Saúde Materna nos cuidados primários: «fomos ao encontro das dúvidas das grávidas»
Foi no Jardim da Bacalhôa que profissionais da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) Azeitão se reuniram com algumas grávidas, precisamente no Dia Nacional da Natalidade, habitualmente designado Dia da Grávida, assinalado a 9 de setembro.
“Foi a primeira vez que realizámos esta iniciativa na comunidade, num espaço mais informal e mais agradável, com o objetivo de abordar algumas temáticas importantes e de permitir a troca de experiências”, explica Patrícia Duarte, enfermeira especialista em Saúde Materna e Obstetrícia do Núcleo de Saúde Materna da UCSP.
Na iniciativa participaram sete grávidas e dois companheiros que ouviram falar sobre temáticas, como comunicação intrauterina, vacina TDPA na grávida, sinais de trabalho de parto e Programa Nacional de Diagnóstico Precoce – “Teste do Pezinho”. 
"Espaço mais informal, sem o condicionamento de tempo"
“Fomos ao encontro das dúvidas e dos interesses das grávidas que são acompanhadas na UCSP. No caso da vacina TDPA, foi uma forma de desmistificar as ideias que ainda existem em torno da vacinação nesta fase da vida, porque, após informação, a adesão é maior”, afirma Patrícia Duarte.
A decisão dos profissionais em sair das instalações da UCSP tem certamente as suas vantagens. “É muito mais agradável estar num espaço mais informal, sem o condicionamento de tempo que se sente na consulta.” Além disso, acrescenta, “as grávidas partilharam experiências umas com as outras, além de estarem mais predispostas para ouvir e aprender”.
Maior envolvimento com todos, "quer grávidas como familiares"
Joana Coelho, médica de Medicina Geral e Familiar (MGF), também integra o Núcleo de Saúde Materna da UCSP Azeitão, tendo participado igualmente na iniciativa. Para a especialista, “estas ações formativas são fundamentais para qualquer grávida, nomeadamente, as que não têm médico de família".
“Na UCSP, todas as mulheres são acompanhadas na gravidez, mesmo quando não têm médico atribuído. Mas estas iniciativas são muito relevantes pelo envolvimento que criam entre todos, quer grávidas como familiares.”
Outro aspeto realçado é a componente formativa para os internos de formação específica em MGF, "sendo uma mais-valia na sua formação", afirma Joana Coelho. E salienta: "É importante apostar na proximidade com a comunidade desde o internato.”
Francisco Vaz Antunes, Joana Coelho, Margarida Pereira e Patrícia Duarte
"É preciso desconstruir vários mitos"
O evento contou, precisamente, com a participação do médico interno Francisco Vaz Antunes, que também considerou ser uma atividade essencial nos cuidados de saúde primários (CSP). E, ainda sobre o impacto da ação junto das grávidas, o futuro especialista enfatiza a mais-valia das informações que são prestadas por profissionais de saúde:
“Existe muita informação dispersa, pouco clara, e é preciso desconstruir vários mitos. Um dos nossos objetivos passou precisamente por uniformizar o que é preciso saber nesta fase da vida – inclusive através de panfletos -, explicando que cada caso é um caso e que as mães não têm de saber tudo.”
Quem apoia desde o início a iniciativa é Margarida Pereira, coordenadora da UCSP Azeitão, que vê nestas ações um benefício para as utentes mas também para os profissionais de saúde. Questionada sobre as dificuldades que se têm de enfrentar em termos organizativos, garante que não são assim tantas.
“Estamos de facto sobrecarregados de trabalho assistencial, muito também por causa dos utentes sem médico de família, mas acabou por ser fácil. O segredo está nas pessoas que mostraram um enorme empenho.”
Aleitamento materno
Relativamente ao futuro, a enfermeira Patrícia Duarte, adianta que, "dada a recetividade e o clima de satisfação com que o encontro encerrou, este será, por certo, o primeiro de vários no âmbito da Saúde Materna".
Aliás, o próximo tem já um tema definido: “Aleitamento Materno”, um dos temas propostos pelas grávidas.
