O desabafo de muitas mulheres: «Agora que estou na menopausa, tudo me apareceu»

Segundo Cláudio Rebelo, presidente da Secção Portuguesa de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, “quando comparada com a mulher europeia, a mulher portuguesa entra na menopausa sem ter hábitos de prática de exercício físico regular, nem preocupação com o seu controlo de peso”. Tal reflete-se no “aparecimento de mulheres na casa dos 50 anos com um perfil tensional elevado, por exemplo, levando o médico a questionar-se se esse quadro não existia já antes”.

Em declarações à Just News, o ginecologista/obstetra afirma que é com frequência que muitas mulheres lhe fazem o mesmo desabafo: “Agora que estou na menopausa, tudo me apareceu – o colesterol alto, o ganho de peso, a hipertensão!”.

No entanto, sublinha que “não é por terem entrado na menopausa que essas alterações aconteceram. Na verdade, era algo que já estava a suceder, mas não foi devidamente acompanhado, e só quando surge uma sintomatologia mais marcada da menopausa, que as impossibilita de fazer tudo aquilo a que estavam habituadas, é que vão preocupar-se com a sua saúde”.

Nesse sentido, alerta para a necessidade de “garantir o acompanhamento da mulher durante a transição para a menopausa, sensibilizando-a para as questões da nutrição e do exercício físico, para que, durante a menopausa, o médico, com a sua visão integrada, se centre nos sintomas”. 


Cláudio Rebelo

"As mulheres, muitas vezes, esquecem-se delas"

“Com sintomatologia que chega a atingir 85% das mulheres, podemos considerar que é normal um conjunto de sintomas existir quando uma mulher entra em menopausa”, começa por referir Cláudio Rebelo, presidente da Secção Portuguesa de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, esclarecendo que, “classicamente, a definição de menopausa surge na mulher que está há 12 meses sem menstruar, após um período de um a dois anos de irregularidades menstruais”.

Perante os sinais que vão surgindo nesse período da vida da mulher, o médico, que coordena a Ginecologia/Obstetrícia do Hospital CUF Porto, avança que há duas opções:

“Ou fazemos de conta que ‘o leque’ resolve os sintomas vasomotores, que os cremes lubrificantes solucionam as queixas vulvovaginais e que o risco cardiovascular ou de fratura osteoporótica deve ser tratado mais tarde por outras especialidades, não havendo, portanto, necessidade de acompanhar as mulheres em menopausa, ou, pelo contrário, consideramos que há ganhos visíveis em termos de qualidade de vida quando são adequadamente acompanhadas”.

Cláudio Rebelo adianta que “muitas das mulheres se preparam para esse momento e conseguem fazer uma transição serena para o pós-menopausa, refletindo-se em menos sintomas que interfiram com o seu dia-a-dia e a sua qualidade de vida”.

Contudo, nota que, “tendencialmente, como cuidadoras da família, as mulheres, muitas vezes, esquecem-se delas e só voltam a pensar em si quando os filhos entram na faculdade”. Acontece que, “enquanto no passado as jovens eram mães aos 25 anos e os filhos ingressavam no ensino superior quando estavam em pré-menopausa, agora fazem-no na faixa dos 30-35 anos, pelo que já só voltam a dar mais atenção a si próprias com mais de 50 anos”.

Por conseguinte, “frequentemente, chegam à Consulta de Menopausa com alguns maus hábitos, como tabagismo, excesso de peso e obesidade”.



“A menopausa mais preocupante é a falência ovárica prematura"

O presidente da Secção Portuguesa de Menopausa da SPG adianta que a menopausa está prevista acontecer entre os 45 e os 55 anos, sendo que, no caso da mulher portuguesa, a média situa-se nos 50 anos e seis meses.


Perante o surgimento de sintomas e irregularidades menstruais em mulheres mais jovens, esclarece que “pode ser necessário recorrer a um doseamento hormonal para verificar se se trata do diagnóstico de menopausa precoce ou, por outro lado, de uma disfunção da tiroide ou do eixo hipotálamo-hipófise que justifique tais sintomas”.


O médico esclarece que “a menopausa mais preocupante é a falência ovárica prematura, pelos riscos de saúde que acarreta nas mulheres que estão em menopausa abaixo dos 40 anos”. Neste grupo, podem encontrar-se as “doentes que fizeram quimioterapia para cancro da mama ou uma neoplasia hematológica, mulheres fumadoras, com doenças autoimunes, com um histórico familiar de falência ovárica prematura e em situações mais raras com doenças genéticas como a síndrome do X frágil”.

Apesar de “muitas vezes estarem na terceira década de vida, estas mulheres têm uma reserva ovárica baixa e estão num caminho de pré-menopausa, representando um grupo de alto risco cardiovascular e síndrome metabólica”.

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