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60-80% dos custos com a insuficiência cardíaca são gastos em internamentos e reinternamentos

Segundo Cândida Fonseca, coordenadora do Grupo de Estudos de Insuficiência Cardíaca (GEIC) da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), os cuidados aos doentes com insuficiência cardíaca (IC) devem envolver não só médicos (sobretudo cardiologistas, internistas e intensivistas), mas também enfermeiros especializados, como parte integrante das equipas multidisciplinares.

Com base nesta premissa, os Grupos de Estudos de Insuficiência Cardíaca e de Cuidados Intensivos Cardíacos e o Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da SPC organizaram uma reunião conjunta que se centrou no tema “Heart Team: da hospitalização à gestão dos cuidados a longo prazo”.



Em declarações à Just News, Cândida Fonseca sublinhou que a IC é um problema de saúde pública com uma prevalência global estimada, em Portugal, em 4,3%, atingindo os 16% após os 80 anos, que mata mais do que o cancro no seu conjunto. Tem custos na ordem dos 2-3% do financiamento para a saúde dos países desenvolvidos, sendo que 60-80% dos mesmos são para internamentos e reinternamentos.

Evitar que doentes "sejam reinternados constantemente"

Perante este cenário, a coordenadora da Unidade de Insuficiência Cardíaca do Hospital São Francisco Xavier defende a necessidade de “ter estruturas vocacionadas para o tratamento desta doença, para que seja possível dar uma boa resposta na diminuição da morbilidade e da mortalidade que envolvem a síndrome”, recordando que o “diagnóstico e tratamento precoces da IC são fundamentais para evitar que estes doentes sejam reinternados constantemente”.

“É importante que os doentes estejam despertos para o que é a doença e para os sintomas que lhe estão associados, bem como para os sinais de descompensação, como o cansaço excessivo, a falta de ar, o aumento rápido de peso sem razão evidente, ou a diminuição do débito urinário”, frisou a coordenadora do GEIC.

A cardiologista salientou, ainda, a necessidade de ter hospitais de dia para tratar estes doentes, que tenham as portas abertas quando eles descompensam. “Os hospitais de dia de insuficiência cardíaca não estão formalizados nos nossos hospitais, nos cuidados de saúde primários ou em qualquer outro local e também não estão devidamente financiados. Como tal, existem poucos”, mencionou.



Manter "nível adequado" de cuidados em ambulatório

Por seu lado, a coordenadora do Grupo de Estudos de Cuidados Intensivos Cardíacos (GECIC), Ana Timóteo, salientou que os cuidados prestados aos doentes com IC não se resumem à hospitalização, sendo importante fazer um planeamento adequado do tratamento para o nível de ambulatório.

“A educação e uma alta planeada são fundamentais para que, a nível do ambulatório, o doente mantenha os mesmos níveis de cuidados que tinha quando estava hospitalizado ou, pelo menos, um nível adequado, para poder manter numa boa qualidade de saúde e prevenir internamentos, reinternamentos e complicações decorrentes da sua doença, que são preveníveis numa grande percentagem de casos”, defendeu Ana Timóteo.



Enfermeiros são "pedra basilar"

Manuel Belo Costa, coordenador do Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da SPC, considera que os enfermeiros acabam por ser a “pedra basilar” de todo o Sistema Nacional de Saúde, tanto a nível de cuidados de saúde primários como a nível hospitalar, nas suas diversas vertentes, em diferentes áreas.

“A nível dos internamentos e nas unidades de cuidados intensivos, são os enfermeiros que servem de ponte entre tudo o que se passa com o doente e a informação que é transmitida aos médicos e à família”, frisou o enfermeiro, acrescentando que, no seu ponto de vista, à semelhança do que acontece noutras áreas, também na IC o enfermeiro é essencial na planificação dos cuidados e na educação para a saúde que é necessária.

Associação de apoio aos doentes com insuficiência cardíaca

Durante a reunião, foi apresentada a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC), que está em vias de ser constituída, por iniciativa de um grupo de doentes portadores da síndrome. Para Cândida Fonseca, esta Associação faz todo o sentido: “É importante que os nossos doentes, familiares e cuidadores tenham a devida informação sobre a doença, a sua evolução, como se trata e onde podem recorrer, tarefas habitualmente bem assumidas pelas associações de doentes.”




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