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A definição das margens entre o normal e o patológico «é um desafio muito atual em Psiquiatria»

“Margens inquietas – entre o normal e o patológico” foi o tema do 7.º Simpósio do Serviço de Psiquiatria do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, que se realizou no último fim de semana, em Lisboa, e que registou uma elevada participação, com cerca de 430 inscritos.



Teresa Maia, diretora do Serviço de Psiquiatria daquela unidade hospitalar, em declarações à Just News, justificou a escolha do tema: “A definição das margens e daquilo que está entre o normal e o patológico é um desafio muito atual e uma temática muito discutida, que leva a muitas posturas em relação ao que pensar em relação às doenças. Obviamente que tudo isto está muito ligado também ao que se sabe e ainda não se sabe em Psiquiatria.”



Esta questão estará relacionada com as mudanças que se vão verificando no que respeita à forma de conceptualizar as doenças e que “leva a que se pense cada vez mais sobre o que é patológico e o que promove saúde”.

“Isto tem implicações clínicas, porque estas margens redefinem-se e nós, psiquiatras, podemos, pelas nossas intervenções – quer terapêuticas, quer de promoção de saúde --, contribuir para que quadros que são de risco ou sintomas que são ocasionais possam não se tornar doença”, explicou, acrescentando que a Psiquiatria não deve atuar sozinha, mas sim em articulação com outros níveis de cuidados ou de parceiros em termos sociais.

Durante a escolha da temática e a elaboração do programa científico, a organização deste 7.º Simpósio preocupou-se, segundo Teresa Maia, em promover a partilha de conhecimentos à volta de um assunto “interessante e transversal” às várias áreas e em cruzar vários saberes entre a Psiquiatria, a Psicologia e as Neurociências, incluindo também contributos de outras áreas com impacto social.



“Temos sempre como ponto de partida a clínica e aquilo que nos pode trazer, depois tentamos juntar contributos diferentes, como a Filosofia, a Arte e a Cultura. Consideramos que estas áreas contribuem para um conhecimento que é adquirido com sentido e com prazer”, afirmou.

Promover a saúde mental dos filhos dos doentes

Não querendo destacar qualquer sessão em particular, já que envolveram a participação de muitos nomes de reconhecido mérito em termos científicos, Teresa Maia salientou a presença do convidado estrangeiro, o psiquiatra holandês Clemens Hosman, que abordou, em conjunto com o especialista português Miguel Palma, a temática “É possível prevenir”, que se relaciona com tudo aquilo que os serviços hospitalares podem fazer no âmbito da promoção da saúde.

“Clemens Hosman foi professor universitário de Saúde Mental e consultor da Organização Mundial de Saúde para a área da promoção da saúde e prevenção das doenças e tem colaborado muito com o nosso Serviço em alguns projetos que temos vindo a desenvolver, como é o caso do Semente”, indicou.

Trata-se de um projeto que tem como objetivo a promoção da saúde mental dos filhos dos doentes deste Serviço de Psiquiatria. “No fundo, o que se trabalha aqui é, exatamente, a questão das margens, ou seja, tentar que uma população que tem riscos significativos possa contar com fatores protetores, para que evolua da melhor forma possível”, explicou.

O Serviço dirigido por Teresa Maia “assume claramente a sua responsabilidade de tratar, sobretudo, as patologias mais graves”. Tem, de acordo com a médica, um enfoque marcadamente comunitário, através de equipas que desenvolvem a sua atividade em espaços físicos próximos da população, como nos cuidados primários ou com trabalho domiciliário, desenvolvendo também programas de intervenção especializados.



Um dos palestrantes deste 7.º Simpósio foi Pedro Varandas, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, que abordou o tema “A ‘cura’ da depressão: mito ou realidade”. Durante a sua apresentação, o psiquiatra falou sobre a evolução da terapêutica para a depressão, abordando a contribuição dos fármacos e de outras intervenções terapêuticas.


Francisco Velez Roxo e Teresa Maia.

Na sessão de abertura, que contou com a presença de Francisco Velez Roxo, presidente do Conselho de Administração do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Teresa Maia aproveitou, desde logo, para convidar todos os presentes para o próximo Simpósio, que se vai realizar dentro de dois anos.




Podem ser consultadas mais fotos do Simpósio na Galeria de imagens.


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