Portugal não tem uma rede de espirometria eficaz

De acordo com Ana Raquel Figueiredo, médica de família da USF Citânia (ACES Vale de Sousa Norte), o facto de não existir uma rede de espirometria eficaz em Portugal dá origem a um “subdiagnóstico” e “subtratamento“ dos doentes com DPOC.

Segundo a especialista, a acessibilidade à espirometria faz-se, dependendo da oferta local, através de centros de exames auxiliares de diagnóstico privados ou da referenciação para serviços hospitalares, o que implica tempos de espera elevados.

“Em 2008, foi criado o ‘Projeto de Criação de Unidades Operacionais de Espirometria’, enquadrado no âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, que consistia na articulação entre um serviço de Pneumologia e os centros de saúde afetos à sua área de influência, em Lisboa e no Porto”, avança.

Ana Raquel Figueiredo afirma que, neste estudo, demonstrou-se que a capacidade para diagnosticar DPOC foi elevada (29,8%), sendo particularmente eficaz no diagnóstico de estádios ligeiros e moderados (94%).

“Um dos objetivos do Plano Nacional de Doenças Respiratórias de 2012-2016 é aumentar em 30% a acessibilidade às espirometrias nos CSP. Parece, assim, imprescindível que as administrações regionais de saúde providenciem a dotação, por grupos de centros de saúde, de equipamento específico e pessoal habilitado para o efeito”.

Na opinião da médica, uma rede de espirometria envolvendo os CSP permite “melhorar a acessibilidade, aumentar o número de casos diagnosticados e favorecer a intervenção precoce na doença, a um custo reduzido, atendendo ao facto de que diagnósticos e terapêuticas precoces permitiriam evitar exacerbações e internamentos, com importantes ganhos em saúde e redução de custos”.



Notícia publicada na edição de dezembro do Jornal Médico (Dossier Respirar).

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