Cinco anos depois, Centro Hospitalar Lisboa Norte provou que podia «alterar o rumo»

Fez esta quarta-feira, 21 de fevereiro, cinco anos que Carlos das Neves Martins assumiu a presidência do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN). Em declarações à Just News, o responsável destaca a capacidade que a instituição teve de, nestes anos, se renovar e encontrar um novo rumo “com sucesso”.

A 10 meses de terminar o segundo mandato, lembra que, no início de 2013, o CHLN atravessava um período particularmente difícil. Além da dívida que se situava nos 300 milhões de euros, a instituição estava a ter um défice mensal de 11 milhões e tinha perdido 35-38% de área de responsabilidade, com a abertura do Hospital Beatriz Ângelo.

Nessa altura, as grandes preocupações eram, por um lado, “modernizar a instituição e criar uma nova coesão cultural e institucional” e, por outro, “não ultrapassar os três dígitos de prejuízo no exercício de 2013”.



Neste contexto, foi desenhado um conjunto de projetos “mobilizadores” e “galvanizadores” que, conforme Carlos das Neves Martins refere, ajudaram não só a recuperar atividade, mas também a adequá-la à principal missão da instituição: “Salvar vidas e assegurar qualidade de vida aos doentes à sua responsabilidade.”

O responsável salienta que, em cinco anos, o CHLN teve três EBIDTA (lucros antes de juros, impostos e amortizações) positivos e dois resultados líquidos positivos.

Na sua opinião, não há qualquer dúvida: “Provámos que podíamos fazer uma alteração de rumo, quer em termos de atividade, quer da sustentabilidade. Além disso, conseguimos ter mais ganhos de saúde, mais qualidade, maior motivação e encontrar soluções inovadoras" e faz questão de dar alguns exemplos: 

"A consolidação do modelo de consórcio entre o CHLN, a Faculdade de Medicina de Lisboa e o IMM, o Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML), situado no campus do HSM, o primeiro Centro Integrado de Diagnóstico e Terapêutica (CIDT) a nível nacional ou a Central de Esterilização (a primeira do país), ambos projetos inovadores e localizados no campus do Hospital Pulido Valente (HPV).”

Parque de Saúde como “resposta inovadora”

Outro dos motivos de felicidade, que entende como assinalável, é o facto de, nos últimos cinco anos, se ter conseguido “dar vida” ao HPV, instituição que, conforme refere Carlos das Neves Martins, “estava a ficar moribunda”, dado que “uma parte substancial das áreas do hospital estava sem atividade”. 


Perante este cenário, decidiu-se partir para a requalificação do campus onde se encontra sediado o HPV, parte integrante desde 2008 do CHLN, com vista a constituir-se um Parque de Saúde, uma resposta que diz ser “inovadora” e que juntará cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares, cuidados continuados e serviços essenciais à eficiência e crescimento do SNS.

“Em 2014, assumimos com frontalidade que o HPV não podia voltar a ser o que tinha sido há 5 ou 15 anos. No entanto, afirmámos que era possível ter um campus com ocupação a 100%”, menciona.


Carlos Martins durante a comemoração do 40.º aniversário do Hospital Pulido Valente, em maio de 2015. "Nunca esteve na equação fechar o Pulido Valente” foi a mensagem central da sua intervenção na altura 

De acordo com Carlos das Neves Martins, no final de 2019, o Parque de Saúde Pulido Valente terá, entre outras ofertas públicas, o referido Centro Integrado de Diagnóstico e Terapêutica (CIDT), onde se farão análises e exames de grande complexidade, a funcionar 14 horas por dia, sete dias por semana. “Estimamos que, no primeiro ano, o CIDT tenha uma produção de 300 mil análises e 400 mil exames”, afirma.

O presidente do CHLN acrescenta que, nos últimos anos, houve no HPV um crescimento de 50% no número de consultas das várias especialidades médicas e de diagnóstico e terapêutica e um aumento de 80% em termos das áreas de cirurgia, tendo, para tal, contribuído a cirurgia ambulatória (atualmente, há nove especialidades a funcionar no Bloco Operatório, mais a Cirurgia Torácica, que tem a sua própria atividade programada).

