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Pseudodemências: há casos de depressão «mal diagnosticados, tratados como demências»

“A depressão mascara-se e transforma-se, parecendo uma demência, quando na verdade não é. São as pseudodemências”, disse à Just News Luiz Gamito, presidente do 6.º Congresso da Associação Psiquiátrica Alentejana (APA). Esse foi, precisamente, um dos temas em debate no encontro que decorreu, durante três dias, em Castelo de Vide.



Aquele psiquiatra, que foi diretor do Hospital Júlio de Matos, sublinha que, embora algumas depressões possam parecer demências, na verdade, não o são. “Se estivermos perante um caso de depressão, com medicação antidepressiva consegue melhorar-se o quadro clínico e todos os sintomas que se pensava serem de demência acabam por desaparecer”, refere.

Contudo, Luiz Gamito adianta que se esse diagnóstico não for feito e o médico continuar convencido de que está perante uma situação de demência, "acaba por medicar mal o doente sem nunca o tratar para a depressão, piorando o prognóstico". Para tentar minorar estes erros, o primeiro conselho do psiquiatra é "ter-se muita atenção na conversa inicial com o doente, não embarcar de imediato num quadro de demência, ainda que todos os sintomas apontem nesse sentido".



Na sua opinião, “a observação tem que ser realizada com algum tempo, procurando fazer-se uma boa anamnese, uma boa história clínica, para perceber se há antecedentes, história familiar, problemas pessoais que possam indiciar episódios depressivos anteriores".

Para Luiz Gamito, essa pesquisa criteriosa e detalhada pode fundamentar um quadro clínico de depressão e nessa altura a prova terapêutica é feita com o uso de antidepressivos. “Se realmente o doente melhora com essa medicação, então verifica-se que não se tratava de uma demência”, conclui.


Membros da Comissão Organizadora do Congresso.

Futuro da Psiquiatria em cima da mesa

O congresso que decorreu em Castelo de Vide debateu ainda outros temas atuais da prática clínica psiquiátrica, procurando aprofundar as possibilidades na abordagem da saúde mental em Portugal e discutir o futuro desta especialidade.



Luiz Gamito admite que o futuro é sempre uma incógnita, mas sublinha a importância de encontrar espaços de discussão sobre este tema e relembra que a evolução a que Psiquiatria assistiu nos últimos anos tem de ser estudada para que se possa perceber o que trarão os próximos anos.

“Vivemos a realidade num certo tempo, há coisas que se vão modificando e a própria especialidade vai-se alterando. Ser psiquiatra hoje não é o mesmo que o ter sido há cem anos. A farmacologia trouxe novas possibilidades e os recentes meios tecnológicos auguram alterações significativas na intervenção terapêutica e reabilitação”, afirma o psiquiatra que, como exemplo, refere o advento da realidade virtual, “cada vez mais útil no diagnóstico e no tratamento de fobias”.

O 6.º Congresso da APA debruçou-se também sobre a especificidade dos problemas psiquiátricos no Alentejo, onde a depressão e o alcoolismo têm especial incidência e “usualmente não são bem acompanhados”, sublinha o especialista.


António José Albuquerque e Luiz Gamito.

Entre outras intervenções ao longo do evento, o presidente da Associação Psiquiátrica Alentejana, António José Albuquerque, participou na sessão inaugural e sessão de encerramento do Congresso. A reunião, que se realizou sob o lema "O Futuro da Psiquiatria", contemplou também a realização do 2º Curso de Psicoterapia Interpessoal e da 3ª Reunião dos Internos de Psiquiatria do Alentejo (RIPA).




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