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Opinião

Cuidados Paliativos: Fisiatria permite ao doente «atingir o seu estado de melhor funcionalidade»


Paula Silva

Fisiatra, Serviço de Cuidados Paliativos do IPO-Porto



Os Cuidados Paliativos são uma realidade crescente em todo o mundo e definem-se como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias que encaram uma doença ameaçadora da vida, proporcionando alívio da dor e de outros sintomas, suporte espiritual e psicossocial, desde o diagnóstico até ao fim da vida e no luto.

Ao afirmar que os Cuidados Paliativos pretendem melhorar a qualidade de vida, ajudando os doentes a viverem tão ativamente quanto possível até ao momento da sua morte e sabendo que a Medicina Física e de Reabilitação tem como objetivo final permitir ao doente atingir o seu estado de melhor funcionalidade, autonomia e qualidade de vida, torna-se evidente a possibilidade desta especialidade contribuir para o bem-estar e conforto destes doentes.

De uma forma geral, os artigos corroboram esta opinião. No entanto, salienta-se que nem as equipas de reabilitação têm ainda muita experiência com estes doentes, nem as equipas de cuidados paliativos têm experiência em abordagens de reabilitação.

Daqui resulta que uns se desmotivam pelo não atingimento dos ganhos funcionais habituais e outros persistem na ideia de ser fútil ou mesmo inapropriada a intervenção da reabilitação, defendendo que esta pode criar falsas expectativas.

Para ultrapassar esta aparente dicotomia é necessária a participação de fisiatras e de terapeutas com formação específica em cuidados paliativos – não basta fazer parte de uma equipa multidisciplinar levando o conhecimento de cada especialidade, é também necessário que cada especialista tenha conhecimentos em Cuidados Paliativos, para conseguir intervir de acordo com as necessidades e expectativas reais de cada doente com uma doença incurável e em progressão.


Paula Silva

O conhecimento das especificidades desta intervenção fez surgir um novo conceito de reabilitação. A reabilitação em sentido invertido, que tem por base a estruturação de um plano assente em objetivos concretos, bem direcionados e potencialmente atingíveis, antevendo e antecipando estratégias que atrasem e/ou contornem as consequentes perdas funcionais pelo tempo que for possível.

A par das dificuldades previsíveis relacionadas com a progressão da doença, muitas outras vão surgindo, interferindo no processo de reabilitação e obrigando a uma reavaliação quase constante. Mesmo quando os sintomas físicos estão razoavelmente controlados, fatores psicológicos e existenciais interferem na motivação e participação do doente.

Com o decorrer do tempo, os períodos de sonolência são progressivamente maiores, a astenia é crescente, mas o doente continua, frequentemente, a querer lutar pela sua remanescente capacidade funcional, sentindo-a como essencial no seu conceito de dignidade.

Pelo exposto, mesmo tendo em conta tratar-se de uma abordagem muito sucinta, se percebe a importância que pode desempenhar a MFR para o doente em Cuidados Paliativos.



Artigo publicado no Jornal do XIX Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação.

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