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Programa de hipertensão da USF Santa Joana: «melhorar cuidados de diagnóstico e tratamento»

Por estarem mais próximos da população, os cuidados de saúde primários têm um importante papel no que respeita à prevenção e controlo da hipertensão arterial (HTA). A Unidade de Saúde Familiar (USF) Santa Joana, em Aveiro, coordenada por José Carlos Marinho, tem um Programa de HTA, com uma consulta organizada, que visa melhorar os cuidados de diagnóstico e tratamento dos hipertensos. Os profissionais estão empenhados e os resultados são bastante positivos.

Em entrevista à Just News, Maria João Marques, especialista em MGF e responsável pelo Programa, explica que faz todo o sentido existir uma consulta de HTA organizada nas diferentes unidades, com o objetivo de se efetuar uma "intervenção diferenciada", de modo a melhorar o perfil do risco cardiovascular global do utente como um todo.

“O Programa de Hipertensão da USF foi criado em 2008, aquando da criação da unidade, e visa melhorar os cuidados de diagnóstico e tratamento da HTA dos nossos doentes", refere Maria João Marques, sublinhando que "integra desde os assuntos organizacionais da própria consulta – de forma a podermos disponibilizar os melhores cuidados possíveis –, até às questões clínicas, no que respeita à orientação de normas de diagnóstico e tratamento”.



Educar para a saúde

“Cerca de 20% da população da USF tem diagnóstico de HTA, o que corresponde a uma média de 2300 utentes”, referiu Eliana Bonifácio, interna do último ano do Internato Complementar de MGF e membro da Coordenação do Núcleo de Internos da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (NISPH).

“A HTA tem um importante impacto na saúde pública e, cada vez mais, temos consciência de que o diagnóstico e acompanhamento precoces são fundamentais”, observa, acrescentando que “uma consulta estruturada de HTA é, sem dúvida, importante, porque permite sistematizar condutas, de forma a prevenirmos ou minimizarmos os riscos das doenças CV”.

A adesão ao tratamento não é fácil e, segundo Eliana Bonifácio, a adoção de um estilo de vida saudável é algo ainda mais complicado e uma batalha diária para médicos e enfermeiros.

Evitar o aparecimento de outras patologias

Sandra Madail, enfermeira responsável pelo Programa de HTA, considera que esta consulta é benéfica para os doentes e afirma, até, que se existisse uma consulta de pré-HTA melhor seria. “Atuando a nível da prevenção, podemos evitar o aparecimento de patologias complicadas e de HTA de difícil controlo.”

O papel da enfermagem nesta consulta é, tal como explica, motivar e incentivar os doentes a aderir às medidas farmacológicas e às não farmacológicas, como a alimentação e o exercício físico.

“Gosto desta área pela questão da motivação do doente. Apesar de ser um trabalho penoso e, às vezes, até um pouco frustrante, acho que vamos conseguindo, cada vez mais, ter os nossos hipertensos mais e melhor controlados”, conclui.



"É complicado passar a mensagem"

“O nosso trabalho passa por procurar, sensibilizar e vender a ideia de que a doença pode não doer e não causar sintomas imediatos, mas que tal não significa que não seja importante e a maior causa de morte no nosso país”, menciona José Carlos Marinho, coordenador da USF e membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.

E desenvolve: “Toda a doença crónica é difícil. É complicado passar a mensagem, sobretudo se a patologia não causa sintomas que façam com que as pessoas a valorizem de imediato.”

O coordenador da USF Santa Joana afirma-se satisfeito com a sua equipa e com os resultados do Programa de HTA. A unidade presta serviços a 11.403 utentes, dos quais 2313 são hipertensos, 55,1% do sexo feminino e 55,9% têm mais de 65 anos. “De acordo com os indicadores, temos cerca de 73% de hipertensos vigiados em consulta efetiva, até setembro de 2015.

Até esta data, 60% dos indivíduos atingiram o parâmetro de controlo contratualizado, com o qual não concordamos, de um valor de PA de 150/90. Temos ainda um indicador complexo que é o de acompanhamento adequado, de 62%, que consideramos ser bom”, indica, terminando estar “orgulhoso” de liderar esta equipa.



A reportagem completa pode ser lida no Jornal Médico de dezembro.

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