Conclusões do Congresso Nacional da Urgência vão «despertar a atenção dos decisores políticos»

Reabrir alguns dos SAP nos cuidados de saúde primários, a que os doentes possam recorrer quando têm doenças agudas pouco graves, criar unidades de internamento curto e de diagnóstico rápido que libertem as camas das enfermarias para receber os doentes da urgência e apostar na hospitalização domiciliária são algumas das soluções que os médicos reunidos no I Congresso Nacional da Urgência vão levar aos decisores políticos e administrativos para ajudar a resolver o problema da sobrelotação das urgências.

“Quanto mais se fizer para os serviços de urgência crescerem, maior o caos e piores os cuidados prestados aos doentes", alerta Maria da Luz Brazão, coordenadora do Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e uma das impulsionadoras do I Congresso Nacional da Urgência, que se realizou recentemente no Funchal.

Na sua opinião, "as situações mais graves, e que são o objeto dos esforços das equipas médicas, serão inevitavelmente prejudicadas pela presença de pacientes menos graves. Se não existir sensibilidade para as mudanças, os serviços de urgência continuarão a ser mal utilizados, consumindo recursos preciosos."



Segundo a médica, que é também diretora do Serviço de Medicina Interna do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM – EPE), o congresso superou “todas as expectativas” da organização e “lançou um movimento que fará despertar a atenção dos decisores políticos para uma área estrategicamente importante: a urgência externa”. A data e o local da segunda edição foram já marcados. Será a 1 e a 2 de outubro de 2016, em Braga, ficando os dias 29 e 30 de setembro reservados para cursos pré-congresso.



Entre as conclusões e reflexões finais que vão ser enviadas para a tutela está a defesa da urgência como “um serviço de diagnóstico rápido e de forte intensidade terapêutica”, onde qualquer gesto pode definir um prognóstico. “Por isso, os gestores e políticos da saúde devem facilitar o investimento na formação dos médicos, possibilitar a organização de equipas que tenham capacidade para responder às exigências clínicas previsíveis num serviço de urgência”, defende Maria da Luz Brazão.

Os organizadores do congresso pretendem ainda que sejam criadas condições para a implementação de vias verdes, que “a dureza do trabalho em urgência seja devidamente considerada no estatuto remuneratório” e que seja entendido como prioritário um desenho arquitetónico de serviço de urgência que permita criar um ambiente de segurança e de funcionalidade.







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