Cepheid Talks

Prevenção de quedas no HFF: utentes de alto risco sinalizados com pulseira roxa

O risco de quedas dos utentes adultos internados no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (HFF) é avaliado durante as primeiras doze horas de internamento através da escala de Morse. As pessoas consideradas de alto risco são sinalizadas com uma pulseira roxa colocada ao lado da pulseira de identificação. Se não houver intercorrências, os utentes são reavaliados a cada sete dias.

Esta é uma das medidas adotadas pelo Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas do hospital – coordenado por Ana Fontainhas, enfermeira responsável do Hospital de Dia de Medicina e Especialidades Médicas –, com o objetivo de aumentar a segurança dos utentes, uma das preocupações prioritárias dos sistemas de controlo da qualidade em saúde.


Para que os utentes e seus familiares percebam a razão da pulseira roxa, o Grupo criou um poster, afixado nas enfermarias, no qual explica o que significa um score de alto risco e as possíveis consequências.



No internamento, recebem também um guia de acolhimento sobre prevenção de quedas com conselhos relativos à roupa e calçado adequados e cuidados a ter no quarto/enfermaria ou na casa de banho, nomeadamente durante a marcha.

As quedas de utentes nos hospitais “são eventos com causas individuais ou ambientais com um elevado impacto biopsicossocial, devido à morbilidade e mortalidade (por alterações da funcionalidade global, podendo causar alteração dos padrões de postura e de equilíbrio e, posteriormente, mais vulnerabilidade a quedas ou por medo de voltar a cair), que resultam, em última instância, no aumento dos custos com cuidados de saúde”, refere Ana Fontainhas.

“A diferença entre o ambiente hospitalar e o doméstico gera alterações de espaço e organização do indivíduo, que podem representar uma grande mudança, principalmente para os utentes mais idosos ou com maior dificuldade de ajustamento a alterações desse ambiente”, sublinha a enfermeira. Por outro lado, “por vezes, o internamento torna as pessoas, sobretudo as mais idosas, um pouco mais dependentes do que já eram no domicílio, em virtude da imobilidade”.


Ana Fontainhas

Atento a todas estas questões, o Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas do HFF está, neste momento, a preparar outro folheto sobre exercícios de fortalecimento muscular para o utente realizar no leito/enfermaria, quando é semidependente ou independente. O objetivo é “capacitar os utentes para trabalhar a massa muscular e amplitude articular, para que pelo menos mantenham a capacidade funcional prévia ao internamento”.

O Sistema de Notificação de Ocorrências do HFF, associado à Gestão do Risco, “constitui uma fonte de análise valiosa”, diz Ana Fontainhas, tanto mais que, apesar dos registos terem sido padronizados para se poderem comparar dados entre hospitais, “mantivemos o nosso sistema de notificação, mais completo, que nos permite extrair mais informação”.

Com base nos dados recolhidos desde 2009, verifica-se que “a maior incidência de quedas ocorre nas faixas etárias superiores a 70 anos e que a maioria dos doentes que caíram encontrava-se polimedicada”.


Ana Fontainhas com Raquel Cunha, elemento do Grupo e enfermeira responsável do Serviço de Neurologia

Maioria das quedas ocorre durante a manhã

Os locais onde ocorrem mais quedas são o quarto/enfermaria (64%), os corredores (11%) e as instalações sanitárias (9%). O Grupo realizou um estudo para tentar perceber o impacto que a passagem de turnos poderia ter neste domínio, mas, segundo Ana Fontainhas, os resultados revelaram que as quedas ocorriam sobretudo durante o período da manhã:

“Os utentes, depois de uma noite no leito, tentam levantar-se sozinhos e acaba por ocorrer a queda, não nos mais dependentes, mas naqueles que não têm consciência das suas limitações e que tentam fazer as coisas sozinhos.”

As quedas são a ocorrência mais reportada no hospital, sobretudo no Departamento de Medicina, “onde as idades dos utentes são muito mais avançadas, bem como as patologias associadas e os défices”, mas, na sua globalidade, “o grau de severidade das lesões resultantes de quedas tem vindo a diminuir”.



A formação dos profissionais é essencial, refere Ana Fontainhas, esclarecendo: “Normalmente decorre no anfiteatro do hospital mas, este ano, realizámos formação em sala dirigida aos chefes de serviço e aos dinamizadores da qualidade e segurança. A ideia é que sejam eles próprios a replicá-la nos respetivos serviços, dando aos profissionais maior responsabilidade neste domínio.”

O próximo projeto visa o envolvimento dos agrupamentos de centros de saúde (ACES) da área de influência do hospital. O objetivo é “perceber quais são as necessidades dos nossos colegas dos cuidados de saúde primários e os indicadores de risco do doente, não só quando é internado no hospital, mas sobretudo quando tem alta e regressa ao domicílio”.

Criado em 1998, pela Direção de Enfermagem, o Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas do HFF, inserido no Serviço de Qualidade e Segurança, é constituído por uma equipa multidisciplinar que integra enfermeiros dos departamentos de Medicina, Cirurgia e Pediatria, com especialidade em Reabilitação, uma fisiatra, um terapeuta ocupacional, uma fisioterapeuta e um técnico superior do Serviço da Qualidade.





A reportagem pode ser lida na edição de outubro do Hospital Público.

seg.
ter.
qua.
qui.
sex.
sáb.
dom.

Digite o termo que deseja pesquisar no campo abaixo:

Eventos do dia 24/12/2017:

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda