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Oncologia: para além do cancro

"A atitude da sociedade em relação ao cancro evoluiu de uma forma muito positiva, sendo hoje uma doença muito menos estigmatizada", refere Nuno Miranda, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO), da Direção-Geral da Saúde, acrescentando que, "no entanto, o peso psicológico do diagnóstico de doença continua a ser tremendo, necessitando os doentes, as famílias e os profissionais de apoios diversos".

Em artigo publicado na edição de setembro do Jornal Médico, Nuno Miranda aborda o crescente peso das doenças crónicas no panorama do Sistema Nacional de Saúde e indica que, "dentro do conjunto das doenças crónicas, ganham relevância as doenças oncológicas, pela incidência e prevalência crescentes, fruto de alterações da pirâmide etária, modificações dos estilos de vida e melhorias significativas de resultados."

O diretor do PNDO alerta para o facto de que "os doentes oncológicos têm particularidades na sua relação com o serviço de saúde, que os leva a uma maior exposição a fatores de stress. São doentes frequentemente internados para tratamentos programados, que muitas vezes têm alta numa condição subjetiva pior do que a que tinham quando foram admitidos, na esperança da sua recuperação, da diminuição do risco da doença e no aumento da sobrevivência e, eventualmente, com o propósito da cura."

Nas outras doenças crónicas, afirma Nuno Miranda, "a maioria dos internamentos é feita por descompensação das mesmas, podendo ser objetivado em ganhos de funcionalidade a melhoria dependente do tratamento. No caso da Oncologia, o panorama é significativamente diferente, sendo a toxicidade muitas vezes mais precoce e mais visível. Os efeitos secundários são um preço a pagar, distribuído de forma desigual, para obter os ganhos em quantidade e em qualidade de vida, amplamente demonstrados e indiscutíveis."

Esta realidade faz com que o "desafio da comunicação seja tremendo, na área da Oncologia, sendo aí que começa a adequada prática clínica. Toda a intrusão por nós realizada, seja ao nível do diagnóstico, seja do tratamento, necessita de um tempo adequado e de uma atitude adequada, para o processo da tomada de decisão."

Nuno Miranda salienta, no seu artigo de opinião, que "a preocupação com os resultados estéticos e funcionais ganha um peso crescente. A pessoa, para além do cancro, ganha primazia. Uma área que necessita de particular desenvolvimento, nos próximos anos, é a da psico-oncologia, que continua a ser uma preocupação menor na maioria das unidades oncológicas."


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