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Opinião

«A Excelência no Hospital Público»


Alexandre Lourenço

Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH)



O modelo atual de prestação de cuidados de saúde está longe de ser o ideal. Foram muitos os constrangimentos nos últimos anos, mas é preciso reconhecer que o Hospital Público tem sido incansável, revelando uma extraordinária capacidade de pontualmente se reinventar e de inovar para prestar os melhores cuidados de saúde, da forma mais eficiente possível.

Prova disso mesmo é o Healthcare Excellence, que a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) promove desde 2014 e que visa premiar as boas práticas implementadas nas nossas instituições de saúde. Ao longo destes anos, a adesão ao Prémio tem sido crescente, com um grande número de projetos candidatos que evidenciam claramente a dinâmica e a qualidade do trabalho que todos os dias é desenvolvido nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).



Projetos que procuram superar limites, que revelam ser verdadeiros casos de sucesso, com ganhos relevantes para os doentes. São, muitas vezes, ideias aparentemente simples, fáceis de adaptar, que exigem pouco ou nenhum investimento financeiro, mas que geram um elevado retorno quer para a sustentabilidade do SNS, quer para o bem-estar dos doentes e das suas famílias.

Falamos, por exemplo, de práticas implementadas nas unidades de saúde que possibilitaram diminuir o tempo médio de internamento após cirurgia, acelerar o processo de reabilitação de doentes vítimas de AVC ou facilitar o acesso aos serviços de saúde dos utentes através das plataformas digitais.

Temos consciência de que, frequentemente, os desafios são comuns às várias unidades de saúde. Ora, se existem boas práticas de saúde com resultados comprovados, por que não ser objetivo do Healthcare Excellence promover a sua replicação? Este é o apelo que queremos fazer a todos: que olhem para os muitos bons exemplos que temos em Portugal e que implementem nas suas instituições os projetos que fizerem sentido.



No passado dia 19 de outubro foram conhecidos os vencedores da 5.ª edição do Healthcare Excellence. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi o grande vencedor desta edição. O projeto apresentado pelo INEM tem como primeiro objetivo aumentar o número de vidas salvas em situações de paragem cardiorrespiratória. Não sendo possível recuperar a vida, o projeto pretende preservar órgãos para aumentar o número de transplantes.



A “Via Verde Reanimação” começou como projeto-piloto, em 2016, implementado no Centro Hospitalar de São João, no Porto. Coube ao INEM participar na definição dos circuitos, nomeadamente na referenciação dos doentes em paragem cardiorrespiratória, disponibilizar compressores cardíacos externos nas viaturas médicas de reanimação (VMER) e garantir a formação dos profissionais médicos e enfermeiros que tripulam as VMER e dos médicos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Num ano de projeto-piloto, em 36 casos de paragem cardiorrespiratória encaminhados pelo INEM, foram recuperadas 4 vidas, feitas 44 doações e realizados 33 transplantes renais.
Números que superaram largamente a expectativa inicial da equipa.

Depois do sucesso do projeto-piloto, foi já aplicada a mesma metodologia na região da Grande Lisboa, envolvendo dois centros hospitalares, e está prevista a implementação do projeto no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Em 2018, tendo em mente a expansão nacional da “Via Verde Reanimação”, o INEM investiu ainda na aquisição de compressores para a totalidade dos meios SAV em Portugal Continental (42 VMER e quatro helicópteros) e na formação dos operacionais das VMER, SHEM e médicos do CODU.



A primeira menção honrosa foi para o projeto “Utilizadores Frequentes do Serviço de Urgência do Hospital Garcia de Orta”, do Hospital Garcia de Orta e do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Almada-Seixal. Este projeto consiste na implementação de um plano de intervenção para redução do número de episódios de utilizadores muito frequentes das urgências (utentes que realizam mais de 10 episódios em 12 meses).



Houve ainda a atribuição de uma segunda menção honrosa ao Centro Hospitalar da Cova da Beira, que apresentou o projeto “Telemonitorização de doentes com insuficiência cardíaca crónica (ICC)”.

O programa consiste num sistema inovador de acompanhamento e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos doentes. Com o projeto, tem sido possível contribuir para a deteção precoce de episódios de descompensação, diminuir e prevenir hospitalizações, reduzir custos financeiros através da diminuição de episódios de urgências, internamentos e consultas presenciais.



Os projetos apresentados mostram que, apesar de todas as dificuldades impostas externamente, todos trabalhamos diariamente para garantir a melhoria dos cuidados de saúde. Esperamos que as ideias apresentadas sirvam de inspiração e que motivem outras instituições de saúde a replicar estes projetos.

A Excelência no Hospital Público existe – temos a prova, e recomenda-se.



O artigo pode ser lido no Hospital Público de novembro.
Distribuído em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, o jornal Hospital Público promove uma partilha transversal de boas práticas e de iniciativas desenvolvidas por profissionais dos hospitais públicos. Distingue-se pelo conteúdo extremamente rico, pelo conceito inovador e pelo excecional alcance.

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