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Investigação de translação ocupa lugar de destaque na Cardiologia moderna




“A investigação científica faz parte integrante do conteúdo funcional de um cardiologista moderno, em conjunto com a prática clínica e com o ensino”, adverte Lino Gonçalves, cardiologista e professor da FMUC, adiantando que “muito frequentemente os cardiologistas são solicitados para, além da sua prática clínica de observação, diagnóstico e tratamento dos seus doentes, a participar ativamente na educação pré e pós-graduada de vários grupos profissionais de saúde”, não necessariamente restritos à Medicina.

Mas, acrescenta, “para além destas áreas clínicas e pedagógicas, um cardiologista é também intrinsecamente um investigador científico”. Segundo refere, esta investigação pode decorrer no contexto da participação em ensaios clínicos multicêntricos internacionais ou nacionais, registos clínicos, ou estudos clínicos por iniciativa de investigadores. “O interesse da investigação clínica vai muito para além dos seus aspetos curriculares ou de curiosidade intrínseca, mas seguramente tem a ver com a necessidade de compreender melhor a doença cardíaca de um ponto de vista clínico e avaliar novas formas diagnósticas e terapêuticas que possam resultar em melhores cuidados dos doentes cardiovasculares”, defende.

Nas palavras de Lino Gonçalves, a investigação translacional ou de translação tem vindo progressivamente a ocupar uma posição de destaque na Cardiologia moderna. “Se é verdade que a sua antecessora, a investigação básica, vivia frequentemente, salvo raras exceções, isolada, para não dizer de costas voltadas para os problemas clínicos, a investigação de translação aproximou-se muito mais da clínica no sentido de tentar, com as mais recentes técnicas de investigação fundamental, resolver os problemas que os clínicos têm no seu dia-a-dia”, menciona.

No seu entender, “se os cardiologistas atuais não entenderem o significado de algumas palavras que são fundamentais para a leitura e compreensão da literatura científica atual, dificilmente poderão entender muita da informação científica que lhes vai chegar num futuro muito próximo”.

E, acrescenta, “mais grave do que isso, correm o risco de num futuro muito próximo não virem a compreender os mecanismos e as tecnologias envolvidas no diagnóstico e terapêutica de muitas das doenças cardiovasculares. Isto é, correm o sério risco de praticar uma Medicina empírica”.

Para Lino Gonçalves, isso pode ser evitado procurando progressivamente, e de uma forma sustentada, adquirir o dicionário da linguagem da medicina de translação. “Está ao alcance de todos, desde que o queiram”, afirma, concluindo que “outros já há muito também tinham a mesma visão”.


Artigo publicado no Especial Cardiologia
da edição de maio de Jornal Médico

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