O "papel chave" dos médicos de família no tratamento e prevenção da hipertensão arterial

Vilamoura acolhe, entre os dias 20 e 23 de fevereiro, o 8.º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, organizado pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH). Em entrevista, Fernando Pinto, presidente da SPH, adianta que o programa será muito abrangente, abordando não só a hipertensão arterial (HTA) – a principal causa de morte e de incapacidade em Portugal –, mas vários outros fatores de risco cardiovascular. O responsável aproveita ainda para sublinhar o ‘papel chave’ dos MF quer no tratamento, quer na prevenção da HTA.

“Os MF têm um ‘papel chave’ no diagnóstico, tratamento e prevenção da hipertensão arterial”, afirma Fernando Pinto, adiantando que a SPH faz questão de manter uma grande dedicação aos especialistas de MGF, porque “só assim é possível contribuir para melhorar o grau de conhecimento, de tratamento e, sobretudo, de controlo da pressão arterial, tal como comprovou o estudo PHYSA, promovido pela SPH”.

“Em todas as consultas, o especialista de MGF assume um papel fundamental na quantificação do risco cardiovascular e na adoção de medidas que o atrasem”, acrescenta, lembrando que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e que, apesar de a realidade ter vindo a melhorar, ainda estão à frente de todos os tumores no que respeita à mortalidade e à incapacidade, nomeadamente pelo AVC e pelos enfartes agudos do miocárdio.

“Os MF contribuem muito para a adoção de estilos de vida saudáveis, protelando o aparecimento de eventuais doenças do foro cardiovascular ao incutir nos seus utentes hábitos de vida saudáveis”, frisa o cardiologista.

“Na prática clínica dos especialistas de MGF não haverá dia nenhum em que não tenha contacto e a necessidade de aplicar os seus conhecimentos na área do risco cardiovascular global, quer na forma curativa, quer muitas vezes, e esperamos que cada vez mais, numa forma preventiva.”


Um programa direcionado para a MGF

Fernando Pinto refere que o Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global tem sempre uma vertente muito dirigida à MGF. Neste contexto, o presidente da SPH destaca a realização do III Curso Prático de Formação Pós-graduada, dividido em quatro sessões, que se destina, sobretudo, aos médicos em fase de formação, aos internos e aos recém-especialistas, que incidirá sobre temas da prática clínica diária e que possibilitará, além da atualização de conhecimentos, a obtenção de um diploma do congresso.

“A experiência de anos anteriores diz-nos que é uma das sessões mais concorridas e que tem tido uma excelente aceitação por parte da MGF”, indica, adiantando que nesta edição serão abordados temas como os efeitos secundários e terapêuticos e o follow-up do hipertenso medicado, “como avaliar uma hipertensão secundária”, doença pariquementosa renal e estenose renal.

De acordo com aquele responsável, a grande característica deste curso é que os assuntos são abordados de uma forma eminentemente prática. “Há uma curta apresentação por um palestrante e depois todos os participantes da sala, conjuntamente com o preletor e com os moderadores, são chamados a participar na discussão do tema”, menciona.

Terá lugar, ainda, uma sessão conjunta entre a SPH e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar intitulada “Hipertensão em MGF – retalhos da clínica diária”. “Esta sessão resultou de um inquérito aos médicos de MGF que propuseram temas que queriam ver abordados. As questões foram coletadas e agrupadas”, adianta. E acrescenta que o objetivo é dar resposta ao maior número de questões de forma interativa.

O presidente da SPH refere também a conferência de abertura, que contará, mais uma vez, com a participação de Alberto Zanchetti, de Milão, “uma das personalidades mais conhecidas a nível mundial e que mais contribuiu para o desenvolvimento da hipertensão do último século”.

Como vem sendo tradição, para além dos simpósios conjuntos com membros da Sociedade Europeia de Hipertensão e de sociedades de outros países (Hungria, França, Brasil, Moçambique), haverá espaço para a discussão prática de casos clínicos e para a abordagem de temas mais ou menos controversos, numa perspetiva formativa, a par com a revisão teórica dos grandes temas da área cardiovascular.

No último dia do evento haverá um “hot topic” sobre a questão da cronoterapia que, segundo Fernando Pinto, “tanta polémica e controvérsia tem gerado nos últimos tempos, nomeadamente junto da MGF”. No mesmo dia, decorrerá uma sessão de highlihts, na qual ex-presidentes da SPH farão uma súmula dos pontos mais fortes do congresso.

A apneia obstrutiva do sono, as normas de orientação clínica e as guidelines da HTA no dia-a-dia serão outros dos temas em destaque, assim como a disfunção erétil, a diabetes, o risco cardiovascular global e a HTA na mulher.

Por último, destaque para a conferência de encerramento, a cargo de Fernando Pinto, na qual será feita uma reflexão sobre alguns tópicos importantes e lançados alguns desafios para o futuro.


O site do 8.º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global pode ser consultado aqui.

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