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«Se não atuarmos já, em 2040 a doença renal crónica será a 5.ª causa de mortalidade no mundo»

É com o objetivo de "promover a saúde renal" que o Serviço de Nefrologia da Unidade Local de Saúde Algarve, dirigido por Ana Paula Silva, vai realizar uma sessão de sensibilização na Universidade do Algarve, complementada por dois focos de intervenção no concelho de Faro. Uma iniciativa onde os profissionais pretendem "sair das fronteiras do hospital" e ir ao encontro da população.

“Tendo a doença renal crónica terminal uma elevada incidência no nosso país, comparativamente a outros países da Europa, e estimando-se que, em 2040, a doença renal crónica será a 5.ª causa de mortalidade e mobilidade no mundo, esta sessão visa sensibilizar a comunidade para os cuidados a ter com o rim”, começa por referir a nefrologista.

Esta ação enquadra-se no projeto “Literacia em Saúde Renal na população algarvia”, que vem sendo promovido por este Serviço desde 2021. Este evento insere-se particularmente no segmento da prevenção, procurando “alertar a população do barlavento ao sotavento para a problemática da doença renal, nomeadamente os fatores de risco e os cuidados a ter numa ótica preventiva”.


Ana Paula Silva

A nossa interlocutora adianta que “quanto mais cedo acontecer a deteção precoce das alterações – nomeadamente a relação albuminúria/ creatininúria – mais prontamente conseguiremos implementar medidas de correção dos fatores de risco modificáveis, que correspondem à diabetes, hipertensão, obesidade e fatores tabágicos, e fomentar estilos de vida saudáveis, através da prática de exercício físico, por exemplo, algo que é transversal a todas as doenças crónicas”.




“Um órgão que é fundamental para o equilíbrio interno e cuja doença é silenciosa”

A diretora do Serviço sublinha a necessidade de “a comunidade estar alerta para um órgão que é fundamental para o equilíbrio interno e cuja doença é silenciosa, instalando-se muitas vezes sem originar quaisquer sintomas”. Tal resulta, frequentemente, no contacto com os doentes “apenas no Serviço de Urgência, quando estão em situações terminais e, do ponto de vista preventivo, já não há nada a oferecer, podendo apenas ser disponibilizada a técnica de substituição de função renal”.

Entendendo que “a incidência da doença está a aumentar provavelmente porque não está a haver uma sensibilização adequada para a prevenção e deteção precoce”, a médica defende que “é preciso investir fortemente na prevenção, através do apelo à população para a mudança de hábitos que possam estar a gerar fatores de risco responsáveis pelo aumento da incidência da doença renal, que pode refletir-se dentro de poucos anos”.

Acreditando estarmos ainda “dentro do timing adequado para intervir”, Ana Paula Silva não duvida que “esta tendência ainda possa reverter-se se atuarmos já”.

O evento tem data marcada para esta 5.ª feira, dia 14 de março, às 18 horas, no Auditório 1.5 do Polo da Penha, que integra a Universidade do Algarve. A sessão arrancará com a abordagem do papel do rim na saúde do indivíduo, seguindo-se um momento musical promovido pelo grupo de jazz The Lighthousers, para que, “num ambiente lúdico, a comunidade compreenda que, através uma intervenção precoce, é possível ter qualidade de vida”.

A audiência contará ainda com a partilha de um testemunho de um doente que esteve dependente de hemodiálise e de diálise peritoneal, relativo ao impacto da doença renal no quotidiano. O encontro termina com a projeção de um vídeo sobre a prevenção da doença renal, elaborado pela equipa do Serviço.

No mesmo dia, haverá ainda dois outros momentos de sensibilização para a prevenção da doença renal, no Fórum Algarve, com a divulgação do vídeo, e na freguesia de Montenegro, com uma sessão dinamizada pelos profissionais do Serviço de Nefrologia, na qual participará uma nutricionista, que irá abordar temáticas sobre uma alimentação saudável, seguida de um lanche para exemplificar hábitos saudáveis.


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