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Risco cardiovascular em Guimarães e Vizela origina tese de doutoramento do internista Pedro Cunha

Pedro Guimarães Cunha, assistente hospitalar do Serviço de Medicina Interna do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães, concluiu, com distinção, o seu doutoramento. A tese, intitulada “Study to determine the cardiovascular risk of the population of Guimarães/Vizela, including the prevalence of arterial stiffness and early vascular aging syndrome", resulta de um trabalho iniciado há já alguns anos.

Em declarações à Just News, o internista, que presidiu ao último Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, explica que o trabalho que deu origem à sua tese de doutoramento foi iniciado pelo Serviço de Medicina Interna do Hospital de Guimarães, em conjunto com o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, ainda antes de pensar em qualquer evolução para titulação académica.

“Há muito que sentíamos a necessidade de estabelecer um trabalho de avaliação do risco cardiovascular da região que servimos, nas cidades de Guimarães e Vizela. Por isso, decidimos estruturar um estudo que nos permitisse avaliar uma amostra aleatória da população adulta destas duas cidades, no que diz respeito ao risco cardiovascular”, refere o especialista em Medicina Interna.

Segundo Pedro Guimarães Cunha, adotou-se uma metodologia que permitisse a transposição para a investigação científica dos conceitos utilizados no dia a dia, na prática clínica, “especialmente no que diz respeito ao rigor e diagnóstico da existência de determinados fatores de risco cardiovascular”.

“Avaliámos cada sujeito duas vezes e atribuímos-lhe uma determinada característica fenotípica de risco cardiovascular apenas quando ela era confirmada em duas visitas consecutivas separadas no tempo”, menciona, acrescentando que isso permitiu traçar uma imagem de base mais rigorosa relativamente aos diferentes fatores de risco cardiovascular.

Por outro lado, decidiu-se também que no mesmo estudo seriam avaliados novos marcadores vasculares de estratificação do risco para desenvolvimento de doença cardiovascular fatal e não fatal, como a velocidade de onda de pulso e a pressão arterial central.

Uma das conclusões foi que a prevalência dos diferentes fatores de risco é elevada e a que a existência de sinais significativos de lesão da parede arterial com o acrescido risco cardiovascular inerente é significativamente maior do que aquilo que seria expectável.



Concluiu-se, ainda, que a população de Guimarães e Vizela, em especial os adultos jovens (com menos de 40 anos), apresenta sinais significativos de aceleramento do seu normal processo de envelhecimento arterial. Ora, segundo Pedro Guimarães Cunha, isto, por um lado, coloca-os, provavelmente, em risco acrescido de, no futuro, virem a ter eventos cardiovasculares. Também poderá facilitar a identificação precoce de sujeitos que, ainda não tendo desenvolvido doença cardiovascular, possam estar a tempo de usufruir de uma intervenção que lhes valha uma redução desse risco.


Pedro Guimarães Cunha faz questão de salientar que a sua tese de doutoramento foi “um trabalho de equipa de mais de 80 investigadores (entre os médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde) de 17 instituições clínicas diferentes que, durante mais de dois anos e meio, fizeram um trabalho de campo notável”.



O júri, presidido por Cecília Leão, da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, foi constituído por Jorge Polónia (FMUP), Manuel Teixeira Veríssimo (FMUC), Braz Nogueira (FMUL), Pedro Oliveira (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto), Nuno Sousa (Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho) e Jorge Cotter, diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães, que foi o orientador da tese.




Nascido em março de 1974, Pedro Guimarães Cunha licenciou-se no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, em julho de 1998. É especialista e assistente hospitalar em Medicina Interna desde julho de 2006, no Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães, pertencendo ao staff médico da Consulta de Doenças Autoimunes desde 2003.

Além de coordenar a Consulta de Hipertensão e Doenças Renais do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Guimarães (Centro de Excelência da Sociedade Europeia de Hipertensão) e a Via Verde do Acidente Vascular Cerebral da mesma unidade hospitalar, Pedro Guimarães Cunha é ainda investigador do Instituto para Investigação das Ciências da Vida e da Saúde/3B’s, da Universidade do Minho.

É especialista europeu em Hipertensão Arterial, pela Sociedade Europeia de Hipertensão, officer do Working Group on Hypertension and the Brain da Sociedade Europeia de Hipertensão (desde junho de 2014), secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Hipertensão e vogal da Direção do Colégio da Especialidade de Medicina Interna desde março de 2015.

Atualmente, é ainda preletor convidado e tutor clínico do Curso Médico da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, desde 2003. Foi preletor convidado em 45 eventos científicos nacionais e internacionais e apresentou, como autor e coautor, mais de 90 comunicações em congressos nacionais e internacionais.






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