar não facilita o controlo da infeção»

“A higienização das mãos é importante, mas, no controlo da infeção hospitalar, pode não ser suficiente quando se tem uma casa de banho para muitos doentes.” O alerta é de Álvaro Ayres Pereira, infeciologista e coordenador do Grupo de Coordenação Local – PPCIRA do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).

“É preciso haver um investimento estrutural na arquitetura"

Em declarações à Just News, o médico salienta a importância das várias iniciativas realizadas no âmbito do Dia Mundial da Higienização das Mãos, assinalado no início deste mês.


Álvaro Ayres Pereira

No CHULN, mais concretamente, no Hospital de Santa Maria, juntaram-se vários profissionais para uma manhã de entrega de prémios e distinções e para alguns jogos didáticos. “O objetivo é sempre o mesmo: reforçar a ideia de como a higienização das mãos é essencial no controlo das infeções”, realça Álvaro Ayres Pereira.



Para o infeciologista, a pandemia da covid-19 veio reforçar a ideia de que é mesmo necessário lavar bem as mãos, mas, na sua opinião, deveria também servir de reflexão para outra questão. “A arquitetura hospitalar, sobretudo nos hospitais mais antigos, não facilita o controlo da infeção. A higienização das mãos faz a diferença, mas pode não ser suficiente.”

Exemplo disso é ter-se enfermarias com uma única casa de banho ou espaços pouco arejados. “É preciso haver um investimento estrutural na arquitetura.”



"Não basta lavar as mãos depois de tocar no doente"

A ideia é também defendida pela enfermeira do GCL-PPCIRA Carla Martins, que há muito luta para que todos os profissionais se lembrem do que implica o simples gesto de se esquecerem de lavar as mãos. “Não basta fazê-lo depois de tocar no doente, porque, dessa forma, apenas nos estaremos a proteger a nós próprios; antes, também deve ser uma prática habitual.”

Reconhecendo que a sobrecarga de trabalho pode pôr, por vezes, em causa esta medida, acredita, contudo, que o segredo está na interiorização de rotinas. “É possível e temos visto isso ao longo dos anos.”


Carla Martins

Um concurso “fora da caixa”

O que também pode ajudar é a organização de ações e iniciativas simbólicas, como o concurso de Fotografia deste ano. A equipa do GCL-PCIRA do CHULN lançou esta iniciativa para os profissionais da casa e recebeu, assim, 58 trabalhos.



A vencedora foi Ana Gusmão Palmeiro, médica interna de formação específica em Dermatologia no Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, mas que se encontra, atualmente, a fazer estágio no CHULN.

“Com esta fotografia quis passar a ideia de que todos somos importantes no controlo da infeção; achei que transmitia a ideia de força para continuar esta luta", refere a médica.

Ana Gusmão Palmeiro

Questionada sobre o que a levou a participar, realça o facto de ser uma atividade “fora da caixa” e “uma iniciativa proactiva, que estimula a criatividade e a união das equipas”.

 

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