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Indução do trabalho de parto: «temos de ter paciência e fazer menos induções»

“Indução do trabalho de parto” foi o tema da Reunião Científica da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal que se realizou no passado mês de abril. Para o seu presidente, Luís Graça, este é um tema muito atual, com o qual os obstetras lidam diariamente, e alarmante, uma vez que as induções intempestivas podem ter riscos associados, nomeadamente, o aumento da taxa de cesarianas.

“A indução do trabalho de parto tem de ser uma decisão tomada com muita consciência. O facto de uma grávida dita normal estar farta da gravidez, porque tem, por exemplo, a barriga muito grande, não é indicação para induzir o parto”, afirma o presidente da SPOMMF.

E desenvolve: “A indução do parto é um ato médico que tem riscos e, consequentemente, deve ser muito bem ponderado. O principal risco das induções intempestivas é o aumento da taxa de cesarianas, que em Portugal é muito elevada.”

“Uma gravidez normal na espécie humana dura 280 dias e podemos aguardar mais 10 dias sem qualquer problema, portanto, temos de ter paciência e fazer menos induções”, menciona Luís Graça.

A reunião sobre indução do trabalho de parto somou 270 inscritos e foi pensada não apenas para ginecologistas e obstetras, mas também para enfermeiros especialistas em Obstetrícia e Saúde Materna.

“Este simpósio foi extremamente importante, porque é uma área da Obstetrícia em que, hoje em dia, há uma grande controvérsia, tanto em termos da oportunidade para induzir ou não o parto, como no que respeita aos métodos utilizados”, refere Luís Graça, acrescentando que, durante o encontro, fez-se um ponto da situação e falou-se daquele que é o seu cenário atual.

De facto, e como foi já referido, as induções do parto, eletivas ou não, devem ser muito bem programadas e as suas indicações muito bem calculadas e estudadas. Além disso, e segundo o presidente da SPOMMF, existem métodos de indução do parto que são muito eficazes, mas, ainda assim, não o suficiente para ultrapassar as situações em que o colo do útero está muito pouco maduro. “Não vale a pena estar a fazer induções de parto em situações em que o colo do útero não irá responder devidamente”, sublinha.

E desenvolve: “No Hospital de Santa Maria, entendemos que apenas se deve provocar o parto depois de ultrapassadas as 41 semanas, mas outras entidades há em que a indução é feita às 38 ou às 39 semanas, com a justificação de que o bebé já está maduro. Contudo, o colo do útero não está, logo a indução tem muita probabilidade de não ser eficaz.”

Para terminar, Luís Graça faz um balanço muito positivo do simpósio, salientando que ultrapassou as suas expectativas, até mesmo no que respeita ao número de inscritos. “As 270 pessoas que estiveram na assistência e até mesmo os especialistas que apresentaram os diversos temas saíram satisfeitos. Fizemos um ponto da situação desta área que é para nós tão importante e com a qual lidamos diariamente”, conclui.


Notícia publicada na última edição de Women`s Medicine.



Podem ser consultadas AQUI várias fotografias da Reunião Científica da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, que decorreu em abril, e que a Just News acompanhou.

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