Medicina Interna: receção aos novos internos ajuda a «reduzir os níveis de ansiedade e aumentar a segurança»

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) deu as boas-vindas aos novos internos de Formação Específica de Medicina Interna que iniciaram o seu percurso em 2017. A iniciativa, que decorreu em Lisboa nos dias 7 e 8 de janeiro, contou com a participação do Colégio da Especialidade de Medicina da Ordem dos Médicos.

No primeiro dia, os internos assistiram a uma sessão na qual intervieram Luís Campos, presidente da SPMI, Armando Carvalho, presidente do Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos, e António Martins Baptista, coordenador do Núcleo de Estudos de Formação em Medicina Interna (NEFMI) e tesoureiro da EFIM (Federação Europeia de Medicina Interna). Nessa tarde, realizou-se um curso de formação que se prolongou até à manhã seguinte.

Segundo Luís Campos, esta receção aos internos teve dois objetivos: em primeiro lugar, introduzi-los na atividade da SPMI e do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos; em segundo lugar, promover “a abordagem de alguns temas clínicos em áreas que angustiam os internistas”, como a sobrelotação das urgências e dos serviços de Medicina.

Dirigindo-se aos cerca de 70 novos médicos, o presidente da SPMI sublinhou que estes “vão ser chamados a ter um crescimento rápido” e, por isso, este tipo de formação é importante para “reduzir os níveis de ansiedade e aumentar a segurança”.



O responsável falou sobre a história da SPMI e realçou a importância da Medicina Interna, tendo referido que, em Portugal, é a especialidade mais numerosa a nível dos hospitais, tendo mantido a capacidade generalista e holística, aspeto que considera ser “precioso”.

Na opinião de Luís Campos, é importante acomodar os diferentes tipos de perfis de internista num serviço, dado que isso aumenta a capacidade de resposta e a interação dos internistas dentro dos próprios serviços.

O internista aproveitou a oportunidade para apelar aos internos de Formação Específica de Medicina Interna para descobrirem qual a sua vocação, ou seja, se querem ser “generalistas puros” ou se pretendem desenvolver uma competência dentro da Medicina.

 


Currículo deve ser “vasto” e “transversal”

 

Por seu lado, depois de efetuar uma breve apresentação sobre o Colégio da Especialidade de Medicina da OM, Armando Carvalho salientou que se pretende que um internista tenha bases sólidas do ponto de vista científico, que seja bem formado em termos de avaliação global do doente, de diagnóstico e de tratamento, antes de mais, dos problemas médicos mais frequentes, mas também que tenha capacidade para abordar os mais raros, ou seja, os que não se enquadram no padrão mais comum da doença.



De acordo com o presidente do Colégio, é preciso, sobretudo, que o internista esteja muito capacitado na avaliação global do doente com polipatologia, “o núcleo central” da sua atuação.

O organismo a que Armando Carvalho preside defende que deve ser exigida ao interno a construção de um currículo o mais vasto e transversal possível, daí que, “mesmo na opção de estágios parcelares de formação, ela se deva destinar a preencher lacunas que todos os serviços têm numa área ou noutra de formação do que propriamente a atingir uma diferenciação muito grande durante o internato”.
 

Ensino e investigação devem fazer parte da formação

 

António Martins Baptista salientou a importância de os internos não se envolverem apenas na vertente assistencial, mas também nas áreas do ensino e da investigação, “sem as quais se vão sentir incompletos”.



O coordenador do NEFMI aproveitou o momento para adiantar que se espera que este ano o Centro de Formação em Medicina Interna da SPMI seja certificado.

Segundo o internista, atualmente, os cursos realizados pelo FORMI são todos presenciais, mas estão a ser criados três cursos de e-learning (de diabetes, de doenças raras e de investigação cientifica). “Pensamos que a maioria dos cursos vão ser mistos, com uma base de e-learning para a parte teórica e outra presencial, que permita fazer a avaliação e a parte prática”, apontou.



O médico apelou ainda à participação na Escola de Verão de Internos de Medicina Interna (EVERMI), que este ano terá lugar de 21 a 23 de setembro, em Albernoa, no Congresso Nacional de Medicina Interna (25 a 28 de maio), particularmente nos cursos pré-congresso, e no programa “Exchange”, da EFIM, que é patrocinado pela SPMI. Nos dias 14 e 15 de janeiro foi a vez de Braga dar as boas-vindas aos internos.








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