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O doente hipertenso «não está no hospital, está na MGF»

A hipertensão arterial (HTA) é a causa principal de AVC. No seu conjunto, estas entidades matam uma em cada três pessoas em Portugal. Este representa a causa mais prevalente (33%) de morte no nosso país.

Manuel de Carvalho Rodrigues, presidente da Comissão Organizadora do 10.º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, que se realiza de 25 a 28 de fevereiro, em Vilamoura, afirma ser preciso alertar quer a população em geral, quer a comunidade médica para a situação, salientando ser esta uma obrigação assumida pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) e algo que tem feito de forma muito "presente e insistente".

A Medicina Geral e Familiar é, de acordo com o que refere, central no seguimento, mas sobretudo no diagnóstico da HTA, sendo a razão da organização deste congresso.

“O doente hipertenso não está no hospital, está na MGF”, observa, mencionando que os médicos de família têm feito um trabalho “fantástico”. “É preciso louvar e prestar homenagem a estes especialistas pela sua atuação, pela dedicação e atenção que têm tido para com este grande problema, a fim de tentar tratar o melhor possível os doentes com HTA”, menciona.

Em entrevista à Just News, que pode ser lida na edição de novembro do Jornal Médico, Manuel de Carvalho Rodrigues, assistente hospitalar de Cardiologia no Hospital Pero da Covilhã/Centro Hospitalar Cova da Beira, considera que são as relações pessoais que se criam entre os profissionais de saúde, e que os próprios congressos e reuniões permitem estabelecer, que levam a que se ultrapassem os constrangimentos e algumas “decisões menos felizes em termos institucionais”.

O cardiologista explica que este Congresso pretende ir ao encontro daquelas que se consideram ser, na atualidade, as necessidades e as premências da MGF para o melhor diagnóstico, tratamento e seguimento dos doentes com HTA.

“O nosso Congresso dirige-se a estes especialistas e o que fazemos, em todas as edições, é adaptar a temática da HTA, que é nuclear, às atuais realidades, uma vez que as necessidades que são hoje prementes, provavelmente, não o eram há cerca de três anos”, indica Manuel de Carvalho Rodrigues.

E acrescenta: “É importante mantermos a MGF, nomeadamente a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, como nossos primeiros parceiros na construção deste projeto, e estarmos atentos e sabermos auscultar as áreas de maior interesse e preocupação de toda a HTA e do risco cardiovascular.”



Articulação entre níveis de cuidados: há muito por fazer

Na opinião de Manuel de Carvalho Rodrigues, há ainda muito por fazer no que respeita à articulação entre os diferentes níveis de cuidados de saúde e à referenciação dos doentes.

“Toda a gente diz que defende o Serviço Nacional de Saúde. No entanto, infelizmente, poucos contribuem para o manter e melhorar e, como tal, isso tem repercussão na articulação entre os cuidados de saúde primários e os secundários”, considera.

E continua: “Não vamos enfiar a cabeça na areia. É preciso alertar e fazer compreender quem de direito que algumas das linhas mestras de atuação dos últimos anos não podem dar bom resultado.”

Para o nosso entrevistado, se nos mantivermos assim continuaremos a ter a prevalência do AVC como grande causa de morte em Portugal e vamos acabar por ter cuidados cada vez menos diferenciados. No seu entender, é o empenho pessoal dos profissionais de saúde que tem permitido que estes serviços ainda funcionem. “Institucionalmente, todos temos a noção de que há muito por fazer. É o relacionamento humano que nos faz ultrapassar estas situações.”




A entrevista completa com Manuel de Carvalho Rodrigues pode ser lida na edição de novembro do Jornal Médico.

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