Reabilitação cardíaca e a «importância estratégica» dos cuidados primários
O estabelecimento de pontes com os cuidados de saúde primários pode ser de uma “importância estratégica fundamental” na prescrição de exercício e da atividade física, refere José Paulo Fontes, coordenador do Grupo de Estudo de Fisiopatologia do Esforço e Reabilitação Cardíaca (GEFERC) da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
Em declarações à Just News, o cardiologista do Hospital de Vila Real/Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro recorda que esta foi precisamente uma das temáticas em debate na última reunião do GEFERC: "A importância da prescrição de exercício terapêutico em cuidados de saúde primários".
Segundo o nosso entrevistado, esta ligação com os cuidados primários é relevante "quer no combate ao sedentarismo, quer na intervenção em alguns doentes selecionados em prevenção secundária, em articulação com as unidades de reabilitação próximas e de referência”.
“Viver com Saúde 2019” foi o tema da última reunião do GEFERC, que teve lugar em Coimbra
Entre outras temáticas, na reunião falou-se também da importância da prova de esforço. Relativamente a esta matéria, José Paulo Fontes afirma: “Com o desenvolvimento de algumas técnicas de imagem para estudo de isquemia, a prova de esforço tem sido desvalorizada, mas é realmente muito importante falar nas provas de esforço”.
O especialista salienta o seu papel “não só na estratificação de risco e estudo de isquemia, mas como valor único da avaliação funcional do doente, na orientação e avaliação da prescrição do exercício terapêutico e na quantificação de ganhos obtidos em saúde e qualidade de vida”.
Os temas em debate na reunião foram escolhidos pela “relevância clínica ou prática, tendo em conta o estado da arte e as boas práticas".
Envolver os vários profissionais na "uniformização de procedimentos"
José Paulo Fontes frisa que, apesar de ser uma reunião organizada pela Cardiologia, é aberta a médicos de outras especialidades e outros profissionais de saúde, "obtendo o melhor do conhecimento de cada um".
E lembra que tem também como objetivo ser “um ponto de encontro dos vários profissionais envolvidos no esforço ou exercício terapêutico, com troca de experiências, discussão de temas e abordagem de intervenções, bem como a uniformização de procedimentos”.
“Quando termina uma reunião, é muito importante fazermos uma autoavaliação e ponderar o balanço entre as expectativas e o resultado obtido. A coordenação atual do Grupo, sendo exigente e empreendedora, é algo inconformada e pretende sempre ir mais além, reconhecendo assim alguns aspetos a melhorar”, menciona.
José Paulo Fontes (ao centro) com os restantes elementos do GEFERC: Madalena Teixeira e Hélder Dores
No entanto, acrescenta, “é com satisfação que consideramos esta reunião uma aposta ganha, e o balanço parece-me muito positivo”. Além de uma "participação ativa nos momentos socioculturais e lúdicos extraprograma", José Paulo Fontes sublinha que o evento contou com uma "audiência permanente de cerca de 150 participantes durante as palestras".