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CHLN realiza cirurgia torácica, sem intubação do doente, para tratar cancro do pulmão

O Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria realizou, no passado dia 29 de fevereiro, um curso de cirurgia torácica videoassistida uniportal para tratamento do cancro do pulmão. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, com características inovadoras, que está a ser efetuado por esta equipa há cerca de três anos. A mais recente novidade consiste na sua aplicação em doentes não intubados.



“Uma das intervenções foi realizada num doente não intubado, o que permite minimizar os efeitos adversos da anestesia com intubação seletiva”, afirmou à Just News Javier Gallego, cirurgião cardiotorácico do CHLN e um dos diretores do curso, em conjunto com Diego González-Rivas, cirurgião torácico do Hospital da Corunha, que desenvolveu esta técnica.

O médico explicou que o seu colega espanhol veio participar no curso com o intuito de ajudar a difundir esta intervenção minimamente invasiva realizada com sedação e em doentes não intubados. Trata-se de uma melhoria que “tem ajudado a implantar em grandes centros de cirurgia torácica, nomeadamente, na China, na Rússia e no Reino Unido, e que agora é realizada em Portugal, desde abril de 2015”, com o envolvimento do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do CHLN.



“Pensamos que esta técnica vai modificar a cirurgia torácica conhecida atualmente. Vamos oferecer aos nossos doentes um tratamento ainda menos invasivo e agressivo para tratar o cancro do pulmão e outras patologias do tórax”, sublinhou Javier Gallego.



Efetivamente, com a experiência adquirida através da cirurgia torácica videoassistida (VATS – video-assistid thoracoscopic surgery) de porta única e a modernização de instrumentos cirúrgicos e câmaras de alta definição, cada vez mais ressecções pulmonares podem agora ser efetuadas de forma minimamente invasiva.

“O futuro da cirurgia torácica passa por uma combinação de evolução da anestesia e da cirurgia, com o objetivo de reduzir o trauma cirúrgico para o paciente”, indicou.

Tradicionalmente, o que tem sucedido é os doentes serem intubados sob anestesia geral, com ventilação seletiva, procedimento considerado necessário para grandes ressecções pulmonares por toracoscopia. No entanto, observou, os avanços das técnicas minimamente invasivas levaram a uma abordagem toracoscópica sem intubação e que foi adaptada até mesmo para grandes ressecções pulmonares.



“Uma analgesia adequada, obtida a partir de técnicas de anestesia locorregionais, permite realizar cirurgias VATS em pacientes sedados não intubados e os potenciais efeitos adversos relacionados com a anestesia geral podem ser evitados”, garantiu Javier Gallego.

De acordo com o especialista, os procedimentos com os doentes não intubados tentam minimizar os efeitos adversos da intubação traqueal e da anestesia geral, como o trauma das vias aéreas relacionado com a intubação, a lesão pulmonar induzida por ventilação, o bloqueio neuromuscular residual, ou as náuseas e vómitos no pós-operatório, muito frequentes após uma anestesia geral. O curso foi presidido por Ângelo Nobre, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar Lisboa Norte.










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