Reabilitação Cardíaca: Grupo de trabalho junta Fisiatria e Cardiologia
O esforço conjunto de fisiatras e cardiologistas no grupo de trabalho criado para a definição dos critérios dos programas de Reabilitação Cardíaca foi destacado por Catarina Aguiar Branco na sessão de abertura do XVIII Congresso da SPMFR, em Coimbra. A presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação mostrou-se satisfeita com esta relação “profícua, do ponto de vista técnico-científico”, com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC)”.
O grupo de trabalho foi criado, por Despacho do Ministério da Saúde, em setembro de 2017 e tem como objetivo a definição dos critérios a observar nos programas de Reabilitação Cardíaca, assim como a escolha e acompanhamento dos projetos-piloto. Para Catarina Aguiar Branco, o empenho da SPMFR e da SPC é fundamental.
“Portugal tem das taxas mais baixas de doentes incluídos nestes programas, são apenas 8% os que após enfarte agudo do miocárdio podem iniciar a reabilitação, apesar de estar provado que otimiza a recuperação e que diminui a probabilidade de novos eventos”, referiu.
Além da SPMFR, representada por Catarina Aguiar Branco, e da SPC, na pessoa do cardiologista Miguel Mendes, o grupo de trabalho conta com outros elementos das ARS e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), terminando o seu mandato no final de 2018.
Cátia Duarte (Sociedade Portuguesa de Reumatologia), Rui Baptista (SPC), Paulo Moura, João Páscoa Pinheiro, Catarina Aguiar Branco, Paula Amorim, Renato Nunes (vice-presidente da SPMFR), Pedro Cantista (membro da Comissão Executiva da European Society of Physical and Rehabilitation Medicine), José Manuel Correia e Mário Ruivo
A sessão de abertura do XVIII Congresso de SPMFR, realizada na última sexta-feira, ficou marcada pelo facto de ter contado com a participação de associações de outras áreas profissionais: Fisioterapia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e Enfermagem de Reabilitação. Nas palavras de Catarina Aguiar Branco, são “todos aqueles que têm como foco o doente/utente que precisa de cuidados de reabilitação”.
A mesma mensagem foi transmitida pelo representante do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros. José Manuel Correia disse que “o mais importante é que nos centremos nas necessidades dos cidadãos, que são muito maiores em comparação com o que podemos oferecer”.
Aquele enfermeiro acrescentou ainda que se deve pensar “verdadeiramente como equipa, como forma de se rentabilizar o saber de cada grupo profissional”.
Entretanto, João Páscoa Pinheiro, presidente da Comissão Científica do Congresso, realçou o facto de a Fisiatria ser “uma especialidade que tem uma dimensão transversal do conhecimento”, com importante relevância para os cidadãos. “A sociedade precisa cada vez mais de nós fisiatras porque a Medicina vai além do diagnóstico etiopatogénico das doenças, intervindo também nas consequências das mesmas”, afirmou.
Paulo Moura, subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra para a área do Ensino e da Formação, foi outro dos convidados presentes na sessão, tendo deixado um alerta: “O que existe em formação pré-graduada é ainda insuficiente para o que é esta especialidade em todos os níveis.”
E acrescentou: “O papel da MFR na recuperação de danos é essencial, logo esta área tem de ter um papel cada vez mais central na formação médica, mesmo que nem todos venham a ser especialistas.”
Em representação do secretário de Estado adjunto e da Saúde, o vogal da ARS Centro, Mário Ruivo, enalteceu o papel dos fisiatras na melhoria da qualidade de vida: “Num mundo mais envelhecido, a MFR assume relevância particular, vivemos mais tempo, mas queremos também viver melhor.”
Outra figura de relevo que passou pelo Congresso, numa mesa sobre “MFR como área de especialidade médica e como área da saúde”, foi o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que relembrou que “Portugal tem 652 médicos fisiatras inscritos na OM, sendo que 352 estão no SNS e, destes, 143 são médicos em formação”. Para o representante da classe médica, “a MFR é uma especialidade no seu pleno direito, com um excelente plano formativo e uma importância capital na saúde e que é cada vez mais necessária”.
Miguel Guimarães frisou ainda, na sua intervenção, a necessidade de existir uma maior aposta nos cuidados de saúde primários, com a presença destes especialistas de MFR.