Neste momento, existe no Parque de Saúde Pulido Valente um investimento realizado ou em curso de 10 milhões de euros (sede do SICAD, Central de Esterilização Comum do SUCH e Unidade de Cuidados Continuados Integrados da SCML), dos 20 milhões programados até finais de 2019. De destacar a instalação das duas USF do Lumiar, nas quais serão atendidos anualmente 30 mil utentes, "os quais não precisam de sair do campus para fazer as suas análises, os seus exames, as suas consultas ou a sua cirurgia de ambulatório".

Tratar doentes cada vez mais complexos e num perímetro mais “abrangente”

Carlos das Neves Martins realça que, nos últimos anos, o CHLN tem tratado doentes cada vez mais complexos e possui um perímetro de resposta ao Serviço Nacional de Saúde crescentemente mais abrangente, sendo que 75% da atividade que desenvolve é composta por cidadãos que não são oriundos de Lisboa.

O que também melhorou significativamente foi a taxa de ocupação, o que permitiu ter um melhor acesso e uma melhor utilização dos recursos das áreas de internamento.
Entre outros resultados positivos, o administrador sublinha que a atividade cirúrgica do CHLN também cresceu significativamente, com particular destaque para a cirurgia de ambulatório, cuja “esmagadora maioria” é feita no Bloco Operatório do HPV, que foi rentabilizado. Verificou-se, também, um crescimento no número de partos e na urgência.

Hospital de Santa Maria com obras “estruturantes”

As obras não se ficam apenas pelo HPV. Carlos das Neves Martins adianta que haverá mudanças no que respeita à Unidade de Queimados do HSM que, além de ser relocalizada junto à Urgência, irá ganhar mais cinco camas de queimados em cuidados continuados e mais seis em cuidados intermédios. Também será remodelada e ampliada a Unidade de Cuidados Intensivos.



Será feita, igualmente, uma “arrumação” da Urgência que, segundo refere, está subdimensionada para a casuística atual e para a que é perspetivada no futuro. O Serviço de Observação (SO) ficará mais funcional e a sala de espera mais “agradável”. O investimento será de 10 milhões de euros.

Para assinalar os 1000 transplantes renais, decidiu-se preparar um “desejado” investimento no Serviço de Nefrologia e Transplantação, o qual vai "ganhar uma área totalmente nova e moderna".

O Serviço de Cirurgia Plástica será igualmente remodelado e modernizado, depois de ter corrido o risco de encerrar em 2014 “por falta de recursos médicos em quantidade foi refundado e hoje afirma-se como um dos melhores a nível nacional, muito com base em novos médicos formados no CHLN”.

Haverá, também, intervenções no Departamento de Neurociências (área da Psiquiatria e Saúde Mental), que terá um investimento de 4 milhões de euros, no Departamento de Coração e Vasos, para o qual estão estimados 12 milhões de euros, com várias relocalizações, e no Departamento do Tórax, onde se prevê um investimento de 4 milhões de euros, com transferência de várias áreas do HPV para o HSM.

O Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução também será alvo de reestruturação, articulada com obras de remodelação e modernização no Departamento de Pediatria, investimentos estimados em 7 milhões.

A nível mais parcial, Carlos das Neves Martins anuncia que se aditam a estes investimentos o reforço de modernização e substituição de equipamentos pesados, num total de mais de 10 milhões de euros, numa primeira fase. Entretanto, na área de eficiência energética, o CHLN prepara-se para investir aproximadamente 15 milhões de euros.

Recursos humanos sem "autorizações ministeriais"

Carlos das Neves Martins destaca, igualmente, "o grande investimento que foi feito nos recursos humanos, sobretudo no rejuvenescimento dos quadros", considerando que, “após anos de saldo negativo entre entradas e saídas, os últimos três têm sido de saldo positivo”. Tal terá permitido "uma maior estabilidade neste campo".

No entanto, reconhece que continua a haver carência de recursos humanos nalgumas carreiras, "onde não houve, até agora, autorizações ministeriais", dando como exemplo os técnicos superiores, os assistentes técnicos, os assistentes operacionais e os técnicos de diagnóstico e terapêutica.



Esta é, aliás, uma das maiores preocupações que Carlos das Neves Martins assume ter na atualidade: “Conseguir um equilíbrio sustentado nas diversas carreiras, porque todos são importantes para o sucesso de enorme missão pública conferida ao CHLN”.



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