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Depressão pós-parto: «Somos aqueles que têm o dever de ´olhar... e ver...` esta patologia»


Catarina Pinto

Especialista de MGF, USF do Parque



A depressão pós-parto é uma entidade clínica definida e com critérios de diagnóstico bem estabelecidos. É reconhecida pelos profissionais de saúde como importante, tendo uma prevalência que varia entre 10 a 15%. Mesmo assim, é uma patologia que está subdiagnosticada e subtratada.

Um momento que ainda é culturalmente associado a uma felicidade extrema esconde um conjunto de fatores que podem mascarar e entorpecer a nossa perceção. Mas cabe aos profissionais de saúde, treinados e despertos para esta patologia, não deixar passar esta doença apenas por um redutor “estado de Graça”.

Com a pandemia a SARS CoV-2, múltiplos foram os estudos que demonstraram que o isolamento e a falta de apoio familiar e social tiveram efeitos na saúde mental da mulher no período pré-parto, parto e também no pós-parto. É, por isso, perentório olharmos para esta patologia de forma assertiva, atenta e holística.


Catarina Pinto

Na Medicina Geral e Familiar, e em particular nos cuidados de saúde primários, encontramos os recursos humanos mais próximos do utente, da família e da comunidade.

Somos, portanto, aqueles que têm o dever de “olhar... e ver...” esta patologia, intervindo nos vários níveis de prevenção, atuação, diagnóstico e tratamento da mesma.

São os CSP que devem acompanhar estes doentes porque cada interveniente – a mãe, o pai, ambos, a criança – podem precisar da visão holística da sua Equipa de Família e de todos os recursos que a comunidade pode oferecer, psicólogos, educadores de infância, saúde pública, assistentes sociais, agentes de segurança, cuidados de saúde secundários, fisioterapeutas... entre outros.

Cada vez mais a influência da comunidade social e digital tem um papel significativo neste período “de Graça”. Mas devemos questionar que tipo de efeito na saúde mental terá esta influência da comunidade e que consequências trará para estes doentes.



Nas VII Jornadas da USF do Parque demos a conhecer a nossa realidade, não diferente do restante país. Expondo programas de intervenção associadas à Maternidade Alfredo da Costa e ao Hospital Espírito Santo – Évora, onde a depressão pós-parto tem um acompanhamento muito cuidado e próximo, onde os recursos da comunidade são aproveitados em benefício dos seus doentes.

Mas todo este seguimento tem uma necessidade: recursos humanos.

É necessário conhecermos a nossa realidade, o contexto onde trabalhamos e a prevalência da doença para percebermos o que podemos oferecer aos nossos doentes e o que precisamos para melhorar.



Artigo publicado na edição de janeiro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários, no âmbito de um Especial dedicado às VII Jornadas da USF do Parque, que tiveram como tema central “A saúde mental ao longo do ciclo de vida”.

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