Saúde Mental: «a maior preocupação na área dos cuidados à infância e adolescência»

Maria do Céu Machado, diretora do Departamento de Pediatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte e professora da FMUL, defendeu, numa conferência sobre “Diferentes perspetivas da doença crónica”, que a Saúde Mental deve estar no centro das preocupações na prestação de cuidados à infância e à adolescência, até porque se trata de um problema crescente. Em simultâneo, considerou “urgente uma estratégia na área dos cuidados continuados”.



Segundo a pediatra, que abordou o tema da “gestão da doença crónica nas crianças e jovens – uma perspetiva do presente e futuro", no âmbito da XI Conferência da Indústria Farmacêutica, promovida pela MSD/Diário Económico, uma doença mental que surja na infância e adolescência sem um tratamento adequado vai permanecer na fase adulta.

“Não temos uma organização de serviços de Psiquiatria da infância e da adolescência como deveríamos ter em Portugal”, referiu, acrescentando que são muito poucos os médicos especializados em Psiquiatria para esta faixa etária, como também “é mínimo” o espaço de internamento. Existe uma dezena de camas no Hospital Dona Estefânia para toda a área de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

Para Maria do Céu Machado, a escassez de profissionais e de internamento leva, por vezes, a uma situação perversa. “Quando um adolescente é referenciado para uma consulta, a prioridade vai para os casos mais graves e os casos ligeiros acabam por ser recusados. Ora, os ligeiros eram os que, a longo prazo, podiam ser tratados de forma a não terem problemas futuros. Não podemos continuar a descurar os casos ligeiros”, argumentou.



A gestão da doença crónica nas crianças e jovens enfrenta ainda outros problemas. Um dos que mais preocupam os médicos é a deficiente articulação entre os cuidados primários e os hospitalares e entre as próprias especialidades. Uma situação que origina “muito desperdício” e que se traduz na repetição de exames e consultas e, consequentemente, em perdas de dias de trabalho e de aulas.

Não só a médica entende que seria necessária a figura de um gestor do doente como seria benéfico o incentivo à gestão por equipas multidisciplinares, capazes de cuidar da doença e do estado social e emocional. Ou seja, um médico (gestor), médicos das especialidades em questão e apoio por enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais e envolvimento da criança/adolescente e família.

Segundo Maria do Céu Machado, a asma está no topo das doenças crónicas, seguida de outras doenças respiratórias, obesidade, diabetes e doença inflamatória intestinal. Na área da deficiência, estão as doenças neurológicas e a epilepsia.

A XI Conferência da Indústria Farmacêutica foi presidida por João Lobo Antunes, professor emérito da FMUL, tendo a sessão de abertura incluído, nomeadamente, a intervenção de Vítor Virgínia, diretor-geral da MSD Portugal.



Frank Lichtenberg, professor de Gestão da Columbia University Graduate School of Business, e George Weisz, professor de História da Medicina da McGill University, foram dois dos oradores convidados.



Podem ser consultadas mais fotos da conferência AQUI.

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