USF São Vicente vai discutir «mitos, tabus e questões difíceis em cuidados de saúde primários»
"Sem dúvida que ainda existem temas que são tabu, principalmente na área da sexualidade. Alguns utentes ainda se inibem muito de abordar e questionar estes temas", afirma Diana Isidro, interna de Medicina Geral e Familiar da USF São Vicente e membro da Comissão Organizadora das II Jornadas que esta unidade de saúde vai organizar nos dias 3 e 4 de novembro, em parceria com o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa (CHTS).
Contudo, na sua opinião, "também muitos profissionais de saúde não se sentem confiantes para abordar certos temas. E não só nesta área, mas por vezes em áreas como a diabetes, onde surgem terapêuticas novas que muitos médicos se mostram renitentes em usar". Desta forma, Diana Isidro esclarece que o "grande objetivo destas jornadas é precisamente contribuir para mudar este paradigma".
Referenciação: Transmitir confiança aos utentes
Apesar de algum inibição que, por vezes, possa existir na discussão de certas questões com o médico de família, é certamente no âmbito dos cuidados primários que os utentes sentem maior confiança para explicar os seus problemas e expôr as suas dúvidas. Diana Isidro faz inclusive questão de recordar que "o médico de família é perfeitamente capaz de abordar muitas temáticas de forma correta e criteriosa ao nível dos cuidados de saúde primários".
Por outro lado, é também da sua responsabilidade "reconhecer o momento em que os utentes beneficiam da referenciação para os cuidados de saúde secundários". Assim, "pela proximidade do médico de família aos utentes, este deve informar os utentes dos excelentes profissionais que irão encontrar a nível hospitalar e com quem poderão contar para a sua abordagem terapêutica".
Acrescenta ainda: "Temos o privilégio de apresentar uma excelente colaboração com o CHTS, quer na organização deste evento quer no apoio pelas várias especialidades hospitalares".

Elementos da Equipa da USF São Vicente.
Sexualidade e Oncologia
Relativamente às questões “mais difíceis” de abordar por parte do profissional de saúde, é de opinião que "são comuns às dos doentes. Prendem-se na maioria das vezes com a sexualidade, e na área oncológica". Acrescenta ainda que "os utentes ainda temem muito a palavra cancro e por isso muitas vezes evitam de falar". Já o processo de comunicação de más noticias "é complexo, mas com sensibilidade e clareza os utentes acabam por compreender e aceitar".
Disfunções no homem e na mulher
O programa contempla a realização de uma mesa redonda onde o foco está relacionado com as disfunções sexuais femininas e masculinas. "Da minha pequena experiência penso que os homens abordam esta questão de forma mais espontânea e mais frequentemente do que as mulheres", afirma Diana Isidro.
Na sua opinião, "infelizmente, muitas mulheres não procuram viver uma sexualidade plenamente satisfatória. Talvez ainda permaneça a ideia cultural que se o homem conseguir ter prazer então a mulher deverá ficar satisfeita com isso. É uma ideia contra a qual nos debatemos diariamente."
Destaca ainda o facto de já ter tido "oportunidade de experienciar os dois ambientes, urbano e rural", o que a leva a concluir que "a questão é um tabu maior nos meios mais rurais".
Subordinada ao lema "Mitos, Tabus e questões difíceis em cuidados de saúde primários", a reunião conta com a participação de oradores dos centros hospitalares de São João, Vila Nova de Gaia/Espinho, do Hospital Pedro Hispano e da Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas (APTF), além do proprio CHTS.
O evento, que decorrerá em Entre-os-Rios, nas instalações do Inatel - Quinta da Torre, tem como destinatários "todos os profissionais de saúde, desde médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, nutricionistas, secretárias clínicas, etc, portanto todos os profissionais são bem-vindos".
O programa pode ser consultado aqui.
A inscrição (gratuita) pode ser efetuada através do email sfap@chts.min-saude.pt.
Para outras informações: iijornadasusfsaovicente@gmail.com


