«A representação da Medicina Familiar na Sociedade de Hipertensão é extremamente importante»

“A Medicina Geral e Familiar é a especialidade que trata e segue a maioria dos hipertensos, havendo apenas cerca de 5% destes que exigem a sua orientação a nível hospitalar", afirma Rosa de Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH). Nesse sentido, sublinha, "faz sentido que haja uma maior envolvência destes profissionais na SPH".

Em entrevista à Just News, a médica, que coordena a USF Vale do Vouga, acrescenta: "Também somos nós a fazer o acompanhamento de toda a família, o que é fundamental para se conseguir fazer um plano adequado dirigido ao doente."

Desta forma, considera que merece ser destacado o trabalho vem sendo desenvolvido pelas direções anteriores, no sentido de envolver a Medicina Geral e Familiar. E quanto à sua nomeadação para liderar a SPH? "Também foi importante para os colegas médicos de família se reconhecerem neste papel."


Rosa de Pinho

"A representação da MGF na SPH é extremamente importante”

Historicamente, a presidência da SPH tem sido assumida por cardiologistas e internistas, precisamente “as especialidades às quais a MGF mais referencia os doentes, perante suspeita de hipertensão secundária ou não atingimento dos valores-alvo, ainda que estejam medicados”.

Rosa de Pinho, que estará à frente da SPH no biénio 2023-2025, reconhece que, “numa fase inicial, a mudança é difícil em qualquer circunstância, trazendo renitência e desconforto, e só com o evoluir do tempo é que as pessoas se adaptam a ela”.

Não tem dúvidas de que a sua eleição corresponde a uma “grande mudança”, mas também acredita que as atividades que foram dinamizadas com a MGF durante o último biénio, em que assumia a função de presidente-eleita, ajudaram no processo de adaptação, e entende mesmo que, “neste momento, é unânime que a representação da MGF na SPH é extremamente importante”.

No seu caso, em 2011, começou a participar em pequenas reuniões de discussão de casos clínicos relacionados com a área cardiovascular, com o cardiologista Luís Martins. Em 2016 tornou-se sócia da SPH e no biénio 2017-2019 integrou pela primeira vez os seus Corpos Sociais.

"Cada vez mais confortáveis em tratar as doenças cardiovasculares"


Na opinião da presidente da SPH, a maior articulação entre os Cuidados de Saúde Primários e Secundários depende da realização de “reuniões regionais conjuntas, idealmente presenciais, para que os profissionais se possam conhecer, tornando a relação e o processo de comunicação muito mais fácil, pois, por vezes, só precisamos de trocar impressões sobre determinado caso clínico com outro colega”.

Para si, essa dinâmica “não só é válida para a área cardiovascular como devia ser adotada em todas as outras, pois, é importante que se identifiquem as dificuldades práticas da MGF nas várias localidades e o tipo de apoio que pode ser dado pelas instituições hospitalares, o que varia consoante a realidade de cada espaço”.

A médica de família não tem dúvidas da “importância de se percorrer esse caminho” e adianta que “os colegas de MGF estão cada vez mais confortáveis em tratar as doenças cardiovasculares, o que se perceciona pela evolução do internato, que tem oferecido muita formação nesta área. Paralelamente, o trabalho que vem sendo feito tem muito impacto nos CSP e a redução dos eventos cardiovasculares provavelmente também se relaciona com o bom funcionamento da rede dos CSP”.



A grande meta de “melhorar o grau de controlo”

Rosa de Pinho avança que “os dados demonstram que apenas cerca de 43% dos hipertensos estão controlados (estudo PHYSA)”. No âmbito da vigilância nos CSP, “estatísticas do BI-CSP de janeiro de 2023 apontam para 53%”.

Apesar da “variedade de fármacos” que existe, tem consciência de que “há diferentes fatores que contribuem para esta realidade. É preciso seguir as estratégias criadas pelas direções anteriores e estabelecer uma proximidade cada vez maior com a MGF e outros profissionais de saúde, para melhorar o grau de controlo”.

Do seu ponto de vista, uma das justificações para este problema reside na “falta de sensibilização dos doentes, que, não sentindo dor, acabam por abandonar a medicação passado algum tempo”. Na realidade, “é preciso levá-los a perceber que, em Portugal, morre-se muito mais por AVC do que por cancro, sendo que o principal fator de risco para o AVC é precisamente a HTA. Além da mortalidade, coloca-se o problema da incapacidade com que alguns doentes ficam após este tipo de eventos”.

"Acabamos por ceder e dar o benefício da dúvida"

Por outro lado, entende que também os médicos têm a sua quota-parte de responsabilidade, pois, “deviam ser mais proativos quando identificam valores alterados”. Na realidade, “frequentemente, os doentes apresentam um valor de pressão arterial elevado e justificam-no com o facto de terem vindo à consulta de forma acelerada ou de terem comido um alimento salgado no dia anterior, e nós acabamos por ceder e dar o benefício da dúvida. Meses depois, continuam com os valores descontrolados”.

Acontece ainda “medicarem-se inadequadamente, pois, segundo as guidelines, a maioria dos doentes devia ser medicada com dois fármacos, de preferência através de um comprimido de toma única, que contenha os dois princípios ativos, mas o que se verifica na prática é que muitos só fazem um fármaco, ou fazem dois de forma separada, o que contribui para que o valor-alvo não seja o pretendido”.

Alargando a sua visão além da comunidade médica, a presidente da SPH sublinha: “Somos todos importantes, por isso, um dos objetivos desta Direção é sensibilizar e envolver outros profissionais de saúde, para que tenham um papel mais ativo, nomeadamente enfermeiros e farmacêuticos.”

Na sua ótica, “é importante desenvolver-se um trabalho de equipa com os outros grupos profissionais, pois, só conseguiremos melhorar o grau de controlo a nível nacional se todos contribuírem”.


Elementos dos Corpos Sociais

Corpos Sociais SPH Biénio 2023/2025

DIREÇÃO
Presidente: Rosa de Pinho - MGF
Presidente eleito: Fernando Martos Gonçalves - MI
Secretária-geral: Heloísa Ribeiro - MI
Secretários-adjuntos:
- Manuel Viana - MGF
- Lima Nogueira - MGF
- Francisca Abecasis - MI
Tesoureira: Vitória Cunha - MI 


ASSEMBLEIA-GERAL
Presidente: Manuel de Carvalho Rodrigues - CARD
Vice-presidente: Rogério Ferreira - MI
Secretário: Vasco Varela - MGF 

CONSELHO FISCAL
Presidente: Alípio Araújo - MI
Vice-presidente: Madalena Barata- MGF
Secretário: Luís Nogueira Silva - MI

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