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«Os exames de diagnóstico da doença coronária são apenas um complemento à observação física»

Os exames complementares de diagnóstico na doença coronária são, ou pelo menos deveriam ser, tal como o seu nome indica, apenas “um complemento” à observação clínica, quando o médico tem alguma dúvida ou precisa de informações adicionais.

Contudo, e de acordo com Paulo Pessanha, copresidente das Jornadas Multidisciplinares de Medicina Geral e Familiar (MGF) e um dos moderadores da sessão “Casos Clínicos Flash -- Doença Coronária”, nem sempre o processo diagnóstico se realiza seguindo esse princípio. Esta é, portanto, uma razão forte para que se aborde a temática dos exames complementares de diagnóstico nas Jornadas deste ano.



Uma prescrição feita “com base numa gradação"

“Em conjunto com colegas da Cardiologia, vamos falar sobre quais os exames a solicitar, consoante a doença coronária e o caso clínico, quando o fazer e a ordem pela qual devem ser pedidos. Existem passos a ser seguidos no que respeita à prescrição de exames que, por vezes, estão a ser ultrapassados”, refere Paulo Pessanha, médico de família da USF São João do Porto.

Lembrando que, “na maior parte dos casos, é possível fazer o diagnóstico da doença coronária com base nos sintomas do doente, na observação física e na sua história clínica”, frisa que os exames devem ser solicitados “apenas quando precisamos de mais informações”. E essa prescrição deve ser feita “com base numa gradação, isto é, partindo dos mais simples, nomeadamente o eletrocardiograma, antes de se recorrer aos mais específicos e invasivos, como é o caso do cateterismo”.

Por vezes, sucede o oposto, ou seja, “são pedidos exames invasivos sem que antes tenha sido feita a observação física ao doente e estudada a sua história clínica”. Paulo Pessanha é muito claro: “Em primeiro lugar, temos que procurar chegar a um diagnóstico sem ‘fazer mal’ ao doente, ou seja, minimizando, na medida do possível, os efeitos secundários dos exames mais invasivos.”

Tendo em conta a importância desta questão para a MGF, a Comissão Organizadora das Jornadas decidiu que a sessão sobre doença coronária deveria incidir sobre as situações mais frequentes que aparecem nas consultas dos CSP relacionadas com doença primária, como o enfarte agudo do miocárdio e a angina de peito, entre outras.

Analisando e discutindo os casos clínicos que vão ser apresentados, surgirão questões como: “Que exame pedir neste caso?”, ou “Porque não solicitar antes outro exame?”


Paulo Pessanha


A problemática da referenciação para a consulta hospitalar

A referenciação para uma consulta hospitalar de Cardiologia e o que isso significa será, com certeza, algo que vai suscitar o debate. Aliás, Paulo Pessanha não hesita em manifestar-se, lamentando
o tempo de espera “tão prolongado” que, por vezes, se verifica até que essa consulta aconteça. Ora, isso faz com que o médico de família “tenha que, obviamente, continuar a acompanhar, a avaliar e a medicar o doente até que este seja visto por um cardiologista”.

“Quando chegamos a determinado diagnóstico, ou precisamos de ajuda de colegas diferenciados na área, referenciamos para o hospital, mas, de facto, demora normalmente demasiado tempo até que se consiga que o doente seja observado”, reconhece.

Os casos potencialmente graves acabam, evidentemente, por ser encaminhados para a Urgência, o que seria certamente evitado – nota Paulo Pessanha – “se houvesse uma maior articulação
entre os dois níveis de cuidados”. No seu entender, “poderia haver, por exemplo, um horário semanal disponível para os médicos de família esclarecerem dúvidas com os colegas hospitalares”.

Paulo Pessanha vai ter a seu lado, igualmente no papel de moderadora, Maria Júlia Maciel, ex-diretora do Serviço de Cardiologia do CH Universitário de São João e presença habitual nestas Jornadas. Tal como Ricardo Fontes de Carvalho, diretor do Serviço de Cardiologia do CH de Vila Nova de Gaia/Espinho, que apresentará casos clínicos geradores de debate.

As alterações funcionais do intestino

Outra mesa-redonda onde Paulo Pessanha vai intervir como moderador é a “Gastrenterologia de Consultório”, cuja escolha dos temas que vão ser explorados não foi feita ao acaso.


A obstipação,o refluxo esofágico, o meteorismoe a síndrome do intestino irritável sãomotivo frequente de ida ao médico e, segundo Paulo Pessanha, “são situaçõesde muito difícil gestão”.

“Estas alterações funcionais do intestinosão doenças que dão muito máqualidade de vida e podem mesmo serincapacitantes. Contudo, são patologias funcionais, relacionadas, por exemplo, com o stress. Na maioria dos casos desconhecemosa causa, mas estes doentes têmde ser tratados e orientados”, observa.

“Queremos ouvir os gastrenterologistas,para discutir casos e para saberse há alguma medicação ou atitude terapêuticanova, embora saibamos que nãoexistem muitas soluções”, sublinha.

Paulo Pessanha partilha a moderação desta mesa com Ana Iva Santos, sua colega na USF São João do Porto e membro da Comissão Organizadora das Jornadas. Os palestrantes convidados são Isabel Pedroto, diretora do Serviço de Gastrenterologia do agora designado CH e Universitário de Santo António, e dois outros especialistas daquele Serviço: Ana Sadio e Tiago Guedes.

As V Jornadas Multidisciplinares de Medicina Geral e Familiar realizam-se nos dias 23, 24 e 25 de março, no Sheraton Porto.

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